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18 Setembro 2015

"Os que chamávamos de 'emergentes' são hoje os afundantes. Até porque há verdadeiros emergentes: Jéssica, por exemplo, que é obrigada a acreditar no seu esforço, e não no amor da mãe (que não teve) ou da babá (que também não teve)", escreve Contardo Calligaris, psicanalista, doutor em psicologia clínica e escritor, em artigo publicado por Folha de S. Paulo, 17-09-2015.

Eis o artigo.

Os que chamávamos de 'emergentes' são hoje os afundantes. Até porque há verdadeiros emergentes...

Gostei muito do novo filme de Anna Muylaert e admirei as performances de Regina Casé e de Camila Márdila. Também achei bem-vinda a escolha do filme para representar o país no Oscar, porque "Que Horas Ela Volta?" é um retrato tocante e fiel de nossa sociedade hoje.

Sem spoilers: Val é babá e empregada na casa de Bárbara e Carlos. Ela criou o filho deles, Fabinho, e, enquanto isso, há anos, deixou de criar (e de ver) sua própria filha, Jéssica. Um dia, Jéssica reaparece: ela vem a São Paulo para tentar o vestibular. Val hospeda a filha na casa onde mora: a dos patrões.

1) Na classe média abastada, a babá se transforma quase sempre em empregada. Aliás, ela nunca foi propriamente uma babá, mas uma empregada que tinha jeito com as crianças. Ou talvez ela nunca deixe de ser uma babá: ela começou como babá das crianças e acaba sendo a babá de toda a família –que é assim reduzida a um jardim de infância de pseudoadultos.

A infantilização de todos pela babá-empregada é um exemplo do que Hegel observava sobre o mestre e o escravo: à força de ser servido, o mestre desaprende a lidar com o mundo, torna-se um inútil. O mestre antigo, ao menos, de vez em quando, saía pelo mundo desafiando a morte: a coragem o qualificava como mestre. O mestre moderno, nem isso: ninguém entende mais por qual mérito ele continuaria sendo "mestre".

2) Uma consequência habitual do recurso ao serviço da babá é o ciúme das mães, que se sentem (e são) menos amadas do que a mulher a quem elas confiam seus filhos.

3) A babá mima tanto quanto a mãe, se não mais: o filho de criação é idealizado além da conta (talvez para compensar o abandono do filho natural, no caso de Val, da filha). Conclusão: a mãe topa qualquer coisa para que o filho lhe perdoe a ausência, e a babá topa qualquer coisa para se perdoar pelo abandono de seus próprios filhos.

Em suma, o filho do qual cuida a babá é, para a babá como para a mãe, a coisa mais linda (e mais "rica") do mundo. Coitado dele.

4) Fabinho, mimado por Val, é improdutivo e incapaz de encarar uma frustração. Carlos desistiu da vida. Bárbara é "estilista", o que, no caso, significa que sua função social se resume em manter uma pose.

Os que chamávamos de "emergentes" são hoje os afundantes. Até porque há verdadeiros emergentes: Jéssica, por exemplo, que é obrigada a acreditar no seu esforço, e não no amor da mãe (que não teve) ou da babá (que também não teve).

5) Quando cheguei ao Brasil, nos anos 1980, o país parecia dividido em castas, criadas e mantidas pela extrema desigualdade.

Ou seja, as diferenças quantitativas (de renda) produziam uma distância qualitativa, aparentemente insuperável. Ora, um sistema de castas, para se manter, precisa que cada um, em cima ou embaixo, "saiba qual é seu lugar" e se identifique com ele. Jéssica, como diria Val, não sabe mais qual é o seu lugar. Graças às Jéssicas, pode acabar a sociedade de castas no Brasil.

6) Na Folha de domingo (13), Mauro Paulino e Alessandro Janoni, do Datafolha, notaram que as Jéssicas são, hoje, vítimas da crise e do desgoverno. Será que por isso elas deixarão de desafiar o sistema brasileiro de castas?

Penso que não: as Jéssicas não são apenas novas consumidoras (eventualmente subsidiadas). O país não está melhor porque Val e Jéssica podem bancar um aluguel ou comprar potinhos com capa de renda.

O país está melhor porque, para as Jéssicas, ser cidadão não é o efeito de uma condição econômica privilegiada. Jéssica, mesmo empobrecida, continuará se dando o direito de se sentar na sala, dizer o que pensa e tentar o vestibular numa escola de elite.

7) Anna Muylaert poderia ter me contratado como consultor para "Que Horas Ela Volta?". Em Porto Alegre, quando cheguei ao Brasil, no fim dos anos 1980, nossa Val era a Vera. Vera tinha uma filha, que se chamava Letícia e que tinha uma idade parecida com a de meus enteados.

Lembro-me de um diálogo (incompreensível para mim, europeu) para decidir se Letícia podia usar a piscina de casa.

Lembro-me também que Vera gastava muito mais do que seria prudente em enciclopédias e coleções de clássicos. Aqueles livros, acumulados no quartinho dos fundos, eram o jeito de Vera lembrar o que ela desejava para a filha.

Funcionou: Letícia, hoje, é professora. Letícia é a primeira Jéssica que conheci. Esta coluna é dedicada a ela.


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