Por: André | 30 Outubro 2014
A crescente tensão dos fundos abutres sobre a Argentina poderia ter relação com os planos de Buenos Aires de desenvolver, com a ajuda da Rússia, a segunda maior reserva mundial de gás de xisto, opina um analista geopolítico.
A reportagem está publicada no sítio espanhol da cadeia de televisão RT, 28-10-2014. A tradução é de André Langer.
Não é nenhum segredo que a existência de grandes reservas de energia poderiam ser a causa da ingerência por parte de países Ocidentais, posto que a história conhece muitos exemplos de tais casos. Por esta razão, a Argentina – que depois da China tem a segunda maior quantidade de gás de xisto recuperável – poderia ser o próximo objetivo dos Estados Unidos, que, praticando o “terrorismo econômico”, como o definiu a presidenta da Argentina durante o seu discurso na 69ª Assembleia Geral e no Conselho de Segurança da ONU, através de seus fundos especulativos procura frear o desenvolvimento econômico do país, escreveu em um artigo de opinião para a RT o analista geopolítico Madhi Darius Nazemroaya.
As relações entre a Argentina e os Estados Unidos são cada vez mais tensas, assinalou o autor. A presidenta argentina, Cristina Fernández de Kirchner, criticou fortemente as atividades dos fundos abutres na ONU e indicou que as sentenças do juiz de Nova York, Thomas Griesa, “não são um movimento isolado”, mas fazem parte de uma estratégia bem calculada “pelo fato de que os abutres se parecem muito com as águias dos impérios”, alusão à águia calva, símbolo nacional dos Estados Unidos.
Ao mesmo tempo, a Embaixada dos Estados Unidos em Buenos Aires emitiu uma advertência de segurança para os cidadãos estadunidenses que querem viajar à Argentina ou já estão no país, e Cristina Fernández de Kirchner acusou Washington de conspirar para derrubar o seu Governo eleito democraticamente ou inclusive para livrar-se dela. “Se algo me acontecer, que ninguém olhe para o Oriente; olhem para o norte, por favor”, alertou a presidenta durante um programa de televisão no dia 30 de setembro.
Enquanto isso, em julho passado, no marco do seu giro pela América Latina, o presidente russo Vladimir Putin, declarou que a Argentina “é um dos sócios mais importantes da Rússia na América Latina”. As delegações de ambos os países assinaram uma série de documentos importantes, alguns deles no campo da energia, uma das áreas com mais perspectivas da cooperação bilateral.
No começo de outubro, Buenos Aires e Moscou contemplaram a produção conjunta dentro da Argentina, o abastecimento por parte da Gazprom e a exploração de gás não convencional. A ministra da Indústria da Argentina, Débora Giorgi, e o presidente da gigante estatal russa Gazprom, Alexei Miller, discutiram a possibilidade de implementação de projetos conjuntos e chegaram a um acordo sobre a cooperação da Gazprom com a empresa estatal argentina YPF. A Argentina também está interessada na cooperação com a Gazprom para a exploração de hidrocarbonetos não convencionais, como o gás de xisto, tanto na plataforma continental como na sua fronteira com o Chile.
Enquanto a Rússia está disposta a ajudar a Argentina a desenvolver sua economia, os Estados Unidos se esforçam para continuar a pressioná-la, desestabilizar ainda mais a economia argentina para o seu próprio benefício e impedir que o país avance convertendo-se em um exportador de energia, conclui o analista.
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Fundos abutres sobre a Argentina, arma dos Estados Unidos em uma guerra energética com a Rússia? - Instituto Humanitas Unisinos - IHU