08 Fevereiro 2012
A Campus Party completou seu segundo dia abrindo as portas ao grande público e dando início às palestras, que chamaram a atenção dos sete mil "campuseiros" no Anhembi. O palestrante mais esperado do dia foi Sugata Mitra, professor e pesquisador no Massachusetts Institute of Technology (MIT), curioso das relações entre tecnologia e educação. No espaço aberto, um campeonato de games com direito a arquibancada e narração simultânea foi o destaque.
A reportagem é de Murilo Roncolato e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 08-02-2012.
Mitra leciona tecnologia educacional na Universidade de Newcastle, além de coordenar pesquisas sobre o tema no MIT. Ele desenvolve há 15 anos experimentos que colocam computadores nas mãos de crianças que não têm acesso à escola. Sua conclusão é a de que os computadores e a internet podem promover um novo método de ensino, principalmente em países pobres como a Índia, onde nasceu. "Onde não há professores nem escola, deem a eles um bom computador e uma conexão banda larga", é o seu lema.
"A educação que temos hoje foi elaborada há 300 anos. Temos exigências e requisitos no mercado de trabalho que não batem com o que está sendo ensinado. Não sugiro que acabemos com toda a educação, precisamos redefinir o currículo e torná-lo interessante", disse.
O pesquisador criticou métodos de avaliação tradicionais e elogiou o incentivo à produção de tablets. "Provas medem memorização. Houve um tempo em que era importante ter boa memória, porque o cérebro era o único dispositivo para armazenar informações. Hoje, temos pen drives. Mas a compreensão do que está gravado no pen drive não é medida pelo sistema."
Sugata Mitra avalia que os tablets são atualmente a forma mais barata de se ter acesso à internet, e acredita no potencial educacional do uso de tablets em salas de aula. "Escolas estão se dando conta de que as crianças podem fazer muito com um tablet, além de economizar papel." Para ele, a grande mudança será no mercado de livros didáticos. "Aquela imagem de crianças usando mochilas pesadas a caminho da escola vai desaparecer logo", prevê.
Privacidade em xeque
No debate sobre segurança e privacidade na era digital, advogados, membros do Ministério da Justiça e da Procuradoria da República foram unânimes: é cada vez mais fácil e perigoso expor informações pessoais na rede. E retirá-las depois não é tarefa fácil.
"É preciso consciência no compartilhamento de dados", disse Omar Kaminski, advogado e membro do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br). "Uma vez perdida a privacidade, nunca mais conseguiremos recuperá-la." Os especialistas também recomendam sempre ler os termos de uso de provedores, e-mails e redes sociais.
Vitor Hugo das Dores Freitas, presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia da OAB-SP, ressaltou que ofensas na internet podem ser julgadas como injúria, calúnia e difamação, assim como qualquer outro crime. Segundo ele, nisto se incluem xingamentos e violações de privacidade publicadas via Twitter, Facebook e outras redes sociais.
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Uso do tablet pode revolucionar a educação - Instituto Humanitas Unisinos - IHU