20 Janeiro 2014
Na Igreja católica, os cardeais têm uma função central. São os mais diretos conselheiros do Papa, e aqueles entre eles que têm menos de 80 anos elegem o chefe da Igreja. No colégio cardinalício se evidencia, portanto, a direção político-eclesial que o Papa pretende dar à Igreja. Tradicionalmente, pertencem a este grupo os chefes de importantes organismos curiais e bispos de grandes dioceses da Igreja universal. Sob Bento XVI havia representação desproporcional de colaboradores curiais e de bispos europeus.
O comentário é de Kurt Appel, teólogo austríaco, publicado pelo jornal Der Standart, 17-01-2014. A tradução é de Benno Dischinger.
Com o seu primeiro consistório, isto é, sua primeira nomeação de cardeais, o Papa Francisco introduziu claramente certas mudanças. Dos 16 cardeais abaixo dos 80 anos que foram nomeados – aos quais se devem acrescentar três não eleitores com mais de 80 anos – só três estão com chefia de órgãos da Cúria.
No que diz respeito ao pertencimento geográfico, os 16 neo-cardeais eleitores provêm de 13 países, entre os quais a Nicarágua, a Costa do Marfim, o Burkina Faso e o Haiti, enquanto, por exemplo, não há nomeação de estadunidenses e foram tomados em consideração apenas três chefes de dioceses europeias.
Acima de tudo, o Papa dá, deste modo, ao seu gesto um ulterior significado – geográfico -, o de ser um Papa das pessoas que vivem às margens.
Evidencia-se, no entanto, também uma nova direção político-eclesial. Até agora se tornavam cardeais quase automaticamente os bispos de dioceses importantes. O Papa Francisco interrompeu esta tradição. A coisa resultou particularmente evidente para os bispos de Veneza, Bruxelas e Turim, que – sobretudo os primeiros dois, de tendência muito tradicionalista – permaneceram sem o barrete.
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Os novos cardeais.As claras mudanças de Francisco, segundo teólogo austríaco - Instituto Humanitas Unisinos - IHU