Por: André | 11 Abril 2013
O dinheiro para tratar um problema de saúde do filho estava no quintal de Sidney Eurich. Endividado, ele encontrou nas ervas medicinais uma solução para as dificuldades financeiras. O pequeno agricultor se uniu a mais 20 famílias para formar a Coopaflora, Cooperativa de Produtos Agroecológicos, Artesanais e Florestais de Turvo, no Centro-Sul do Paraná. Hoje, mais de 130 famílias integram a cooperativa e vendem produtos orgânicos para empresas do setor farmacêutico, cosmético e de alimentos de todo o país.
A reportagem é de Alyne Lemes e publicada no jornal Gazeta do Povo, 11-04-2013.
Mas o processo não foi fácil. Além da resistência encontrada pelos homens que não acreditavam no poder de venda das ervas medicinais e aromáticas orgânicas, o grupo também precisou de capacitação. “Os homens compraram a ideia mesmo somente depois que viram o retorno financeiro”, conta a coordenadora de projeto do Instituto Agroflorestal (IAF), Roseli Cordeiro.
O Projeto Arvoredo, nome dado à marca dos produtos, oferece mais de 20 espécies entre ervas medicinais e aromáticas, condimentos e erva-mate. Todos os produtos são orgânicos e possuem certificação atestando que são livres de agrotóxicos. Somente em 2012, a Coopaflora vendeu mais de 60 toneladas de medicinais, aromáticas e condimentos, além de 120 toneladas de erva-mate nativa. Para 2013, os cooperados pretendem comercializar mais de 300 toneladas de produtos orgânicos.
Roseli acredita que a marca Arvoredo promoveu muito mais do que apenas uma renda extra para as agricultoras. A venda das plantas trouxe mais autoestima e cidadania para as famílias, principalmente para as mulheres. “Elas foram as grandes incentivadoras desse projeto. Muitas não tinham nem documento pessoal e viram numa prática comum entre elas a saída para uma vida melhor”, conta.
Em um ano, somente com a comercialização de melissa, Sidney conseguiu arrecadar R$ 9 mil. Segundo o agricultor, com a venda das ervas, além de manter as despesas da casa, ele aumentou seu rebanho de uma para 12 vacas e vende o leite produzido, cerca de 67 litros por dia, para um laticínio. Para este ano, ele adianta que vai aplicar recursos para aumentar a produção de leite comprando mais animais e um resfriador a granel.
Mesmo investindo na produção de leite, ele não pensa em abandonar o cultivo dos orgânicos. Sidney revela que, embora seja uma atividade que exige mais do produtor, utiliza uma pequena área e promove um bom retorno financeiro.
Projeto oferece assistência aos cooperados
Além do cultivo das ervas medicinais, o Projeto Arvoredo orienta os cooperados a cultivar produtos que promovam a sustentabilidade da família, tornando-os independentes dos produtos industrializados. “Eles fazem intercâmbio entre si, recebem suporte técnico com orientações sobre manejo na terra e cultivo de produtos adequados para cada tipo de solo”, conta o técnico em agropecuária do Instituto Agroflorestal Ioraldo Andrade Gusso.
Os produtos vendidos pelas famílias de Turvo vão principalmente para o setor farmacêutico e de cosméticos. Mesmo sendo um mercado em expansão, a técnica Roseli Cordeiro acredita que ainda falta um debate mais aberto sobre a produção e venda de orgânicos. “O produto orgânico no Brasil ainda é pouco valorizado. As pessoas vão sempre pelo preço e não se dão conta de que pagar 30% a mais por um produto natural ajuda a combater vários desastres ambientais”.
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O poder das plantas orgânicas - Instituto Humanitas Unisinos - IHU