Nos últimos dias têm se multiplicado nas redes sociais denúncias de ciclistas que dizem ter tido pneus de suas bicicletas furados por tachinhas em São Paulo. As queixas têm em comum o local onde os fatos aconteceram: a ciclofaixa da rua Artur de Azevedo, em Pinheiros, na zona oeste da capital paulista.

A reportagem é de Fabiana Maranhão e publicada pelo portal Uol, 13-10-2014.

A relações-públicas Rosa Bafile, 27, passou por isso duas vezes em um intervalo de menos de uma semana: no domingo (5) e no último sábado (11). Ela usa essa ciclofaixa praticamente todos os dias.

"No primeiro dia, achei que poderia ter sido um acidente. Alguém que derrubou uma caixa. Mas depois vi que foi sabotagem mesmo, porque eram muitas [tachinhas]. Se cinco pegaram no meu pneu, deve ter bem mais na ciclofaixa", relata.

Ela conta que, depois do que ocorreu, decidiu não usar mais a ciclofaixa. "Mudei meu caminho para não correr o risco", disse. Questionada se não seria mais arriscado circular fora da via destinada às bicicletas, ela afirma: "Sim, com certeza. Ciclovia é muito mais segurança para mim".

O diretor de serviços Thales Cyrino, 36, viveu situação parecida na última quinta-feira (9) quando seguia para o trabalho. "Não percebi nada no dia. Quando voltei a usar a bicicleta no domingo (12), o pneu estava totalmente murcho e havia uma tachinha nele. Foi só depois que li comentários no Facebook [de pessoas que passaram por isso] que caiu a ficha", lembra.

Ele gastou R$ 22 para comprar uma câmara de ar nova e aproveitou para adquirir uma reserva, para caso volte a acontecer algo do tipo. "O sentimento que fica é de tristeza, porque as pessoas não entendem a vantagem que a bicicleta traz para a cidade", lamenta.

No último sábado, a ciclista e entregadora de flores Dea Zanella, 33, também teve prejuízo ao passar pela mesma ciclofaixa. Uma tachinha amarela furou o pneu da bicicleta que usa no trabalho.

"Estamos trabalhando, e as pessoas ficam jogando tachinha na ciclofaixa. O sentimento é de desespero pela incompreensão dos outros, pelo nível de egoísmo", desabafa.

"Acho deprimente como as pessoas aqui são avessas a mudanças e a qualquer coisa que mexa um pouco na ordem das coisas. Elas acabam chegando em um nível muito baixo", opina o designer gráfico Paulo Zapella, 31, que encontrou duas tachinhas no pneu de sua bicicleta depois de passar pela mesma ciclofaixa no dia 4 deste mês.

A ciclofaixa da Artur de Azevedo começou a funcionar em 20 de setembro entre a rua Cunha Gago e a avenida Henrique Schaumann.

A reportagem do UOL passou pela ciclofaixa na manhã da segunda-feira (13) e encontrou uma tachinha na via nas proximidades do cruzamento com a rua Cônego Eugênio Leite.

A reportagem procurou a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), que informou que é responsável apenas pela implantação das ciclovias e ciclofaixas, cabendo às subprefeituras a manutenção delas. Procurada, a Coordenação das Subprefeituras não se pronunciou até o momento da publicação desta reportagem.