Por: André | 21 Junho 2013
Francisco referiu-se, nesta quinta-feira, ao “escândalo” representado por milhões de pessoas que passam fome e denunciou a especulação financeira nos preços dos alimentos, durante uma audiência com os participantes da 38ª Conferência da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).
A reportagem está publicada no sítio Religión Digital, 20-06-2013. A tradução é do Cepat.
Ao recebê-los no Vaticano, o papa recordou em um discurso em espanhol que a crise econômica, os conflitos abertos e a mudança climática complicam a situação da luta contra a fome, mas, na sua opinião, o “verdadeiro escândalo” é que haja milhões de pessoas que sofrem e morrem de fome “quando é do conhecimento de todos que a produção de alimentos atual é suficiente” para todos.
“É necessário encontrar uma maneira para que todos se beneficiem dos frutos da terra, não apenas para evitar que aumente a diferença entre os que mais têm e os que têm que se conformar com as migalhas, mas também, e sobretudo, por uma exigência de justiça, equidade e respeito a todo ser humano”, disse o papa argentino.
Jorge Bergoglio fez um apelo para “fazer algo mais para incrementar a ação internacional em favor dos pobres, não apenas armados de boa vontade ou, o que é pior, de promessas que muitas vezes não se cumprem”.
Advertiu que na luta contra a fome “não se pode continuar utilizando como desculpa a crise global atual” enquanto existe, entre outras coisas, “a especulação financeira, que neste momento condiciona o preço dos alimentos, tratando-os como qualquer outra mercadoria e esquecendo seu destino primário”.
Diante disso, insistiu em que “é necessário opor-se aos interesses econômicos míopes e à lógica do poder de uns poucos, que excluem a maioria da população mundial e geram pobreza e marginalização, causando desagregação na sociedade, assim como combater essa corrupção que produz privilégios para alguns e injustiças para muitos”.
Além de assinalar que a atual situação está “diretamente relacionada com fatores financeiros e econômicos”, Bergoglio acrescentou que “é também consequência de uma crise de convicções e valores, incluídos os que são o fundamento da vida internacional”.
O papa destacou então a necessidade de que a comunidade internacional e a própria FAO empreendam uma séria reconstrução, como aquela iniciada por este organismo “para garantir uma gestão mais funcional, transparente e equânime”, e tomem “maior consciência da responsabilidade de cada um”.
Francisco também pediu que “as relações internacionais restabeleçam a referência aos princípios éticos que as regulam e redescubram o espírito autêntico de solidariedade que pode tornar incisiva toda a atividade de cooperação”.
O pontífice aplaudiu a ideia da FAO de dedicar o próximo ano à família rural, pois considerou que “é preciso reforçar a convicção de que a família é o principal lugar do crescimento de cada um, pois através dela o ser humano se abre à vida e a essa exigência natural de se relacionar com os outros”.
Concluindo, pediu ao organismo da ONU que dê um novo impulso “aos processos de tomada de decisões” e que estes se caracterizem “pela promoção da cultura do encontro e da solidariedade”.
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Francisco acolhendo a FAO denuncia “o escândalo de milhões de pessoas que morrem de fome” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU