21 Julho 2014
A Igreja Evangélica é contrária a uma ajuda ativa a morrer. Mas uma entrevista, concedida pelo presidente demissionário do Conselho da EKD (Igreja Evangélica Alemã), Nikolaus Schneider, junto com a sua esposa que sofre de câncer, poderia voltar a reavivar a discussão. De fato, Schneider anunciou que, por amor, agiria até mesmo contra a posição da Igreja.
A reportagem é de Matthias Drobinski, publicada no jornal Süddeutsche Zeitung, 17-07-2014. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
A notícia tinha chegado a Nikolaus Schneider por SMS, enquanto, no Gendarmenmarkt de Berlim, ele estava dando uma entrevista, atividade cotidiana para o presidente do Conselho da Igreja Evangélica Alemã, o EKD.
À noite, ocorreria o tradicional baile da Berlim política por ocasião da festa de São João.
A notícia lhe chegara de Anna, sua esposa: ela lhe dizia que não era uma inflamação do peito que a atormentava, mas sim um câncer ou, melhor, uma forma de câncer particularmente agressiva.
O casal, 66 e 65 anos de idade, pretendia aproveitar a aposentadoria a partir do ano que vem – naquele momento, todos os projetos foram subvertidos.
No entanto, passaram a noite de festa com os amigos. Na segunda-feira seguinte, Nikolaus Schneider anunciou que iria deixar o seu cargo em novembro, para ter mais tempo para a sua esposa.
Os Schneider, que nos 44 anos de casamento vividos até agora empreenderam e realizaram muitas coisas juntos, falaram em uma entrevista ao Stern e ao Zeit sobre a doença e a possível morte, sobre a sua filha Maike que morreu de câncer, sobre a angústia e sobre a esperança cristã. As entrevistas tornaram-se diálogos comoventes.
Mas também contêm um potencial explosivo de tipo político-eclesial. Anne Schneider diz claramente que deseja uma ajuda ativa para morrer se as suas dores se tornarem insuportáveis.
E acrescenta: "Se eu chegar ao ponto de querer morrer, espero que o meu marido me acompanhe à Suíça". E Nikolaus Schneider diz que é claramente contrário ao suicídio assistido, mas que acompanharia a sua esposa para a última viagem – por amor a ela.
O máximo representante da Igreja Evangélica alemã não deixa dúvidas sobre a sua posição política. Explica a decisão de querer acompanhar a sua esposa caso ela escolhesse o suicídio assistido com aquilo que já tinha afirmado em 2007: "Não se pode decidir de uma vez por todas se e como, em uma situação concreta, ajudar a morrer ou se recusar a fazê-lo pode ser interpretado como expressão de amor cristão ao próximo".
No entanto, o debate sobre a atitude da Igreja Evangélica alemã em relação à ajuda ativa ao suicídio assistido deve se reavivar. Fundamentalmente, a Igreja Evangélica, como a católica, defende a proibição de um apoio organizado ao suicídio. Mas aumentam daqueles que julgam a questão de forma diferente ou que ao menos não consideram particularmente válidas as motivações.
Desde quinta-feira, estes últimos também têm a seu lado uma eminente teóloga: Anna Schneider, a esposa do presidente do Conselho da Igreja Evangélica.
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Suicídio assistido: uma triste notícia com um potencial político-eclesial explosivo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU