27 Novembro 2017
As multinacionais das matérias-primas e a grande fuga da Suíça. O primeiro a temer por isso foi a Vitol, número um no mundo no comércio de petróleo, cuja sede fica em Genebra. O presidente do grupo suíço-holandês, Gérard Delsad, está preocupado com um aperto das autoridades suíças sobre as atividades dos gigantes que operam principalmente no terceiro mundo, muitas vezes em desrespeito com os direitos mais elementares das populações e dos trabalhadores. Para não mencionar os milhões em subornos, entregues aos poderosos locais.
A informação é publicada por Repubblica, 22-11-2017. A tradução é de Luisa Rabolini.
Recentemente, graças aos "Paradise Papers", vazou a informação que a Glencore, outro gigante das matérias-primas com sede na Suíça, teria depositado US $ 18,5 milhões para um atravessador congolês, próximo do Presidente Kabila, para obter um grande desconto sobre a exploração das minas de Katanga. Através de um mediador israelense, o homem acusado de ter repassado o mega-suborno, a multinacional suíça teria obtido a vantagem de pagar US $ 140 milhões em vez de 585, para colocar as mãos nas riquezas subterrâneas da região africana.
A notícia enfureceu, em Berna, a Ministra da Justiça e Polícia, Simonetta Sommaruga, que anunciou um projeto anticorrupção que obrigará as empresas suíças a informar os pagamentos superiores a 100.000 francos, pagos a governos ou empresas públicas estrangeiras. "Seria prejudicial para o nosso país - trovejou Sommaruga - encontrar-se novamente sob o holofote das críticas por causa de determinadas práticas comerciais".
"O que pretende concretamente a senhora Sommaruga?", pergunta polemicamente o Presidente da Vitol, Delsad, acrescentando que o seu grupo, cujo volume de negócios é de 152 bilhões de dólares, uma dezena a menos da Glencore, não teria problema nenhum em deixar a Suíça. Onde, aliás, em breve os cidadãos irão às urnas para expressar-se sobre a iniciativa "Multinacionais responsáveis", que coloca um basta às "violações dos direitos humanos e aos danos ambientais cometidos por multinacionais sediadas na Suíça".
A meta de 140.000 signatários, entre os quais figuram várias ONGs, é garantir que até mesmo gigantes como a Glencore e a Vitol sigam os ditames da ONU no âmbito da ética empresarial. Em suma, se a indignação dos cidadãos contagia até mesmo o Governo, isso significa que na Confederação não há mais espaço para aqueles que estão acostumados a ganhos fáceis, nas costas dos mais pobres da terra.
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Suíça, as multinacionais das matérias-primas em fuga das normas anticorrupção e a favor dos direitos humanos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU