15 Setembro 2015
Partindo daí Jesus e seus discípulos atravessavam a Galileia. Jesus não queria que ninguém soubesse onde ele estava, porque estava ensinando seus discípulos. E dizia-lhes: «O Filho do Homem vai ser entregue na mão dos homens, e eles o matarão. Mas, quando estiver morto, depois de três dias ele ressuscitará.» Mas os discípulos não compreendiam o que Jesus estava dizendo, e tinham medo de fazer perguntas.
Quando chegaram à cidade de Cafarnaum e estavam em casa, Jesus perguntou aos discípulos: «Sobre o que vocês estavam discutindo no caminho?» Os discípulos ficaram calados, pois no caminho tinham discutido sobre qual deles era o maior. Então Jesus se sentou, chamou os Doze e disse: «Se alguém quer ser o primeiro, deverá ser o último, e ser aquele que serve a todos.» Depois Jesus pegou uma criança e colocou-a no meio deles.
Abraçou a criança e disse: «Quem receber em meu nome uma destas crianças, estará recebendo a mim. E quem me receber, não estará recebendo a mim, mas àquele que me enviou.»
(Correspondente ao 25º domingo comum, do ciclo B do Ano Litúrgico). O comentário é elaborado Por María Cristina Giani, Missionária de Cristo Ressuscitado.
O evangelho deste domingo inicia apresentando a Jesus ensinando a seus discípulos/as enquanto caminham, atravessando a Galileia, lugar onde desenvolveu sua atividade missionária. Está indo a caminho de Jerusalém onde o aguarda a Cruz.
Jesus tenta uma vez mais instruir seus discípulos de que o seguimento dele é passando pela Cruz. O conteúdo deste texto é o segundo anúncio da paixão. O evangelho de Marcos apresenta três anúncios da paixão, o que mostra a importância deste tema para a comunidade primitiva.
Mas nem sempre eles conseguem entender as palavras de Jesus como é o colocado hoje.
Jesus tem clara consciência do que lhe vai acontecer: "O Filho do Homem vai ser entregue na mão dos homens, e eles o matarão. Mas, quando estiver morto, depois de três dias ele ressuscitará".
Os discípulos continuam sem entender o anúncio que Jesus faz de sua morte e ressurreição, mas o medo cultural lhes impede de perguntar ao seu Mestre.
Diante de diferentes situações ou realidades que vivemos, às vezes nos surgem perguntas que não nos animamos dirigir a Jesus. Por quê?
Talvez porque, assim como os primeiros discípulos e discípulas, não compreendemos que nosso Deus é aquele que assumiu a fraqueza de nossa humanidade com suas limitações e sofrimentos.
De modo que nada de que nos acontece lhe é indiferente e menos alheio, porque Ele é o Deus conosco, presente no meio de nossa frágil história humana.
A discussão dos discípulos no caminho, sobre quem deles era o maior, manifesta que nada tinham compreendido das palavras de Jesus. Na relação entre eles continuam na busca do domínio e do poder. Lembremos que naquela cultura o status de uma pessoa era muito importante.
Jesus os conhece e por isso “explica com toda claridade”, uma vez mais, qual é sua proposta de vida.
O detalhe de Marcos ao nos dizer que, depois de estar na casa, Jesus se sentou e chamou aos doze nos permite imaginar a cena de um encontro privado com os seus mais próximos.
E ali Jesus começa a dar orientações fundamentais para os discípulos.
Num primeiro momento ele tenta explicar uma vez mais: "Se alguém quer ser o primeiro, deverá ser o último, e ser aquele que serve a todos". O caminho para ser maior é oposto ao que pensavam os discípulos e os de sua época!
Para entender a segunda sentença temos que ter presente que na época de Jesus as crianças eram criaturas insignificantes, não tinham condições de participar da vida social nem religiosa. Eles eram os marginalizados da sociedade. Lembremos que os essênios, um grupo religioso muito estimado em Israel, não aceitavam as crianças.
Com seu gesto e suas palavras Jesus mostra-lhes que o serviço passa por acolher e cuidar aos desprezados, aqueles que muitas vezes eram considerados os servos e até escravos na sociedade.
A imagem de Jesus abraçando a criança não é só um gesto terno, porque as palavras que Jesus pronuncia apresentam uma mensagem diferente.
Abraçou a criança e disse: «Quem receber em meu nome uma destas crianças, estará recebendo a mim. E quem me receber, não estará recebendo a mim, mas aquele que me enviou».
Jesus identifica-se com a criança, com os pequenos da sociedade. Jesus anima a comunidade cristã a acolher essas pessoas em seu nome.
A novidade de Jesus e de sua comunidade está justamente em servir em primeiro lugar, aqueles que a sociedade por diferentes motivos despreza e deixa de lado.
Jesus é o menor de todos, pois se fez servo em sentido pleno: até dar sua própria vida. Então novamente o evangelista está colocando que ser discípulo, discípula é acolher a Jesus como o Messias servidor que enfrenta a morte para comunicar vida para todos.
É aceitar que o caminho do discípulo/a é como o caminho de seu Mestre. Seus discípulos "deverão" passar pela cruz, para chegar à ressurreição, pessoal e comunitária.
Estamos dispostos/as a viver o serviço como Jesus até as últimas conseqüências?
Servidor de todos
Fonte: http://bit.ly/1JbS7KF
Te foi dito:
Rodeia-te de triunfadores.
Para que tua vida seja um êxito
serve-te de todos.
Retém em tua memória
o nome do rico,
e anota o telefone
do rosto feminino
que sorri no concurso.
Forra as paredes de tua casa
com assinaturas de pintores
de prestígio e de dinheiro.
Enche tua boca
com os nomes
que ocupam o cenário
da glória escorregadia.
Faze-te vizinho, compadre,
de seu clube e seu partido.
que todas estas famas
te emprestem seu prestígio.
Fonte: http://bit.ly/1QhUCAp
Mas A Palavra diz:
Senta a tua mesa
os que não podem
convidar-te em sua casa
arrastada pelo rio,
e empresta sem enrugar a cara
ao que não pode devolver-te
teu dinheiro no prazo estipulado
porque as horas extras
se perderam no computador
da zona franca.
Haverão encontrado em ti
a resposta de deus
a sua angústia cotidiana.
e tu sentirás atravessar
algo de deus passando
pelo centro de ti mesmo
para chegar até o irmão.
Ao romper com este gesto
de gratuita proximidade
as leis e as cátedras
do investimento
bem calculado,
um manancial de eternidade
te chegará entre tuas pedras,
e fará de ti um servidor de todos,
cheio de graça e de sabor.
Benjamin González Buelta: Salmos para sentir e saborear internamente as coisas. Disponível em: http://bit.ly/1ihhc1c
Referências
CONCILIO VATICANO II. Constituição Dogmática "Gaudium et Spes". Petrópolis: Ed. Vozes, 1997.
DELORME, J. Leitura do Evangelho segundo Marcos. São Paulo: Paulinas, 1982.
GOEDERT, Valter Mauirício. Ele está no meio de nós: meditações pascais. São Paulo: Ed. Paulinas, 2003.
KONINGS, Johan. Espírito e mensagem da liturgia dominical. Porto Alegre: Escola Superior de Teologia, 1981.
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Evangelho segundo São Marcos 9,30-37 - Instituto Humanitas Unisinos - IHU