27 Junho 2016
Tendo já chegado o último dia do debate da assembleia, o roteiro até agora foi respeitado, e restam a ser completados e aprovados apenas os documentos sobre o matrimônio e sobre o ecumenismo.
A reportagem é de Daniela Sala, publicada no blog da revista Il Regno, 24-06-2016. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Entre os primeiros frutos do Concílio, já existe o acordo alcançado entre o Patriarcado Ecumênico e a Igreja Ortodoxa Grega sobre um tema que criava tensão, a saber, a jurisdição sobre as "novas terras", ou seja, 36 dioceses (do total de 81) da Igreja grega, que se encontram ao norte, vieram a fazer parte do Estado grego depois das guerras balcânicas e são representadas por seis dos 12 bispos do Santo Sínodo.
Trata-se dos territórios do Épiro, da Macedônia, da Trácia e do Egeu. Embora sejam administrados pela Igreja grega, estão sob a jurisdição espiritual do Patriarcado Ecumênico, e é o Patriarca Ecumênico que eles lembram na liturgia (os nomes dos bispos lembrados na liturgia e a ordem em que isso é feito é uma questão espinhosa, sobre a qual, na longa preparação do Concílio, não se tinha chegado a um acordo suficiente e, portanto, tinha sido retirado da agenda dos trabalhos).
Esse arranjo "híbrido" da jurisdição canônica sobre as "novas terras" provocava aquelas que foram definidas pelos porta-vozes de ambas as Igrejas como "nuvens" nas relações.
Durante os trabalhos da assembleia, o Patriarca Ecumênico Bartolomeu I deu garantia oficial de que nem ele nem o Patriarcado, nem agora nem no futuro, pretendem pôr em causa o problema da metropolias dos novos territórios e mudar as modalidades pelas quais eles são governados, reconhecendo totalmente a autoridade administrativa e pastoral da Igreja grega, embora permaneça a sua tutela espiritual. O arcebispo de Atenas e de toda a Grécia, Hieronymus, disse-se completamente satisfeito com a declaração.
Voltando aos trabalhos do Concílio, recolhemos algumas impressões de Sua Beatitude o Metropolita Sawa, primaz da Igreja Ortodoxa Polonesa (autocéfala). A entrevista completa será publicada na próxima edição da revista Il Regno – Attualità.
"O Santo Sínodo – disse – é um evento histórico para a Igreja Ortodoxa, que, por muitos anos, estava sendo preparada a convocação. Essa cúpula é uma resposta, vai expressar a posição da Igreja Ortodoxa em relação aos atuais problemas que afligem o mundo ortodoxo. O mundo que muda e os problemas que dizem respeito aos fiéis ortodoxos tornam o Concílio necessário para o mundo ortodoxo de hoje, assim como os diversos problemas internos à Igreja Ortodoxa. Essa convicção foi expressada por unanimidade pelas sinaxes dos primazes das Igrejas ortodoxas locais de março de 2014, que decidiu que já era a hora certa para a sua convocação. E essa também é a expectativa de todo o mundo ortodoxo, que os primazes e os bispos expressem juntos uma visão coerente com a posição da tradição ortodoxa em relação aos problemas contemporâneos."
Sobre a ausência de algumas Igrejas, o arcebispo Sawa expressou em nome da Igreja da Polônia "uma profunda tristeza pelo fato de que o Santo e Grande Concílio, preparado por tanto tempo, não envolve algumas das Igrejas ortodoxas locais".
No entanto, disse, "independentemente das razões dessa ausência, deploro o fato de que a decisão final de não participar tenha sido tomada literalmente poucos dias atrás".
"A Igreja Ortodoxa da Polônia é da opinião de que a presença de todas as Igrejas ortodoxas locais no Santo Sínodo seria o melhor modo para resolver, em espírito de unidade ortodoxa, os problemas que dizem respeito às Igrejas individuais. A ausência de alguns pode tornar o diálogo mais complicado. Mas nós expressamos a nossa esperança de que, com a ajuda de Deus e a iluminação do Espírito Santo, pela qual qual todos rezamos, um acordo será encontrado na Ortodoxia."
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Concílio pan-ortodoxo, quinto dia: os primeiros frutos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU