MST ocupa ferrovia da mineradora Vale no Pará

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05 Agosto 2015

Dois mil trabalhadores rurais Sem Terra ocuparam nessa manhã a ferrovia de Carajás em Parauapebas (PA) utilizada pela Vale para escoar o minério extraido da minas do sudeste paraense até o porto de Itaqui, em São Luis (MA).

A reportagem é de Marcio Zonta, publicada pela página do MST, 03-08-2015.

A mobilização faz parte da Jornada Nacional de Lutas por Reforma Agrária promovida pelo movimento em todo brasil. A Vale tem se tornado uma das principais inimigas dos camponeses na região, os expulsando de suas terras para expansão de seu projeto minerador no Pará.

Além disso, a empresa subtraiu dos cofres públicos do Pará mais de R$ 25 bilhões, num estado onde habitam oito milhões de habitantes e mais de dois milhões vivem abaixo da linha da pobreza.

Segundo a economista do Inesc, Alessandra Cardoso os dados por empresas mostram as escandalosas cifras do monopólio da Vale no controle destes incentivos. Nada menos do que 74% dos R$ 506,96 milhões destinados pela Superintendência de Desenvolvimento na Amazonia (SUDAM) são apropriados pela Vale em vários projetos na exploração de ferro e cobre.

Para Rafaela Dias, da direção do MST no Pará a mineradora representa o que mais de atrasado e colonizador existe na região amazônica. “Enquanto isso, a politica econômica do governo se pauta pelos cortes nas áreas sociais e a inoperância em relação a reforma agrária com todas as regalias dada a Vale que só rouba o povo paraense”.

Paralisado

Se a mineração tem todos os créditos possibilitados para contitnuar o saque mineral no Pará, a reforma agrária segue paralisada na região.

Conforme a Comissão Pastoral da Terra (CPT) de Marabá, existem 13 mil famílias acampadas na região em aproximadamente 120 fazendas ocupadas somente no sul e sudeste do Pará.

As famílias ficam em média dez anos debaixo da lona preta sem atenção devida do INCRA e vulneráveis a violência dos latifundiários. “A demora do INCRA e da justiça federal em concluir processos tem sido a causa, inclusive, dos últimos assassinatos no Pará e o não andamento da reforma agrária no estado”, acusa o advogado da CPT, José Batista Afonso.

O número de famílias assentadas nos últimos dois anos no Pará foram de apenas 711 famílias, divididas em seis assentamentos. O que não representaria nem 10% da demanda da região.

Portanto, a média de 355 famílias assentadas anualmente seria irrisória. “Se considerarmos apenas as ocupações existentes, e não houvesse nenhuma outra ocupação de terra na região nos próximos anos, o INCRA de Marabá levaria mais 37 anos para assentar as treze mil famílias que aguardam na fila nas ocupações”, calcula Batista.

Para o advogado da CPT, a situação indica uma inoperância do INCRA para resolução agrária no Pará. “Isso demonstra a falência do órgão no processo de desapropriação de terras no sul e sudeste paraense”, conclui.

Rafaela complementa: “Não sairemos daqui, de cima desses trilhos e da margem dessa ferrovia enquanto não formos devidamente atendido pelo governo federal na distribuição de terras dessa região”, define.