18 Junho 2011
"Dramática, desesperada, insignificante". O maestro Pe. Pablo Colino não usa meias palavras ao descrever o estado de saúde das músicas executada hoje nas igrejas. Mesmo que, depois, ele indique que "ainda há a possibilidade de inverter essa perigosa tendência para baixo, potencializando o estudo da música sacra e dos cantos litúrgicos, a partir do gregoriano".
A reportagem é de Orazio La Rocca, publicada no jornal La Repubblica, 16-06-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Monsenhor Colin é universalmente conhecido como musicista e diretor de orquestra. Depois de anos de serviço no Vaticano, agora dirige o Coro da Filarmônica Romana. Uma autoridade, portanto, em matéria de música religiosa, há anos empenhado em "limpá-la" dos detritos que, na sua opinião, a comprometeram.
"Foi o Papa Bento XVI o primeiro a pedir isso e a acreditar nesse empenho", diz. "Muitas vezes, o pontífice me encorajou a ir em frente, porque a música sacra é um patrimônio universal, enraizado na mais genuína tradição litúrgica".
Eis a entrevista.
Maestro Colino, por que a música sacra e litúrgica está em crise?
Tudo decaiu depois do Concílio Vaticano II, com aquela onda superficial de pseudorrenovação que fez muitos danos em quase todas as nossas igrejas. Basta assistir a qualquer celebração litúrgica para ouvir violões horrivelmente mal tocados, teclados ensurdecedores e coros superficiais. Tudo dirigido por maestros pouco preparados. Embora não faltem exceções encorajadoras que, se cultivadas, poderiam ser um bom presságio para o futuro.
Poderia dar alguns exemplos?
Recentemente, em Terni, foi realizado um interessante encontro sobre a música sacra, e, na ocasião, foram exibidos muitos coros jovens e muitos grupos de artistas especializados em música litúrgica. Foi bonito e interessante ouvi-los. E também encorajador.
Mas há uma "receita" para relançar a música sacra?
É preciso voltar ao estudo sério, rigoroso e apaixonado nas scholae cantorum, nos conservatórios e, talvez, nas escolas. A música sacra é patrimônio universal, uma forma de arte entre as mais altas e imortais. E a Itália está repleta dela, depois de ter dado à luz os maiores autores de músicas litúrgicas.
E quais deveriam ser os programas nessas escolas?
É de fundamental importância voltar a difundir o conhecimento direto do canto gregoriano e, paralelamente, afinar a preparação de músicos, diretores de orquestras e de corais. Não se vai a lugar algum sem rigor didático e sem o conhecimento do canto gregoriano, a mãe da música sacra, mas ousaria dizer também de toda a música, até da contemporânea.
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"A música sacra é um patrimônio universal. É preciso voltar ao canto gregoriano" - Instituto Humanitas Unisinos - IHU