Por: Jonas | 11 Mai 2016
Os partidos Podemos e Esquerda Unida obtiveram, ontem, um acordo para se apresentar juntos nas eleições gerais que ocorrerão no próximo dia 26 de junho, na Espanha. Deste modo, as forças progressistas desejam vencer o conservador Partido Popular (PP) ou, ao menos, tomar o segundo lugar do Partido Operário Espanhol (PSOE), possibilidade que as pesquisas prognosticam. O princípio do acordo, que se encontra pendente de aprovação por parte das bases dos dois partidos – que será votado entre hoje e amanhã -, tem como objetivo “recuperar o país em favor das maiorias sociais e vencer as eleições contra o Partido Popular”, asseguraram as duas forças.
A reportagem é publicada por Página/12, 10-05-2016. A tradução é do Cepat.
Pablo Iglesias, líder do Podemos, e Alberto Garzón, referência da Esquerda Unida, celebraram o pacto, que qualificaram como histórico, na madrilena Puerta del Sol, com um vídeo que foi compartilhado nas redes sociais. “Aproxima-se a possibilidade de somar para ganhar”, disse Iglesias, segundos antes de dar um abraço em Garzón no emblemático cenário das grandes manifestações do movimento dos indignados, germe do Podemos. “Unidos, sim, é possível. Queremos animar todos os simpatizantes de nossas formações a participar e votar em favor deste acordo”, sustentou o líder da Esquerda Unida.
Tanto Podemos como Esquerda Unida destacaram, em um documento elaborado conjuntamente, que após o consenso alcançado entre as duas formações nas linhas gerais do acordo, o secretário de Organização da Esquerda Unida, Adolfo Barrena, finalizará, nas próximas horas, com seu parceiro do Podemos, Pablo Echenique, o documento definitivo para sua publicação e posterior ratificação. No dia 13 de maio, vence o prazo para inscrever a candidatura conjunta. De acordo com as últimas sondagens, a coalizão de Podemos e Esquerda Unida superaria o PSOE em número de votos.
Antes das recentes eleições do dia 20 de dezembro, Garzón tentou um acordo com Podemos, mas Iglesias se negou a negociar uma frente de Unidade Popular da esquerda, como propunha o líder da Esquerda Unida. O Partido Popular venceu com 28% dos votos, seguido pelo PSOE com 22%, menos de dois pontos a mais que o Podemos, que ficou com 20,66% (somando seus aliados territoriais), ao passo que a Esquerda Unida ficou com 3,67%. Os resultados deram à nova força antiajuste 69 cadeiras e à antiga federação de esquerda só duas, 9 a menos que nas eleições de 2011.
No entanto, as pesquisas posteriores às eleições de dezembro apontaram para um retrocesso do Podemos e uma ascensão da Esquerda Unida para até 6 cadeiras. Segundo a última pesquisa do Centro de Pesquisas Sociológicas, publicada na sexta-feira passada, o Partido Popular voltaria a vencer as eleições, seguido pelo PSOE e o Podemos, que manteria sua terceira posição, mas com menos votos. Uma aliança entre os dois partidos de esquerda, ao contrário, superaria os socialistas, relegando-os a um terceiro lugar. Se conseguir o segundo lugar, que não parece estar longe, a esquerda pode transformar de forma significativa o panorama político a respeito das recentes eleições, já que os socialistas estariam diante do dilema de pactuar com eles ou facilitar a reeleição do presidente atual, o conservador Mariano Rajoy, segundo concordam os analistas.
Tanto o líder da Esquerda Unida como o de Podemos destacam que o adversário político de sua coalizão não é o PSOE, mas o Partido Popular de Rajoy, ao qual pretendem retirar do Palácio da Moncloa. Estão conscientes de que para isso, provavelmente, necessitarão do apoio dos socialistas, prevendo uma fragmentação parlamentar semelhante a atual, e que o Partido Popular e Cidadãos poderiam somar maioria absoluta. O líder socialista, Pedro Sánchez, afirma que não está preocupado com a aliança da esquerda porque acredita que conquistarão menos cadeiras. O PSOE, não obstante, saiu em ataque ao Podemos, ao qual acusa de querer se converter na velha esquerda comunista, obcecada em superá-los à custa de que a direita continue governando.
Por sua parte, o ex-coordenador federal da Esquerda Unida e porta-voz em Astúrias, Gaspar Llamazares, mostrou seu desacordo com o pré-acordo selado com Podemos para formar uma frente eleitoral e pediu para ver os detalhes “onde se esconde o diabo”. Desde que a possível aliança foi pensada nas eleições de dezembro, Llamazares foi muito crítico à coalizão com o Podemos. Neste sentido, prognosticou que a aproximação com a força de Iglesias será prejudicial para a organização.
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Espanha. Pacto de esquerda entre Podemos e Esquerda Unida - Instituto Humanitas Unisinos - IHU