05 Julho 2018
"A trajetória humana e espiritual de Dom Luciano evidencia o triunfo da graça de Deus em sua vida, tudo realizando para a maior glória de Deus e bem dos irmãos", escreve Lauro Sérgio Versiani Barbosa, cônego, pároco da Paróquia Nossa Senhora do Rosário de Fátima em Viçosa, postulador na Fase Arquidiocesana do Processo de Beatificação de Dom Luciano Pedro Mendes de Almeida, em artigo publicado por Arquidiocese de Mariana, 26-06-2018.
Louvo a Deus pela vida virtuosa de Dom Luciano e pelo excelente trabalho desenvolvido pelo Tribunal Eclesiástico de Mariana sob a orientação sábia de Dom Geraldo Lyrio Rocha e conduzido pelo incansável e competente Delegado Episcopal, Monsenhor Roberto Natali Starlino!
A relevância eclesial da Causa de Beatificação de Dom Luciano é pública e notória e vem sendo reafirmada desde a solicitação à Santa Sé para a abertura do Processo. Lembro que em 2011 Dom Geraldo Lyrio Rocha encaminhou o pedido a Roma acompanhado do apoio escrito de mais de 300 bispos da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, de todos os Regionais da CNBB. Trata-se de fato único e que por si só patenteia a importância eclesial da Causa.
A vida de Dom Luciano, as funções que desempenhou e os serviços realizados por ele sublinham a relevância eclesial desta Causa de Beatificação. A trajetória humana e espiritual de Dom Luciano evidencia o triunfo da graça de Deus em sua vida, tudo realizando para a maior glória de Deus e bem dos irmãos. A sua espiritualidade foi fortemente cristocêntrica e trinitária, com notável marca mariana, procurando sempre sentir e agir na comunhão eclesial, a serviço dos mais sofredores: pobres, tristes, pecadores, marginalizados e excluídos de qualquer espécie. Permitam-me citar o que pude dizer na abertura do Processo de Beatificação na fase diocesana no dia 27 de agosto de 2014 na Catedral de Mariana e que hoje vejo corroborado pelas mais de 6 mil páginas do processo concluído.
A sua profunda experiência de Deus, começada no seio de sua família, aprofundada e consolidada na Companhia de Jesus, provada e radicalizada na vivência rica e diversificada de seu ministério episcopal, desafiada e aumentada pela configuração à Cruz de Jesus Cristo no acidente que quase lhe tirou a vida e na dolorosa enfermidade que o levou, faz dele um modelo de discípulo missionário de Jesus Cristo para os nossos dias. Em nome de Jesus, cultivou toda a sua gratidão a Deus pelo amor recebido na gratuidade de uma vida feita para ajudar. Ajudar cada pessoa a encontrar Deus. Sim, não tenhamos dúvida em afirmá-lo! É disso que se tratava. Em seus gestos mais simples de ajuda, em seu olhar e em seu sorriso, o que desejava e deixava transparecer era a ternura e o amor de Deus: “Deus é bom! É bom ser bom!”. A gratuidade do amor de Deus que experimentou, encontrou a sua gratidão total na gratuidade de sua vida doada, na alegria de servir por amor. Ajudar: ajudar a todos! Ver Deus em cada um e cada um em Deus. Ajudar a Igreja a ajudar. Servidor competente e dedicado, sem ingenuidades, mas sem confundir meios e fins. Era minucioso, atento, sensível, caprichoso, mas sabia muito bem o que era o principal: a justiça, a misericórdia e a fidelidade. O primado do amor a Deus e ao próximo orientava a sua vida. Por isso acreditava, perdoava e esperava diante de cada pessoa. Não viveu na ociosidade, não perdia ocasião para fazer o bem. No seguimento de Jesus e a exemplo de Paulo, foi um missionário incansável.
Dom Luciano, sempre na fidelidade a Jesus e “sentindo com a Igreja”, ajudou a Igreja do nosso tempo a ser a Igreja da misericórdia, da opção preferencial pelos pobres, pecadores e sofredores de todo tipo.
A espiritualidade de Dom Luciano é marcada pelo encontro pessoal e eclesial com Jesus Cristo. Contempla o esvaziamento de Jesus, a vida oculta em Nazaré, a solidariedade com os pequenos, pobres e pecadores. Na configuração a Jesus Cristo aceita uma vida sem privilégios, partilhada, solidária na dor, abraçando a cruz. Sua vida se tornou parábola do Evangelho de Jesus. Considero a oração composta por Dom Luciano e impressa na lembrança da celebração de seu Jubileu de Prata Episcopal em 2001 a expressão sintética e madura de sua espiritualidade, como disse acima: cristocêntrica, trinitária, mariana, de comunhão eclesial e de alegre serviço aos irmãos em meio às provações da vida.
Senhor Jesus, não vos pedimos que nos livreis das provações, mas que nos concedais a força do vosso Espírito para superá-las em bem da Igreja. A certeza do vosso amor nos renova a cada dia. A alegria de servir aos irmãos é a nossa melhor recompensa. Ensinai-nos, a exemplo de nossa Mãe, a repetir sempre SIM no cumprimento da vontade do Pai. Amém!
Hoje, neste tempo bonito e desafiador da vida da Igreja, comunidade de discípulos missionários de Jesus, sob a presidência na caridade do profético Papa Francisco, que nos confirma na fé e convida a ser uma Igreja pobre para os pobres, contemplamos o testemunho de santidade do Servo de Deus Dom Luciano Pedro Mendes de Almeida como luz para a caminhada da Igreja no Brasil!
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O Servo de Deus Dom Luciano: luz para a Igreja no Brasil - Instituto Humanitas Unisinos - IHU