26 Março 2015
Enquanto o Sudeste brasileiro vive o pesadelo da maior crise hídrica da história, com a hipótese ainda não descartada de adotar rodízio de cinco dias sem água, o Norte do País ostenta riqueza de rios e volume de chuvas. A possibilidade de esgotamento dos recursos na região ainda não preocupa a população, embora dados de desperdício de água sejam alarmantes, principalmente em Manaus.
A reportagem é de Luana Carvalho, publicada no jornal A Crítica, 24-03-2015
O amazonense paga 43% a mais na conta de água do que a média cobrada em outros Estados brasileiros. Ainda assim, moradores de Manaus usam quase o dobro do necessário para viver. São 18 milhões de metros cúbicos (m³) de água por mês, quando o ideal seria 10 milhões de m³ para uma cidade com a mesma densidade demográfica. Cada metro cúbico equivale a mil litros de água.
“Quase metade desse volume da água é usado indevidamente, com práticas irregulares e ligações clandestinas. Hoje mais de 50% do fornecimento de água não é faturado pela empresa”, informou o diretor de distribuição da concessionária Manaus Ambiental, Arlindo Sales.
Na prática, o consumo do manauense é mais alto que o recomendado. Uma família com quatro pessoas, por exemplo, utiliza em média 18 mil litros de água por mês, o que equivale a aproximadamente 159 litros por habi tante/dia. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), uma família com quatro pessoas, com mudanças de hábitos nas atividades diárias, deve consumir no máximo 110 litros por pessoa durante o dia.
“Nosso consumo é um dos maiores do País. Aproximadamente 20% dos consumidores com práticas ruins têm o consumo muito acima da sua realidade, gerando o que a gente chama de ‘cidade invisível’. Produzimos água para quase quatro milhões de pessoas”, complementou Arlindo.
Desperdício
Os números refletem os mais altos índices de perda de água do Brasil. Dados mais atualizados do Sistema Nacional de Informações Sobre Saneamento (SNIS) apontam que o Estado comprometeu mais da metade de água que produzida em 2013. Foi a segunda maior perda de distribuição do País, quando 62,7% da produção foi desperdiçada antes mesmo de chegar às torneiras dos consumidores. Só na capital, o desperdício atingiu 47% da produção de água tratada.
Energia
O consumo exagerado de quem vive no Amazonas vai além do desperdício de água. No ano passado, o consumo de energia também sofreu aumento. Foi um crescimento de 5,5% em relação ao ano anterior, quando a Eletrobras Amazonas Energia registrou um consumo de quase 6 bilhões de quilowatts no Estado.
De acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o consumo médio de uma família no País é de 150 kWh. Mas no Amazonas, a média residencial é de 380 kWh, o que que corresponde hoje a R$162,54 na conta de energia.
A perda de energia equivale a 38% de tudo o que é gerado, o que equivale a aproximadamente R$ 400 milhões ao ano, refletindo o mais alto índice de perdas de energia elétrica do Brasil. De acordo com a Eletrobras Amazonas Energia, os furtos de energia afetam diretamente a qualidade da energia, contribuindo com o aumento da tarifa, além de colocar em risco a vida dos consumidores. Nos últimos anos, a concessionária contabilizou um prejuízo de mais de R$ 1,5 bilhão em razão das perdas comerciais causadas por ligações clandestinas, fraudes, furtos e outros tipos de irregularidades na rede elétrica.
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Com riqueza de rios e chuvas, Manaus ostenta dados alarmantes de desperdício de água - Instituto Humanitas Unisinos - IHU