14 Fevereiro 2015
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 1, 40-45 que corresponde ao 6º Domingo do Tempo Comum, ciclo B do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
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Locutor: Gilberto Faggion
Eis o texto
De forma inesperada, um leproso «aproxima-se de Jesus». Segundo a lei, não pode entrar em contato com ninguém. É um «impuro» e tem de viver isolado. Tampouco pode entrar no templo. Como pode Deus acolher na Sua presença a um ser tão repugnante? O seu destino é viver excluído. Assim estabelece a lei.
Apesar de tudo, este leproso desesperado atreve-se a desafiar todas as normas. Sabe que está a agir mal. Por isso se coloca de joelhos. Não se arrisca a falar com Jesus de frente. Desde o chão, faz esta súplica: «Se queres, podes limpar-me». Sabe que Jesus o pode curar, mas quererá limpá-lo? Atrever-se-á a tirá-lo da exclusão a que está submetido em nome de Deus?
Surpreende a emoção que se produz em Jesus próximo do leproso. Não se horroriza nem recua. Ante a situação daquele pobre homem, «comove-se no Seu intimo». A ternura desborda. Como não irá querer limpá-lo, Ele que só vive movido pela compaixão de Deus para com os Seus filhos e filhas mais indefesos e desprezados?
Sem qualquer dúvida, «estende a mão» para aquele homem e «toca» a sua pele desprezada pelos puros. Sabe que está proibido pela lei e que, com este gesto, reafirma a transgressão iniciada pelo leproso. Só o move a compaixão: «Quero: fica limpo».
Isto é o que quer o Deus encarnado em Jesus: limpar o mundo de exclusões que vão contra a Sua compaixão de Pai. Não é Deus quem exclui, mas as nossas leis e instituições. Não é Deus quem margina, mas nós. No futuro, todos têm de ter claro que ninguém deve ser excluído em nome Jesus.
Segui-Lo significa não horrorizar-nos ante nenhum impuro nem impura. Não retirar nenhum «excluído» de nosso acolhimento. Para Jesus, em primeiro lugar está a pessoa que sofre e não a regra. Colocar sempre à frente a regra é a melhor forma de ir perdendo a sensibilidade de Jesus ante os desprezados e rejeitados. A melhor forma de viver sem compaixão.
Em poucos lugares é mais reconhecível o Espírito de Jesus do que nessas pessoas que oferecem apoio e amizade gratuita a prostitutas indefesas; que acompanham doentes de AIDS esquecidos por todos, que defendem a homossexuais que não podem viver dignamente a sua condição... Eles recordam-nos que no coração de Deus cabem todos.
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Deus acolhe os «impuros» - Instituto Humanitas Unisinos - IHU