15 Mai 2012
Centenas de prisioneiros palestinos em prisões israelenses encerraram ontem uma greve de fome que durava semanas, assinando um acordo com as autoridades de Israel, que prometeram melhorar as condições dos presos, segundo autoridades. Temia-se que tumultos sociais ganhassem grandes proporções caso algum preso morresse.
A reportagem é do New York Times e reproduzida pelo jornal O Estado de S. Paulo, 15-05-2012.
Segundo autoridades israelenses, o Egito e a Jordânia contribuíram para o fim da greve. Qadura Fares, presidente da Sociedade de Prisioneiros Palestinos, com base em Ramallah, Cisjordânia, disse que o acordo foi alcançado por líderes na prisão em nome de todas as facções palestinas.
Autoridades israelenses disseram que, entre outras coisas, o acordo prevê o retorno para as celas comuns dos detentos que estão em confinamento solitário e a retomada das visitas de parentes a prisioneiros de Gaza, território que está sob o controle do Hamas - a mais radical das principais facções palestinas.
As autoridades israelenses disseram que não fizeram nenhum acordo para pôr fim à prática de encarceramento sem acusações formais ou julgamento, e os atuais detidos administrativos cumprirão suas penas.
Prisão arbitrária
Mas Issa Qaraqe, ministro da Autoridade Palestina para assuntos de presos, disse ontem que houve acordo para que as penas de aproximadamente 300 prisioneiros que estão detidos sem acusações não sejam estendidas.
A maioria dos 4.500 presos palestinos em prisões israelenses foi julgada e condenada por violações de segurança. A agência de segurança interna de Israel, conhecida como Shin Bet, disse numa declaração que o acordo foi alcançado depois que os presos assumiram o compromisso "de interromper por completo a atividade terrorista dentro de prisões israelenses" e "de se abster de toda atividade que constitua um apoio prático ao terrorismo, incluindo recrutar pessoas para atividade terrorista, orientar, financiar, coordenar recrutas, ajudar recrutas", e atividades afins.
Os dois lados pareciam interessados em chegar a um acordo antes de hoje, quando os palestinos lembram a "nakba" (catástrofe) como qualificam a declaração de independência de Israel, em 1948. A guerra que se seguiu à declaração causou a fuga ou expulsão de centenas de milhares de palestinos, e o dia é tradicionalmente marcado por marchas de protesto.
Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Palestina, disse no fim de semana que a morte de um grevista de fome poderia ser "desastrosa" e causar o colapso do sistema de segurança na Cisjordânia. Representantes do Partido Fatah, de Abbas, e do Hamas estiveram no Cairo nos últimos dias para conversar com autoridades egípcias. A mediação externa foi necessária, pois muitos presos em greve eram associados a grupos com os quais Israel não mantém nenhum contato direto, incluindo o Hamas, que se recusa a reconhecer Israel, e a Jihad Islâmica. Para complicar ainda mais as coisas, as negociações de paz diretas entre Israel e a liderança da Cisjordânia dominada pela Fatah foram suspensas há mais de 18 meses.
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Palestinos encerram greve de fome - Instituto Humanitas Unisinos - IHU