Um padre africano chama a atenção para o aumento dos “missionários VIP” que pensam que são “muito importantes”

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07 Outubro 2018

“Os missionários que querem sentir o cheiro dos pobres são cada vez mais escassos” na África. Esta é a denúncia do padre Donald Zagore, sacerdote marfinense, que também fez um alerta para o crescimento no continente dos “missionários VIP, para quem trabalhar entre os pobres é um insulto à sua pessoa, porque são muito educados ou muito importantes”.

A reportagem é publicada por Religión Digital, 06-10-2018. A tradução é de André Langer.

“Hoje, precisamos reconhecer com sofrimento”, explicou o também teólogo e membro da Sociedade de Missões Africanas, que o espírito de solidariedade com os pobres “está desaparecendo” entre os religiosos que vêm para realizar seu trabalho de evangelização no continente. Em compensação, a missão de cada vez mais estrangeiros “desenvolve-se em áreas onde ‘mana leite e mel’, como menciona o livro do Êxodo, limitando a missão a um grupo específico de pessoas”, denunciou Zagore, fenômeno que, lamenta, “compromete a dinâmica missionária da Igreja”.

“Incorporar o espírito fundamental da missão para reinventar a atividade missionária na África hoje é mais crucial do que nunca para a nossa Igreja”, continuou o sacerdote africano. “A essência da atividade evangelizadora é o anúncio do Evangelho aos pobres, a alegria de serem enviados aos pobres... a alegria de chegar aos pobres, aos marginalizados e aos que não têm voz em seus ambientes, como repete o Papa Francisco”.

“Estava claro para os primeiros missionários que praticar o amor aos pobres e aos marginalizados, assim como o serviço dos sacramentos e da Palavra era a essência da missão evangelizadora da Igreja. Estar com os pobres, viver com os pobres, sentir o cheiro dos pobres para viver e ser testemunhas autênticas do amor de Cristo foi o principal motivo de seu compromisso missionário”, continuou Zagore.

O teólogo explicou: “Nunca devemos esquecer que no centro da missão de Cristo estavam os mais pobres e abandonados. Jesus foi uma grande esperança para os pobres. Através de Jesus, os pobres se sentiram amados por Deus. De fato, se a Igreja em geral, e mais particularmente a Igreja na África, se esquecer dos pobres, perderá a sua razão de ser; se se afastar Daquele para quem ela existe, não poderá existir”. Zagore concluiu citando o arcebispo Romero com uma frase que também é válida para a África: “Partindo dos pobres, a Igreja pode existir para todos. De fato, a honra da Igreja consiste em que os pobres a sintam”.

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