17 Março 2014
Uma manifestação de mais de 2 mil pessoas marchou unida no último domingo até a catedral de St. Gallen, na Suiça. Jovens e idosos, famílias e divorciados, com cartazes, manifestos, panfletos e gritos de guerra, pediram para encontrar o bispo, Dom Markus Büchel, presidente da conferência episcopal local, para uma conversa livre, franca e direta. O título da manifestação: "Chega!". O objeto da contestação: o bispo de Chur, Dom Vitus Huonder, acusado de ser um conservador de ideias retrógradas – um dos pontos de imputação também é uma simpatia nunca negada pela Fraternidade São Pio X, os lefebvrianos – que discriminaria homossexuais, divorciados em segunda união e "concubinos".
A reportagem é de Matteo Matzuzzi, publicada no jornal Il Foglio, 12-03-2014. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Portanto, é necessária uma reviravolta no rastro do que já foi desejado pelos fiéis nas respostas ao questionário pré-sinodal enviado em novembro passado às dioceses. Os manifestantes também divulgaram um documento em que defendem que "não é mais possível aceitar o modo pelo qual a Igreja está se desacreditando".
O que fez o copo transbordar foi a proposta apoiada também por Dom Huonder de fazer com que "aqueles que não vivem em conformidade com o ditado evangélico" participem da comunhão espiritual pondo-se na fila e "segurando os braços cruzados". Um modo para se distinguir daqueles que, ao invés, estando em plena regra, são admitidos ao sacramento.
Uma ideia que levou os manifestantes a pedir "que seja nomeado o mais rápido possível um administrador para ser posto ao lado do bispo de Chur, que tenha a confiança dos fiéis e dê nova esperança à diocese".
No cahier de doléances, também está o fato de que o bispo de Chur "critica publicamente aqueles fiéis que fizeram uso da pílula anticoncepcional ou preservativos". Eis por que os promotores da contestação desejam que, sobre a questão, até mesmo o papa seja envolvido, o mais rápido possível.
Mas a lista das demandas não para por aí, porque também se pediu ao presidente da Conferência Episcopal Suíça que faça com que (e de preferência em tempos possivelmente rápidos) "o pensamento, a palavra ou a ação eclesial não cause mais exclusão ou discriminação" e que "sejam tiradas consequências concretas e encorajadoras dos resultados da consulta sinodal".
Traduzindo, autorizar logo a reaproximação à eucaristia dos divorciados em segunda união – o exemplo citado, nesse caso, é o que foi oferecido em setembro pelo escritório pela cura de almas de Friburgo, contra o qual se manifestou o prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, o cardeal Gerhard Ludwig Müller.
O bispo de St. Gallen, Dom Büchel, aceitou conversar com os manifestantes e, depois de ter reiterado que não tinha o poder de entrar no mérito da operação de um bispo individual, ressaltou que "a manifestação demonstra que a unidade é repetidamente posta à prova" e que "as divisões e as tensões atravessam as confissões, mas também a Igreja Católica".
Em declarações ao Serviço de Informação Religiosa (Sir), o porta-voz da Conferência Episcopal Suíça, Simon Spengler, observou que "a preocupação principal é a unidade da Igreja", objetivo "nada fácil" a ser conquistado, mas que deve ser buscado continuamente, tendo "a vontade de encontrar soluções comuns".
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Fiéis em marcha contra o bispo que discrimina gays e divorciados - Instituto Humanitas Unisinos - IHU