30 Julho 2012
A Sociedade Bíblica do Brasil (SBB), a maior editora de bíblias evangélicas do país, com 6,7 milhões de exemplares impressos em 2011, planeja oito lançamentos de bíblias neste segundo semestre - seis terão alguma diferença em relação ao formato tradicional.
A reportagem é de Felipe Machado e publicada pelo jornal Valor, 30-07-2012.
Para o reverendo Erni Seibert, secretário de comunicação e ação social da SBB, formatos diferentes podem facilitar o acesso ao livro sagrado. Uma capa com estampa de jeans, por exemplo, fez sucesso na década passada entre os mais novos. "Impressionante como o jovem gostou, ele exibia a bíblia", disse Seibert. Desde então, a segmentação vem atraindo mais editoras. A Thomas Nelson, em parceria com a Ediouro, planeja lançar, no mínimo, duas bíblias para públicos específicos por ano até 2014, disse o diretor editorial Omar de Souza.
Na SBB, a bíblia que mostra a silhueta de um surfista na praia segurando sua prancha foi criada especialmente para o projeto "Surfistas de Cristo", e traz depoimentos de surfistas cristãos. Esta bíblia não é impermeável, mas a SBB tem uma versão à prova d'água - capa e páginas - para quem quer levar, por exemplo, o livro sagrado para a beira da piscina.
A estimativa da SBB é que entre 25% e 30% da sua produção seja de bíblias segmentadas. A previsão para este ano é de uma expansão entre 6% e 10% para as vendas do livro neste ano, impulsionada pelo aumento do número de fiéis no país.
O número de pessoas que se declaram evangélicas cresceu de 15,4% para 22,2% da população entre 2000 e 2010. Os dados são da pesquisa Censo de 2010, feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e foram divulgados no mês passado.
A Mundo Cristão, que projeta vender 1,2 milhão de bíblias neste ano, informou que sua edição mais vendida até o momento é a "A Bíblia da Mulher que Ora". A edição voltada para o público feminino tem capa cor-de-rosa e anexos como os artigos da escritora americana Stormie Omartian. A tendência, contudo, é que a única bíblia tradicional do portfólio da Mundo Cristão, lançada no ano passado e com cerca de 70% das vendas neste ano, assuma a liderança.
Segundo o diretor de operações da Mundo Cristão, Renato Fleischner, a tendência é que o "texto puro" venda mais, mas as segmentadas agregam porções importantes de leitores. "Você acaba atendendo todo o público de uma família".
"É um mercado que está crescendo muito e muito rápido", diz Maria Fernanda Vigon, gerente de desenvolvimento de produtos e marketing da editora Geográfica. Esta editora imprime 60 tipos de bíblias - dos quais metade são segmentadas -, totalizando 1 milhão de exemplares por ano.
De olho no público jovem, a Geográfica lançou em maio a "Bíblia em Ação". O livro traz uma seleção de passagens - como a criação do Universo e a expulsão de Adão e Eva do paraíso - ilustradas em quadrinhos. O cartunista responsável pelo trabalho, Sergio Cariello, já desenhou histórias do Batman e dos X-Men.
A "Bíblia em Ação" vendeu 40 mil exemplares até agora e a expectativa é chegar a um patamar entre 300 mil e 500 mil em três anos. A demanda surpreendeu a Geográfica, que esperava leitores infantis. Muitos adultos acabaram comprando a bíblia em quadrinhos. A editora planeja agora um novo produto para o público jovem e uma versão para novos convertidos, com material de apoio em linguagem mais simples que a da bíblia tradicional. Os dois lançamentos saem neste ano.
A produção de bíblias evangélicas é estimada pela Associação de Editores Cristãos (Asec) em cerca de 30 milhões de unidades anuais. Segundo pesquisa da Câmara Brasileira do Livro (CBL) e do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel), o setor religioso como um todo produziu 96,6 milhões de exemplares em 2011, um aumento de 14,3%. O ritmo de expansão é superior ao do setor livreiro como um todo, que cresceu 1,47%, com 499 milhões de exemplares produzidos no ano passado.
As editoras católicas também têm versões para públicos diferentes - para grupos de estudo e para quem vai preparar missas, por exemplo. A Paulus, que vende mais de 500 mil exemplares ao ano, tem três versões diferentes e agrega itens como mapas e notas de rodapé há mais de dez anos. "Se a gente tirar [os mapas e as notas] vai ter reclamação", diz o padre Zulmiro Caon, diretor de marketing da editora. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) tem sua própria editora que vende a versão da bíblia oficial da igreja católica. Está sendo planejada uma para o público jovem, informou Antonio Catelan, membro da comissão de doutrina e fé da CNBB.
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Uma bíblia para ler à beira da piscina - Instituto Humanitas Unisinos - IHU