16 Julho 2015
No seu blog Cyberteologia, 14-07-2015, o jesuíta italiano Antonio Spadaro, diretor da revista La Civiltà Cattolica, escreve que "a viagem do Papa Francisco à América Latina também teve um significado ecumênico, graças à presença, durante toda a sua duração, de Sua Eminência Dom Tarasios, arcebispo metropolitano de Buenos Aires e exarca da América do Sul. Dom Tarasios conhece o Papa Francisco há muitos anos e costumava se encontrar e discutir com ele sobre temas e problemas pastorais".
Spadaro observa que "Dom Tarasios oferece as suas boas-vindas também em nome do Patriarca Bartolomeu, representando a Igreja Ortodoxa. Expressam-se cordialmente sentimentos de gratidão e se manifesta a alegria de testemunhar juntos que o verdadeiro amor e a verdadeira fraternidade entre as Igrejas não se limitam a uma mera escolástica ou a uma correta relação diplomática, mas a uma experiência de vida fundamentada no Evangelho".
Segundo o jesuíta, "o metropolita define o papa como 'Santidade e Irmão mais velho'. A sua visita é captada como ocasião de encontro, de alegria e de empenho. Expressa-se, por fim, a consciência de que a eleição do arcebispo de Buenos Aires ao pontificado poderá contribuir para fazer com que a América Latina seja considerada como um grande tesouro para a humanidade".
No fim da celebração eucarística em Campo Grande de Ñu Guasú, no Paraguai, Dom Tarasios dirigiu ao Papa Francisco as seguintes palavras.
Eis o discurso de saudação.
Vossa Santidade Papa Francisco,
Que a Graça e a Sacra Ternura de Nosso Senhor estejam com o senhor.
Tenho a honra, no meu cargo de Arcebispo Metropolitano de Buenos Aires e Exarca da América do Sul, de dar as boas-vindas a Vossa Santidade por parte de Sua Santidade o Patriarca Ecumênico e querido irmão em Cristo, Bartolomeu.
Do fundo do meu coração e da minha alma, desejo lhe expressar a minha mais profunda gratidão pelo privilégio de ter me recebido durante os dias de sua visita pastoral ao Equador, Bolívia e Paraguai. Acredito que esta visita é histórica e foi por isso que lhe expressei o meu desejo de estar presente durante ela, representando a Igreja Ortodoxa, o Patriarcado Ecumênico de Constantinopla e a nossa jurisdição sul-americana.
Sua pronta resposta à minha missiva me encheu de alegria. Hoje, essa alegria se completou, enquanto estivemos juntos mais uma vez dando testemunho de que o verdadeiro amor e a fraternidade entre as Igrejas não se limitam a uma mera escolástica inter-religiosa, ou a um correto protocolo diplomático, ou a um ameno discorrer ecumênico, mas é uma vivência real, pura e salvífica baseada no mandamento do Senhor.
Santidade e Irmão mais velho,
Atrevo-me a lhe chamar assim, tal como o fazia em Buenos Aires, com respeito e amor. Compartilhamos muitos anos em Buenos Aires, onde aprendi com o senhor a ser um bom bispo e pastor, e agora a Divina Providência nos une mais uma vez nestas terras sul-americanas, cuja realidade tem sido motivo de diálogo, preocupação e interesse para ambos.
Hoje, no entanto, é motivo de encontro, de alegria, de compromisso, o compromisso de seguir velando, cada um a partir de sua posição na Igreja, que é Una, Santa, Católica e Apostólica, pelo crescimento no Espírito dos habitantes destas bem-amadas terras que, apesar de tudo, foram abençoadas por Deus com um fervor e uma fé tão amplas quanto as suas dimensões geográficas.
Obrigado, Santo Padre, por ter estado entre nós nesta viagem; obrigado pela sua estada como bispo de Buenos Aires; obrigado por dar ao mundo esse sotaque sul-americano, por dar testemunho de que o por alguns chamado "terceiro mundo" também tem para oferecer um grande tesouro para a humanidade.
No Equador, Bolívia e Paraguai, entre os dias 6 e 12 de julho de 2015 – e oxalá em breve na Argentina –, durante a visita apostólica de Vossa Santidade, permaneço com carinho filial e fraternal,
Seu fervoroso suplicante diante de Deus,
† Tarasios
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A viagem do Papa Francisco à América Latina e o ecumenismo. A mensagem do Metropolita Tarasios - Instituto Humanitas Unisinos - IHU