03 Novembro 2014
A decisão de uma universidade jesuíta no estado do Nebraska, Estados Unidos, de proporcionar benefícios aos cônjuges de funcionários homossexuais motivou um forte protesto do arcebispo local, um dos mais recentes conflitos em uma batalha que, provavelmente, parece alargar-se à medida que o casamento gay se torna mais comum.
A reportagem é de David Gibson, publicada no sítio Religion News Service, 30-10-2014. A tradução é de Claudia Sbardelotto.
O padre Timothy Lannon, presidente da Creighton University, em Omaha, disse que a universidade católica reconheceria os cônjuges de funcionários homossexuais casados nos estados onde o casamento homossexual é legal. Esses cônjuges seriam elegíveis para fazer parte do plano de saúde da universidade.
O estado de Nebraska tem uma emenda constitucional que barra o casamento gay.
Além de Creighton, outras 21 universidades jesuítas agora oferecem benefícios aos parceiros do mesmo sexo.
A Universidade Notre Dame, de Indiana, também anunciou, em outubro, que irá oferecer benefícios a todos os cônjuges dos funcionários que estejam legalmente casados. Ao contrário de Nebraska, Indiana é um dos 32 estados onde o casamento gay é legal.
Lannon disse que a universidade começou a discutir a mudança um ano atrás, depois dos comentários do Papa Francisco - que também é um jesuíta - sobre acolher gays na Igreja sem julgá-los, e a comissão de benefícios da universidade aprovou a proposta por unanimidade.
Lannon disse que a decisão não implica um endosso ao casamento homossexual, mas uma questão de tratar os empregados de forma justa.
"Como você poderia esperar, algumas pessoas vão ficar muito felizes e algumas vão ficar bastante desapontadas comigo e com a decisão que tomei", disse Lannon ao jornal Omaha World-Herald.
O arcebispo George Lucas, de Omaha, foi um dos que reagiu com decepção.
"Apesar da afirmação do Pe. Lannon de que essa não é uma declaração de aprovação do casamento entre pessoas do mesmo sexo, essa é precisamente a mensagem que a universidade está dando", disse Lucas em um comunicado divulgado na segunda-feira (27 de outubro). "Estou consternado que a recomendação do comitê de benefícios da universidade considere substituir a lei divina a respeito do casamento".
Ao anunciar que iria proporcionar benefícios conjugais a casais do mesmo sexo, as autoridades da Notre Dame disseram que a universidade teve que seguir as leis trabalhistas estaduais e disseram que ainda apoiam a doutrina católica tradicional de que o casamento é entre um homem e uma mulher.
Mas o presidente da Notre Dame, o reverendo John Jenkins, acrescentou que para além das obrigações legais "reconhecemos um apelo urgente de acolher, apoiar e valorizar os irmãos e irmãs gays e lésbicas, que têm sido muito frequentemente marginalizados e até ostracisados, e muitos dos quais carregam as cicatrizes de tal tratamento".
O bispo Kevin Rhoades, da diocese de Fort Wayne-South Bend, que inclui o campus da Notre Dame, expressou preocupação com a decisão.
Rhoades pediu à Notre Dame para trabalhar com os bispos de Indiana para garantir isenções religiosas que impeçam o governo de "forçar nossas instituições católicas para estender os benefícios especiais que pagamos para os casamento tradicionais aos 'casamentos' de pessoas do mesmo sexo".
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Bispos contrários às universidades católicas que oferecem benefícios a parceiros do mesmo sexo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU