27 Março 2015
Alguns, nos sacros palácios romanos, já o definiram como um "milagre" do Santo Sudário. Sim, porque um papa em visita oficial a um templo valdense nunca tinha sido visto na história. Mas isso vai acontecer na próxima segunda-feira, 22 de junho, quando Francisco, em Turim desde o dia anterior para a exposição do Sudário e para homenagear São João Bosco no bicentenário do nascimento, vai atravessar, às 9 horas, a entrada da casa dos valdenses no Corso Vittorio, centro da cidade.
A reportagem é de Mauro Pianta, publicada no jornal La Stampa, 26-03-2015. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
"Sempre existe uma primeira vez", observa o pastor Eugenio Bernardini, moderador da Mesa Valdense, 25 mil fiéis em toda a Itália. Bergoglio conhece os valdenses desde quando era bispo na Argentina. Eleito papa, depois, repetidamente expressou palavras de amizade por essa comunidade.
Em setembro de 2013, encontrou o moderador Bernardini. "Um encontro nada formal, que – lembra o pastor –, junto com palavras e gestos muito apreciados, nos levou a convidar o papa aqui em Turim, no primeiro templo que os valdenses puderam construir fora do gueto dos 'Vales Valdenses', cinco anos depois da emancipação que lhes foi concedida em 1848 por Carlo Alberto."
A comunidade nascido pelo pregador francês Valdo no ano 1200 pertence à galáxia protestante. Foram perseguidos pela Igreja e pelos católicos reais, encontraram refúgio nos vales do Pinerolo, chamados desde então, Vales Valdenses.
O arcebispo de Turim, Cesare Nosiglia, na coletiva de imprensa dessa quarta-feira no Vaticano, para a apresentação da exposição do sudário que será realizada entre os dias 19 de abril e 24 de junho, declarou: "É um encontro muito importante e, notamos, não são os valdenses que vêm encontrar o papa, mas é o papa que vai ao encontro dos valdenses. É sempre ele que dá o passo. É a Igreja em saída, como ele diz".
Os dois dias
A visita de Francisco a Turim será de dois dias (21 e 22 de junho) intensos. Assim que sair do avião, ele se encontrará com o mundo do trabalho. Mas, em primeiro lugar, haverá também doentes, presos, pobres. E, especialmente, os jovens.
No domingo, 21, na cidade de santos sociais, Francisco vai almoçar com uma família Rom, com jovens presos do Ferrante Aporti, com os imigrantes e com os sem-teto. No Cottolengo, à tarde, vai abraçar doentes e deficientes.
"As ofertas arrecadadas durante a exposição do sudário – lembra Dom Nosiglia – serão entregues ao pontífice, que poderá usá-las para os pobres."
Na agenda, também um momento "familiar": os parentes piemonteses do papa estarão em Turim e, no dia 22, vão ficar por um longo tempo com ele. Para eles, missa e almoço.
Contagem regressiva
O momento espiritual principal será a visita ao Santo Sudário, no dia 21 de manhã, na catedral. Depois, na parte da tarde, uma oração privada no Santuário da Consolata. Em seguida, a etapa em Valdocco, na Basílica de Santa Maria Auxiliadora, onde se encontrará com os salesianos.
A Praça Vittorio será o ponto de referência para o encontro com o povo: na manhã do dia 21, a missa e, à tarde (às 18 horas), com os jovens.
E Turim já está em contagem regressiva com 850 mil reservas para o Sudário, das quais 10% são do exterior, e 4.500 voluntários. Mas, de 19 de abril a 24 de junho, o período da exposição do manto sagrado, os peregrinos poderiam ser muitos mais. Outro "milagre" esperado pelos organizadores.
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O papa em uma igreja valdense: a primeira vez na história - Instituto Humanitas Unisinos - IHU