Celibato: uma norma do século IV, mas não vigente no Oriente

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14 Setembro 2013

Aconselha-se o celibato nas Escrituras. Não se obriga. Essa liberdade foi seguida nos primeiros tempos da Igreja. A disciplina na matéria ganha forma no século IV, nas legislações conciliares.

A reportagem é de Armando Torno, publicada no jornal Corriere della Sera, 11-09-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

No entanto, ao regulá-la, Ocidente e Oriente (onde era concedido que aqueles que não sentiam a vocação do celibato usassem os seus direitos conjugais) se dividiram. As histórias indicam como primeira lei na matéria o cânone 33 do Concílio de Elvira (c. 300), que obrigava os ordenados in sacris à continência absoluta.

Além disso, no concílio romano de 386, o Papa Sirício promulgou uma norma análoga, com a intenção de difundi-la em toda a Igreja latina. O problema é mais complexo do que parece hoje: a Igreja latina sempre escolheu os padres entre aqueles que eram célibes. A oriental, ao invés, manteve a possibilidade de encontrá-los também entre os casados.

Mas, acima de tudo, o tema do celibato se apresenta – evidencia Gianantonio Borgonovo, biblista e arcipreste da Catedral de Milão – "para a celebração da Eucaristia". Na tradição oriental, ela continuava sendo um evento semanal. Na ocidental, depois do século VIII, ela foi se normalizando como um encontro diário.

Como "na práxis da Igreja não se tinha relações no dia anterior à celebração eucarística, entende-se como a tradição ocidental cada vez mais se orientou para escolher os seus próprios ministros (exceto os diáconos) entre aqueles que tinham feito a escolha da virgindade".

Foi apenas com o Concílio de Trento (século XVI) que o celibato eclesiástico se tornou efetivamente obrigatório e vinculante para todos os ministros ordenados da Igreja latina (a oriental, no entanto, manteve a práxis antiga).

Tal normativa, acrescenta Borgonovo, "não é extrínseca ao ministério presbiteral, mas ajuda a afirmar o testemunho de toda a vida comprometida no sacerdócio".

Na Igreja de Milão, houve até o século XI um ministério "concubinário", isto é, padres com esposas, mas não oficialmente casados. Santo Arialdo tentou combater exatamente tal costume. E morreu tentando.