09 Fevereiro 2015
Um leproso chegou perto de Jesus e pediu de joelhos: «Se queres, tu tens o poder de me purificar.» Jesus ficou cheio de compaixão, estendeu a mão, tocou nele e disse: «Eu quero, fique purificado.» No mesmo instante a lepra desapareceu e o homem ficou purificado.
Então Jesus o mandou logo embora, ameaçando-o severamente: «Não conte nada para ninguém! Vá pedir ao sacerdote para examinar você, e depois ofereça pela sua purificação o sacrifício que Moisés ordenou, para que seja um testemunho para eles.» Mas o homem foi embora e começou a pregar muito e a espalhar a notícia.
Por isso, Jesus não podia mais entrar publicamente numa cidade: ele ficava fora, em lugares desertos. E de toda parte as pessoas iam procurá-lo.
(Correspondente ao 6º Domingo do Tempo Comum, ciclo B do Ano Litúrgico)
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Locutor: Gilberto Faggion
Nesta perícope de Marcos percebemos dois movimentos, o primeiro o do leproso à Jesus, e o segundo do Jesus ao leproso. Quando os autores dos dois movimentos se encontram, se produz o milagre!
Vamos agora a adentrar-nos no leproso, que no meio da sua dor tem a ousadia de se aproximar a Jesus. A lepra, em Israel, era um sofrimento duplamente cruel, por causa da doença em si e pela exclusão social e religiosa que a lei imponha.
Pelo qual quem tinham essa doença deviam abandonar suas casas.,família e ir morar fora da cidade, e não se aproximar de ninguém.
Mas este homem confiando em que Jesus poderia curá-lo, movido pela fé sai da sua marginalização e solidão e se atira aos pés do Senhor, pedindo-lhe: "Se queres, tu tens o poder de me purificar".
A atitude de este homem ensina-nos várias coisas. A primeira é que, reconhecendo sua doença, não se deixou consumir pela dor, popularmente diríamos "não baixou os braços". Foi mais forte nele o desejo de viver que ficar na passividade, esperando que a morte chegasse a visitá-lo. Em segundo lugar a esperança de encontrar em Jesus a cura da sua dor, lhe fez tirar forças de dentro, para ir ao seu encontro, sem lhe importar quebrar a lei que se lhe tinha imposto.
Hoje continuam existindo pessoas que sofrem de diferentes lepras físicas, afetivas, e continuam sendo excluídos de nossa sociedade. Por exemplo, os enfermos de aids, as prostitutas, os meninos e meninas de rua...além de sofrer a falta de saúde, a exploração, o abandono extremo, são considerados as manchas de uma sociedade "farisaicamente" pura.
Elas são convidadas, aceitando sua limitação a colocar sua esperança em Jesus e saindo de si mesmas, quebrando o fechamento que o mesmo sofrimento provoca e as fechaduras que a sociedade injustamente impõe, implorar: Senhor se queres podes curar-me!
Cada um/a de nós sofre sua lepra, com todas as conseqüências que isso traz, para iniciar o mesmo movimento do leproso à Jesus, que precisamos?
Agora vamos nos deter na pessoa de Jesus, a quem o leproso reconhece com poder, e a sua vez Marcos apresenta cheio de compaixão. Jesus é sensível à dor deste homem, antes de tocá-lo, podemos dizer que Ele se deixou tocar pelo sofrimento deste excluído que tinha nele colocado sua única esperança.
Três verbos mostram o movimento de amor de Jesus ao leproso: "estendeu a mão, tocou nele e disse..". Através de seus gestos e palavras põe de manifesto seu amor salvífico: "Eu quero, fique purificado".
É agora Jesus quem transgrede a lei, porque ela não permitia que ninguém toca-se a um leproso, só pena de ficar impuro. Para Ele é mais importante a saúde, a liberdade da pessoa que o cumprimento da lei. O amor faz de Jesus um homem livre, e seu amor liberta: "o homem ficou purificado".
Nossos gestos e palavras, são movidos pelo amor e por isso colaboram no processo de libertação de nossos irmãos, irmãs? Ou não?
Finalmente vamos refletir nos últimos dois pedidos que Jesus faz ao ex-leproso.
Porque lhe pede que não conte para ninguém? Este silencia que Jesus pede se conhece com o nome de segredo messiânico. Para entendê-lo, temos que saber que todo o evangelho de Marcos buscar responder a pergunta de "Quem é Jesus?".
O evangelho vai respondendo aos poucos, por meio de ações concretas. O retrato do Messias, só fica pronto no final, o seja com Jesus na cruz. Aí temos uma idéia exata de quem ele é, antes de isso a resposta é sempre parcial.
O fato de Jesus mandar o leproso curado se mostrar ao sacerdote pode ter dois sentidos. Naquele tempo, os sacerdotes eram os que deviam declarar sadio alguém que fora leproso. Seria, então o caso de confirmação da cura. E dessa maneira o homem fica reintegrado na vida social e religiosa.
Mas pode ter um sentido de denúncia, como se com isso Jesus estivesse dizendo às lideranças religiosas da época, muitas vezes comprometidas com a injustiça e a opressão do povo: vocês são incapazes de libertar um ser humano.
Mas o leproso curado não pode esconder sua felicidade, e comunica por todas partes a Boa Nova!
Unamo-nos a sua alegria, reconhecendo também nós todas as vezes que o Senhor com seu amor nos curou, nos libertou.
Salmo 83 (do livro Rezar os salmos hoje).
Morro de desejo de me encontrar contigo,
no lugar onde moras.
Sinto uma alegria imensa no coração,
ao me aproximar de ti, Senhor,
Deus vivo e poderoso.
Felizes os homens
que se apóiam na tua força,
que ansiosamente caminham para ti...
Vão caminhando cm vigor sempre renovado,
e chegarão a ver-te na tua cidade santa.
Senhor, Deus forte e poderoso,
ouve com atenção a minha prece!
Tu és nosso protetor.
Olha para teu povo,
que está diante de ti.
Feliz o homem que espera em Ti, Senhor!
Referências
BORTOLINI, José. Tire suas dúvidas sobre Bíblia. São Paulo: Paulus, 1997.
KONINGS, Johan. Espírito e mensagem da liturgia dominical. Porto Alegre: Escola estadual de Teologia, 1981.
MESTERS Carlos; TEXEIRA, Francisco. Rezar os salmos hoje. São Paulo: Livraria duas cidades, 1987.
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Evangelho segundo Marcos 1,40-45 - Instituto Humanitas Unisinos - IHU