Por: André | 16 Novembro 2015
O que é o Pacto das Catacumbas? Durante o Concílio Vaticano II (1962-1965) um grupo de bispos, principalmente da América Latina, liderados por Helder Câmara, reuniam-se periodicamente para refletir sobre o lema da Igreja dos pobres que João XXIII tinha proposto para o Concílio. Eles eram motivados a isso por um desejo de fidelidade a Jesus pobre de Nazaré e também pelo testemunho do padre Paul Gauthier e da carmelita Marie Thérèse Lescase que trabalhavam como operários em Nazaré.
A reportagem é de Víctor Codina e publicada por Religión Digital, 14-11-2015. A tradução é de André Langer.
Após um longo tempo de diálogo e discussões, poucos dias antes do encerramento do Vaticano II, no dia 16 de novembro de 1965, 40 bispos reuniram-se nas Catacumbas de Santa Domitila de Roma para celebrar a eucaristia e firmar um compromisso, o chamado Pacto das Catacumbas, ao qual aderiram outros 500 bispos do Concílio.
Neste Pacto, os bispos, conscientes de suas deficiências em sua vida de pobreza, com humildade, mas também com toda determinação e toda a força que Deus lhes quiser dar, comprometem-se a 13 decisões. Resumimos brevemente seus principais conteúdos.
Procurar viver segundo o modo ordinário da nossa população no que diz respeito à moradia, alimentação e meios de locomoção; renunciar a ostentar sinais de riqueza nos trajes e metais preciosos, não ter nem ouro nem prata; não possuir bens móveis ou imóveis, nem contas bancárias em nome próprio, mas, caso for necessário, tudo em nome da diocese e obras sociais; confiar a administração financeira a leigos competentes e conscientes de sua missão apostólica; recusar ser chamados com títulos como Eminência, Excelência, Monsenhor... preferir ser chamados de padres; evitar todo tipo de concessões de privilégios e preferências.
A estas decisões, mais de cunho pessoal, acrescenta-se uma série de opções apostólicas: dispor de todo o seu tempo, reflexão, coração e meios a serviço das pessoas, dos grupos laboriosos e economicamente fracos, apoiando todos aqueles que se sentem chamados a evangelizar os pobres; transformar as obras de beneficência em obras sociais baseadas na caridade e na justiça; fazer o possível para que os governos decidam e ponham em prática as leis e estruturas necessárias para a justiça, igualdade e desenvolvimento harmônico do ser humano e de todos os seres humanos.
Como bispos, comprometer-se a ajudar os projetos de dioceses pobres e pedir a organismos internacionais estruturas que permitam às maiorias pobres sair de sua miséria; compartilhar a vida em caridade pastoral com padres, religiosos e leigos para que o ministério seja um verdadeiro serviço, revendo a vida com eles, procurando ser mais animadores da fé que chefes segundo o mundo.
Ao voltar às suas dioceses se comprometem a divulgar estas decisões aos seus diocesanos, pedindo que os ajudem com sua colaboração e orações.
Passaram-se 50 anos do Pacto das Catacumbas e muitas destas sementes evangélicas floresceram, mas muitos destes compromissos ainda continuam pendentes.
Este Pacto das Catacumbas se atualiza com o Papa Francisco, que com seus gestos simbólicos e suas exortações nos convida a viver uma vida simples e solidária, onde os ministros não sejam faraós, nem príncipes, nem capatazes... mas servidores que cheiram a ovelha, para que toda a Igreja seja pobre e para os pobres.
Os 50 anos do Pacto das Catacumbas pode ser para todos uma ocasião de exame e conversão a uma Igreja mais evangélica, à Igreja de Jesus, o carpinteiro de Nazaré.
Para isso, podemos repetir a oração com que termina o Pacto: “Ajude-nos Deus a sermos fiéis”.
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50 anos do Pacto das Catacumbas. “Muitos daqueles compromissos continuam pendentes” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU