31 Agosto 2017
Índia, Bangladesh e Nepal enfrentam as piores inundações registradas no sul da Ásia em anos. Já são mais de 1,2 mil pessoas mortas, e milhões tiveram de deixar suas casas.
Os três países sofrem inundações frequentes durante a temporada de monções, que começa em junho e vai até o final de setembro ou outubro. A Cruz Vermelha descreveu a deste ano como a pior em décadas.
De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), 41 milhões de pessoas foram afetadas pelas inundações, que estão apenas começando a diminuir. Outras organizações humanitárias falam em 16 milhões de atingidos.
A reportagem é publicada por BBC Brasil, 30-08-2017.
"Muita atenção já foi dada a outros desastres em outras partes do mundo recentemente, mas o Sudeste Asiático foi ignorado", afirma uma porta-voz da Cruz Vermelha.
Corinne Ambler, que trabalha com a Cruz Vermelha em Bangladesh, também afirmou à BBC que as inundações foram "as piores em 40 anos".
"Acho que no resto do mundo as pessoas não têm ideia da escala desse desastre: 8,6 milhões de pessoas foram afetadas e 750 mil casas, destruídas ou danificadas", lamentou.
"Só tinha água. Havia apenas algumas casas perdidas em meio a grandes quantidades de água, e podemos ver muitos campos completamente cobertos de água. Tinha água até onde os olhos podiam ver", disse ela após sobrevoar áreas inundadas.
Enquanto o Nepal ainda luta para se recuperar do terremoto de 2015, a ONU classificou as inundações ali como as piores dos últimos 15 anos. As autoridades nepalesas disseram que mais de 140 pessoas morreram e dezenas estão desaparecidas.
Até agora, estima-se que 1,7 milhão de pessoas foram afetadas no país e cerca de 100 mil famílias ficaram desabrigadas.
Mas a escala total do desastre "ainda é desconhecida, já que muitas áreas afetadas permanecem inacessíveis devido a danos em estradas e pontes", apontou um relatório da ONU.
Outra área particularmente atingida foi o Estado indiano de Bihar, onde morreram mais de 500 pessoas.
As chuvas praticamente paralisaram Mumbai, a capital financeira da Índia.
No caso de Mumbai, onde vivem 20 milhões de pessoas, até agora foram registrados cinco mortos.
Mas dezenas de milhares de pessoas ficaram isoladas em meio ao caos causado pelas chuvas - várias regiões da cidade continuam inundadas.
Moradores de Dharavi, um dos maiores subúrbios da Ásia - que abriga mais de um milhão de pessoas - disseram que a maioria das partes mais baixas da região está debaixo d'água.
"Muitas das casas em Dharavi ficaram submersas, e perdemos todos os nossos objetos de valor", disse Selvam Sathya, de 45 anos, à agência de notícias AFP.
"Nos refugiamos no primeiro andar de vários prédios", contou ele.
As frequentes construções em terrenos inundáveis e áreas costeiras, assim como a quantidade de resíduos de plástico que obstruem os canais e drenos, tornam a cidade particularmente vulnerável a tempestades.
A inundação atual em Mumbai lembra o sofrimento vivido ali em 2005, quando centenas de pessoas morreram.
A eletricidade, o abastecimento de água, as redes de comunicação e os transportes públicos pararam completamente na catástrofe de 2005, atribuída à falta de planejamento no desenvolvimento da cidade.
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'Desastre ignorado': inundações na Índia, Bangladesh e Nepal deixam 1,2 mil mortos e milhões de desabrigados - Instituto Humanitas Unisinos - IHU