16 Junho 2016
Em uma área de 248 mil hectares, no município de Cacoal, em Rondônia, o povo Paiter Suruí se prepara para implantar a primeira universidade indígena do Brasil. Um importante passo foi dado nesta quinta-feira (02), com a assinatura de um convênio de cooperação com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que oferecerá oficinas no Centro de Formação Paiter Suruí, dando a base para construir a primeira especialização e na sequência a formação da universidade. Diversos indígenas da etnia já têm formação superior. O objetivo da futura universidade é capacitar o povo para uma melhor gestão de seu território, segundo destacou o líder maior dos caciques da etnia, Almir Suruí.
A reportagem foi publicada por Jornal da Unicamp, 15-06-2016.
A formalização do acordo ocorreu ontem à tarde em cerimônia que integra os eventos de comemoração dos 50 anos da Unicamp e contou com a participação do reitor José Tadeu Jorge, do cacique Almir Suruí, e dos professores Walter Carnielli, Ítala Loffredo D’Otaviano e Cláudia Wanderley, que possibilitaram a cooperação por meio do Centro de Lógica, Epistemologia e História da Ciência. Após a assinatura do convênio, em uma demonstração de agradecimento, o cacique ofereceu um colar branco ao reitor, que simboliza a sabedoria. O reitor, em retribuição, ofereceu um broche.
A primeira atividade oferecida pela Unicamp a partir da formalização da cooperação serão duas oficinas de multilinguismo e de multiculturalismo, no início de agosto. A proposta de implantação da universidade sediada no território de Rondônia, segundo Ítala, partiu dos indígenas e a Unicamp ficará responsável por desencadear o processo. “Projetamos que assinaríamos um convênio de cooperação entre eles e a universidade. Através desse convênio nós vamos realizar as primeiras atividades de inter-relação e, disso, nós pretendemos que seja gerada a Universidade Indígena”, afirmou Ítala. A ideia é que a Unicamp leve professores, pesquisadores, funcionários e estudantes interessados para atividades em Cacoal e que os indígenas venham participar de atividades na Unicamp.
A intenção do povo Paiter Suruí de implantar uma universidade indígena já vem de longa data. Em 2013, o cacique esteve na Universidade Indígena da Venezuela para conhecer a estrutura de lá. Reconhecido pela Organização das Nações Unidas como uma das 100 personalidades mais criativas do mundo, o cacique Almir afirma que a assinatura da cooperação será muito importante para o seu povo, pois possibilitará o acesso ao Ensino Superior de qualidade e vai prepará-los para ter a capacidade de fazer a gestão de seu território. “Pretendemos levar vários cursos superiores para lá, para que eles estejam capacitados tecnicamente para fazer gestão política e técnica dos projetos que podem trazer benefício coletivo do povo Paiter Surui”, disse.
Entre os cursos que deverão ser levados para o povo Paiter Suruí estão biologia, administração, matemática, artes, políticas sociais e línguas. “São algumas áreas que podem subsidiar um projeto de sustentabilidade não só de floresta, mas da cultura, da política.” A ideia é que seja uma universidade aberta e não apenas para os indígenas. Entre os institutos da Unicamp envolvidos inicialmente no convênio estão o Instituto de Estudos da Linguagem, o Instituto de Computação, o Centro de Lógica, Epistemologia e História da Ciência e o Instituto de Filosofia e Ciências Humanas. A universidade é considerada a primeira nos moldes propostos. Em 2015 foi implantada uma Faculdade Indígena, na aldeia de Porto Lindo, no Mato Grosso do Sul.
O reitor Tadeu Jorge ressaltou que o convênio ajuda a universidade a cumprir um dos seus objetivos mais fundamentais, que é contribuir para a preservação da cultura e sua disseminação.
Grupo lança página contra a greve na instituição Alunos da Unicamp contrários à greve e às ocupações na instituição, se mobilizam nas redes sociais para garantir a continuidade das aulas. Em uma página no Facebook, eles afirmam que entendem o protesto contra cortes de gastos, mas não acreditam que a greve seja a solução. Desde o início de maio, o prédio da reitoria foi ocupado e diversas faculdades e institutos decretaram greve. Os estudantes grevistas também pedem a ampliação da moradia estudantil, aumento das cotas raciais, entre outras pautas. Funcionários e professores também decretaram greve.
Na página Unicamp Livre, o movimento que teria nascido no Instituto de Economia, se posiciona a favor de uma reestruturação administrativa e reforma geral dos gastos da Unicamp, mas diz que a greve prejudica as atividades acadêmicas. Eles ainda defendem novas formas de arrecadação, como parcerias com o setor privado. Já os estudantes grevistas dizem que esse grupo se trata de uma minoria, que é favorável a privatização da universidade e não comparecem às assembleias para colocar suas posições. “A greve está muito forte e até setores que não têm tradição de participar estão aderindo à mobilização”, afirmou o estudante Matheus Correia. A reportagem tentou contato com responsáveis pela página contrária à greve, mas não obteve retorno.
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Unicamp inicia parceria para criar universidade indígena - Instituto Humanitas Unisinos - IHU