24 Agosto 2012
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo João 6, 60-69 que corresponde ao XXI Domingo do Tempo Comum, ciclo B do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o texto.
O evangelho de João manteve a lembrança de uma forte crise entre os seguidores de Jesus. Não temos somente dados. Somente disse que aos discípulos resulta-lhes duro demais seu modo de falar. Provavelmente parece-lhes excessiva a adesão que reclama deles. Num determinado momento “muitos discípulos voltaram atrás”. Já não caminhavam com ele.
Pela primeira vez Jesus experimenta que suas palavras não têm a força desejada. No entanto, não se desdiz mas as reafirma ainda mais: “As palavras que eu disse a vocês são espírito e vida. Mas entre vocês há alguns que não acreditam”. Suas palavras parecem duras, mas transmitem vida, fazem viver pois contêm o Espírito de Deus.
Jesus não perde a paz. O fracasso não lhe inquieta. Dirigindo-se aos Doze lhes faz a pergunta decisiva: “Vocês também querem ir embora?”. Não quer retê-los pela força. Deixa-os em liberdade para decidir. Seus discípulos não devem ser servos mas amigos. Se quiserem podem voltar à sua casa.
Uma vez mais Pedro responde em nome de todos. Sua resposta é exemplar. Sincera, humilde, sensata, própria de um discípulo que conhece Jesus suficientemente para abandoná-lo. Sua atitude ainda hoje pode ajudar aqueles que, com uma fé, vacilante pensam prescindir de toda fé.
“A quem iremos Senhor?” Não tem sentido abandonar Jesus de qualquer forma, sem ter encontrado um Mestre melhor e mais convincente. Se eles não seguirem a Jesus, ficarão sem saber a quem seguir. Não devem se precipitar. Não é bom ficar sem luz nem guia na própria vida.
Pedro é mais realista. É bom abandonar Jesus sem ter encontrado uma esperança mais convincente e atrativa? Basta substituí-lo por um estilo de vida rebaixado, sem apenas metas nem horizonte? É melhor viver sem perguntas, sem enfoques, sem busca de nenhum tipo?
Há uma coisa que Pedro não esquece: “Tu tens palavras de vida eterna”. Ele sente que as palavras de Jesus não são vazias nem enganosas. Junto dele descobriram a vida de outra maneira. Sua mensagem lhes abriu para a vida eterna. Com que poderão substituir o Evangelho de Jesus? Onde poderão encontrar uma melhor Notícia de Deus?
Finalmente, Pedro lembra a experiência fundamental. Ao conviver com Jesus, eles descobriram o mistério que vem de Deus. Desde longe, à distância, desde a indiferença ou o desinteresse não se pode reconhecer o mistério que encerra Jesus. Os Doze o trataram de perto. Por isso podem dizer: “Nós cremos e sabemos”. Seguirão junto a Jesus.
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