Por: André | 19 Outubro 2015
“Jesus realiza essencialmente um sacerdócio de misericórdia e compaixão. Experimentou diretamente as nossas dificuldades, conhece a partir de dentro a nossa condição humana; o fato de não ter experimentado o pecado não o impede de entender os pecadores”. Essas palavras foram pronunciadas pelo Papa Francisco durante a homilia da missa de canonização de quatro novos santos, entre os quais estão Ludovico Martin e Maria Azelia Guérin, pais de Santa Teresa de Lisieux, que se convertem hoje no primeiro casal de esposos não mártires que foram canonizados. Os outros novos santos são o padre italiano Vincenzo Grossi (1845-1917), fundador do Instituto das Filhas do Oratório, e a religiosa espanhola Maria da Imaculada Conceição (1926-1998), superiora-geral da Congregação das Irmãs da Companhia da Cruz.
A reportagem é de Andrea Tornielli e publicada por Vatican Insider, 18-10-2105. A tradução é de André Langer.
Durante a homilia, o Papa não refletiu sobre as particularidades das vidas dos quatro novos canonizados, mas comentou as leituras do dia. A primeira, na qual Isaías “descreve a figura do Servo de Javé”, um “personagem que não ostenta uma genealogia ilustre, é desprezado, evitado por todos, acostumado ao sofrimento. Um daqueles de quem não conhece empresas grandiosas, nem célebres discursos, mas que cumpre o plano de Deus com sua presença humilde e silenciosa e com o seu próprio sofrimento”.
Que servo é Jesus? – observou o Pontífice refletindo sobre o Evangelho de Mateus que narra a história dos discípulos Tiago e João, que, estando diante de Jesus, reivindicam “postos de honra, segundo sua visão hierárquica do Reino” de Deus. “A perspectiva com que se movem – observou Francisco – ainda estava contaminada pelos sonhos de realização terrena”. A resposta de Cristo “é um convite para segui-lo pelo caminho do amor e do serviço, rejeitando a tentação mundana de querer se sobressair e mandar nos outros”.
“Diante dos que lutam para alcançar o poder e o sucesso – indicou o Papa Francisco – os discípulos são chamados a fazer o contrário”. Jesus “convida a mudar de mentalidade e a passar do afã do poder à alegria de desaparecer e servir; a erradicar o instinto de domínio sobre os outros e viver a virtude da humildade”.
Há certa incompatibilidade entre uma forma de conceber o poder segundo critérios mundanos, acrescentou Francisco, e o serviço humilde que “deveria caracterizar a autoridade segundo os ensinamentos e o exemplo de Jesus. Incompatibilidade entre ambições, o carreirismo e o seguimento de Cristo; incompatibilidade entre honras, sucesso, fama, triunfos terrenos e a lógica do Cristo crucificado”.
O Papa, em seguida, refletiu sobre a Carta aos Hebreus, que apresenta Cristo “como o Sumo Sacerdote que compartilha totalmente a nossa condição humana, menos o pecado”. Jesus, explicou, “realiza essencialmente um sacerdócio de misericórdia e compaixão. Experimentou diretamente as nossas dificuldades, conhece a partir de dentro a nossa condição humana; o fato de não ter experimentado o pecado não o impede de entender os pecadores. Sua glória não está na ambição ou na sede de domínio, mas no amor aos homens, em assumir e compartilhar sua fraqueza e oferecer-lhes a graça que restaura, acompanhar com ternura infinita seu atribulado caminho”.
“Todos – concluiu – podemos receber a caridade que brota de seu Coração aberto, tanto por nós como pelos outros: somos ‘canais’ de seu amor, de sua compaixão, especialmente com os que sofrem, os que estão angustiados, os que perderam a esperança ou estão sozinhos”. Palavras significativas também para o caminho do Sínodo sobre a Família, que entra na sua terceira semana de trabalho.
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O Papa: a ambição e o carreirismo são incompatíveis com o seguimento de Jesus - Instituto Humanitas Unisinos - IHU