26 Novembro 2012
Com o miniconsistório da manhã de sábado, uma breve cerimônia durante a qual o pontífice impôs o barrete vermelho sobre seis novos cardeais chamados a fazer parte do "clube" mais exclusivo do mundo, a dos eleitores do papa, Bento XVI expressamente quis endireitar o anterior, muito curial e muito italiano, realizado recém em fevereiro passado, enviando assim um sinal na direção da universalidade da Igreja. E fez entrar para o Colégio dos Cardeais o arcebispo de Manila, Luis Antonio Tagle, 55 anos, figura emergente do episcopado do continente asiático e futuro "papável".
A reportagem é de Andrea Tornielli, publicada no sítio Vatican Insider, 24-11-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
A partir de hoje, o número dos cardeais eleitores, ou seja, com menos de 80 anos, retorna para o teto estabelecido de 120. Destes, 67 já são de nomeação ratzingeriana, iguais a 56% do colégio votante. O futuro conclave, portanto, será caracterizado pelas escolhas feitas por Bento XVI nos últimos sete anos, embora justamente o que aconteceu na última eleição papal convide à cautela: em 2005, os eleitores do sucessor do Papa Wojtyla escolheram no conclave um dos únicos dois purpurados presentes que não deviam a João Paulo II o seu cardinalato, justamente, Joseph Ratzinger.
O peso da Europa e da Itália continua sendo considerável, mesmo após o consistório desse sábado. Os cardeais europeus com direito a voto são 62 (52% de todo o corpo eleitoral). Destes, 28 são italianos (23% dos votantes). A América do Norte tem 14 eleitores, enquanto a América Latina tem 21; a África, 11; a Ásia, também 11; e a Oceania, um.
Apesar da tendência de internacionalização do Colégio Cardinalício, à qual feito Pio XII havia dado uma significativa contribuição, o percentual dos purpurados ainda sentem muito o peso da antiga Europa e não são absolutamente congruentes com o desenvolvimento e a difusão do catolicismo no último meio século. Os católicos de fato, segundo as últimas estatísticas disponíveis, que comparam os dados de 2010 com os do ano anterior, continuam crescendo na África e na Ásia, mas diminuem na Europa.
O número de sacerdotes também tem um sinal negativo na Europa (-905), enquanto os aumentos são registrados na África (+761) e na Ásia (+1.695). Tendências que não parecem se refletir nos consistórios, que, nos últimos pontificados, viram despontar as púrpuras da África, enquanto as da Europa abundavam.
Neste momento, não há alertas particulares com relação à saúde de Bento XVI, que em abril próximo completará 86 anos. No entanto, é evidente a todos a sua maior fragilidade, e é natural, como já ocorreu no caso de alguns consistórios de Wojtyla, que em toda nova criação cardinalícia gerava questionamentos sobre os reais candidatos à sucessão que obtêm a púrpura.
Se o protagonista do consistório de fevereiro passado havia sido o arcebispo de Nova York, Timothy Dolan, o das nomeações atuais, sem dúvida, é o filipino Tagle – considerado jovem demais caso haja conclave nos próximos dois ou três anos –, mas cujo peso deve crescer.
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Tagle, o consistório e o futuro conclave - Instituto Humanitas Unisinos - IHU