21 Julho 2017
Jesus contou outra parábola à multidão: «O Reino do Céu é como um homem que semeou boa semente no seu campo. Uma noite, quando todos dormiam, veio o inimigo dele, semeou joio no meio do trigo, e foi embora. Quando o trigo cresceu, e as espigas começaram a se formar, apareceu também o joio. Os empregados foram procurar o dono, e lhe disseram: "Senhor, não semeaste boa semente no teu campo? Donde veio então o joio?’. O dono respondeu: "Foi algum inimigo que fez isso’. Os empregados lhe perguntaram: "Queres que arranquemos o joio?’. O dono respondeu: "Não. Pode acontecer que, arrancando o joio, vocês arranquem também o trigo. Deixem crescer um e outro até a colheita. E no tempo da colheita direi aos ceifadores: arranquem primeiro o joio, e o amarrem em feixes para ser queimado. Depois recolham o trigo no meu celeiro!’».
E Jesus contou outra parábola: «O Reino do Céu é como uma semente de mostarda que um homem pega e semeia no seu campo. Embora ela seja a menor de todas as sementes, quando cresce, fica maior do que as outras plantas. E se torna uma árvore, de modo que os pássaros do céu vêm e fazem ninhos em seus ramos».
Jesus contou-lhes ainda outra parábola: «O Reino do Céu é como o fermento que uma mulher pega e mistura com três porções de farinha, até que tudo fique fermentado».
Tudo isso Jesus falava em parábolas às multidões. Nada lhes falava sem usar parábolas, para se cumprir o que foi dito pelo profeta: «Abrirei a boca para usar parábolas; vou proclamar coisas escondidas desde a criação do mundo».
Então Jesus deixou as multidões, e foi para casa. Os discípulos se aproximaram dele, e disseram: «Explica-nos a parábola do joio». Jesus respondeu: «Quem semeia a boa semente é o Filho do Homem. O campo é o mundo. A boa semente são os que pertencem ao Reino. O joio são os que pertencem ao Maligno. O inimigo que semeou o joio é o diabo. A colheita é o fim dos tempos. Os ceifadores são os anjos. Assim como o joio é recolhido e queimado no fogo, o mesmo também acontecerá no fim dos tempos: o Filho do Homem enviará os seus anjos, e eles recolherão todos os que levam os outros a pecar e os que praticam o mal, e depois os lançarão na fornalha de fogo. Aí eles vão chorar e ranger os dentes. Então os justos brilharão como o sol no Reino de seu Pai. Quem tem ouvidos, ouça».
Leitura do Evangelho segundo Mateus 13,24-43 (Correspondente ao 16º Domingo do Tempo Comum, ciclo A do Ano Litúrgico).
O comentário é de Ana Maria Casarotti, Missionária de Cristo Ressuscitado.
Na narrativa de hoje, Jesus continua usando parábolas para dar a conhecer o Reino de Deus. Desta forma responde as perguntas que aparecem nas comunidades dos primeiros cristãos para quem foi dirigido o Evangelho. As dificuldades eram muitas, as persecuções cresciam e isso gerava muitas perguntas e possivelmente dúvidas nos cristãos desse primeiro século.
Parábolas que ao longo de tantos séculos são uma resposta a essas perguntas que fazem parte do caminhar dos cristãos e das comunidades. Jesus usa parábolas para explicar a natureza do Reino, que não é possível definir porque está em contínuo movimento, não é fixo, se constrói continuamente.
Hoje Jesus apresenta algumas características desse Reino através das parábolas.
Na primeira parábola ele disse que “O Reino do Céu é como um homem que semeou boa semente no seu campo”. Podemos pensar que esse homem é Jesus que continuamente está plantando boa semente no seu campo. Esse campo lhe pertence e ele sabe que está preparado para acolher essa semente. Como bom semeador, sabe como deve ser atendida. É sua semente e o campo também.
Mas, “Uma noite, quando todos dormiam, veio o inimigo dele, semeou joio no meio do trigo, e foi embora”.
Este homem aparece durante a noite, quando tudo está escuro e ninguém pode vê-lo. As trevas eram geralmente consideradas dos espíritos maus e por isso o texto explica que o joio é semeado durante a noite. Nesse momento aparece o joio, mas Jesus não permite que seja desenterrado. Porque “Pode acontecer que, arrancando o joio, vocês arranquem também o trigo. Deixem crescer um e outro até a colheita. E no tempo da colheita direi aos ceifadores: arranquem primeiro o joio, e o amarrem em feixes para ser queimado. Depois recolham o trigo no meu celeiro!”
Jesus é o dono da colheita, para ele não é problema que cresçam juntos. Ao contrário, nossas determinações podem estar erradas, e podemos acabar perdendo a boa semente! Há uma tentação dos cristãos e das comunidades em decidir pela sua conta quem são boas pessoas e quem são más pessoas: os “bons” e os “maus”.
No texto de hoje, convida-nos a pensar que na nossa vida também há joio que tenta escurecer o trigo que foi semeado. Esse joio semeado pelo inimigo da boa semente tenta atuar durante a noite quando surgem momentos da escuridão que podem ser desconhecidos até por nós mesmos, emerge desejo de justiça, como se fôssemos donos da verdade, do perfeito, daquilo que deve ser realizado. “Os outros” estão errados e procuramos arrancá-los sem considerar o possível trigo que está crescendo ao seu lado. Assim tendemos a censurar, condenar, julgamos como se fôssemos portadores de uma verdade absoluta.
Em cada um de nós existe essa noite onde o joio é espargido seja no nosso interior, na nossa história, seja na vida daqueles que nos rodeiam. Esta parábola convida-nos a não ser juízes e a saber conviver com o diferente e não ser cristãos que procuram impôr sua fé às pessoas.
Voltando ao texto, Jesus usa o exemplo de um grão de mostarda e o fermento como representação do Reino. O grão de mostarda é uma semente muito pequena, quase insignificante, mas escolhe “morrer na terra para dar fruto abundante”.
A levedura deve ser misturada com farinha, água, deve “entregar-se” à vontade dos outros para ser transformada em pão e ser assim alimento para os outros.
Para ser pão temos que ser como o fermento que desaparece porque se deixa misturar com a farinha ou como o grão de mostarda que se transforma numa árvore. Peçamos ao Espírito que sejamos sempre dóceis à sua voz e para assim nos transformar naquilo que serve e ser alimento para aqueles e aquelas que estão famintos e procuram o pão!
O Agora Novo
“Sem saber como” (Mc 4,27),
se gesta a vida nova
no grão de trigo.
Um muro de Berlim,
tão furado pelas balas,
tão manchado pelo sangue,
um dia se converte
em brinquedo de crianças,
“sem saber como”.
Todos querem apoderar-se
da espiga madura.
poucos querem enterrar-se
como grão de trigo
onde se forma o futuro
“sem saber como”.
Todos se lançam às ruas
com danças e bandeiras
quando a liberdade explode.
poucos se escondem vivos
na escuridão clandestina
onde se busca às apalpadelas
“sem saber como”.
Todos sonham com o Reino,
prometem-no, pintam-no, e cantam-no.
poucos o alimentam
no gérmen diminuto
de intuições e de insônias
sem horários e sem pagamento
onde começa trêmulo
“sem saber como”.
Benjamin Gonzalez Buelta
O inimigo a semear. 1540. Pintura no Altar de Mömpelgarder, atualmente em Viena.
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O Reino de Deus se constrói a cada dia - Instituto Humanitas Unisinos - IHU