18 Mai 2015
No dia 17 de maio, celebra-se em nível internacional o Dia contra a Homofobia, a Bifobia e a Transfobia. Nos dias anteriores e posteriores a essa data, as Igrejas batista, metodista e valdense, e algumas paróquias católicas vão celebrar vigílias e cultos dominicais em memória das vítimas da homotransfobia.
Falamos a respeito com Letizia Tomassone, pastora valdense de Florença e coordenadora da Comissão Fé e Homossexualidade de tais Igrejas.
A reportagem é de Marta D'Auria, publicada no sítio Riforma.it, 15-05-2015. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Eis a entrevista.
De onde nasce o compromisso das Igrejas batista, metodista e valdense contra a homofobia?
Nasce do pedido que vem das irmãs e dos irmãos homossexuais e transexuais de pronunciar uma palavra de justiça contra as violências. Isso vai em paralelo com tudo o que foi feito e é feito para criar comunidades inclusivas em que se consiga superar os preconceitos, as dificuldades de aceitação das pessoas homossexuais e transexuais. Nisso, teve um grande papel nos anos passados a Rede Evangélica Fé e Homossexualidade (Refo). Certamente, há muitas Igrejas que não tematizam por si sós o tema da homossexualidade, mas vivem a vigília contra a violência em relação às pessoas homossexuais e transexuais, porque é uma vigília de oração, de lamento e também de anúncio da graça e do compromisso concreto contra todo tipo de violência e preconceito.
O versículo bíblico que vai unir os momentos de oração que vão ser realizados na Itália e em todo o mundo foi escolhido por uma pesquisa online, realizada em italiano e em inglês. Trata-se do versículo 14 do Salmo 139, "Sede bendito por me haverdes feito de modo tão maravilhoso". Por que, na sua opinião, essas foram as palavras bíblicas mais votadas? Qual mensagem elas comunicam?
Certamente, são palavras que falam sobre a aceitação por parte dos outros e por parte de si mesmos. Também falam sobre o próprio orgulho de ser uma criatura de Deus, feita plenamente por Deus e, portanto, de algum modo, remetem a uma criação original que não busca a conversão das orientações sexuais e da identidade sexual, mas o pleno florescimento de uma pessoa justamente na posição em que se encontra. É um versículo muito positivo, e, por isso, acredito que as vigílias deste ano talvez terão menos um tom de lamento, de denúncia, e mais um tom de um novo impulso mais positivo, de apoio, de reforço das pessoas homossexuais e transexuais.
Infelizmente, na Itália, ainda são frequentes os episódios em que as pessoas são vítimas de discriminação e violência por causa da própria identidade sexual. Que iniciativas são necessárias para efetivamente combater a homofobia e a transfobia em todas as suas formas?
É necessário que as Igrejas trabalhem mais sobre esse tema. No exterior, muitas Igrejas organizam grupos de encontro, de intercâmbio entre pais de jovens homossexuais, lésbicas, transexuais. Isto é, há muitas oportunidades para ajudar a superar o preconceito que se desenvolve, em primeiro lugar, na família, depois, no círculo de amigos, depois, na escola. Mesmo aqui entre nós, é necessário criar mais um intercâmbio sobre essas questões e não deixar que as pessoas – mesmo aquelas que estão envolvidas em segundo lugar, como os pais, os tios – permaneçam sozinhas diante desse tema, mas possam viver ocasiões de intercâmbio com os outros. E isso está acontecendo pouco a pouco. Certamente, a violência e o preconceito são muito difundidos na Itália.
O caminho é longo, e as Igrejas tentam fazer a sua parte. São cerca de 23 as cidades italianas onde haverá vigílias ecumênicas de oração pelas vítimas de homofobia. Em Florença, no dia 20 de maio, a vigília na igreja batista será precedida por uma procissão de velas, que vai passar pelo centro histórico florentino. Isso significa que os fiéis – saindo das quatro paredes das igrejas – começam a testemunhar publicamente um posicionamento sobre esse tema não apenas com os documentos e as declarações oficiais dos sínodos e das assembleias, mas também com os próprios corpos?
É bonita essa interpretação. Naturalmente, também aqui as Igrejas são impulsionadas a fazer essas ações por grupos de fiéis homossexuais. É como se houvesse um convite, uma vocação que nos é dirigida por pessoas que estão às margens das nossas Igrejas e que querem se tornar mais visíveis, e o seu testemunho, em relação a nós, nos enriquece absolutamente. Será interessante, no entanto, ver como reage a cidade de Florença.
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Vigílias de oração em memória das vítimas da homotransfobia - Instituto Humanitas Unisinos - IHU