Por: Patricia Fachin e João Vitor Santos | 02 Abril 2017
Literatura e Teologia são campos que se cotejam. Para a professora Rita de Cassia Scocca Luckner, mestra em Ciências da Religião, a Literatura pode ser um caminho para se aproximar de conceitos e dogmas tratados na Teologia. São esses os movimentos que faz na análise minuciosa da obra Incidente em Antares, de Erico Verissimo. “Linguagem simbólica, própria da Literatura e da Teologia, possibilita observar elementos dentro da obra que indiquem a ambivalência da natureza humana, em que o Bem (virtudes) e o Mal (pecados) inevitavelmente coexistem”, destaca. É uma articulação, segundo a professora, que aproxima Verissimo de Tomás de Aquino. “A articulação das pontuações de Tomás de Aquino acerca dos sete pecados capitais, para a releitura da obra Incidente em Antares, permite uma reflexão sobre o comportamento humano por meio de uma analogia com os personagens da trama”, completa.
Na entrevista, concedida por e-mail à IHU On-Line, Rita também destaca a crítica social presente na subjetividade da história contado por Verissimo. “A greve ocorrida na fictícia Antares afirmou-se como convocação democrática, pela qual os trabalhadores exercem pressão sobre a força empresarial para negociação, buscando conquistar melhores condições de trabalho”, pontua. Para ela, a Literatura se permite uma liberdade de crítica, que sempre motiva reflexões mais densas acerca de uma ética humana. E, para isso, busca uma ancoragem contextualizadora na realidade que se vive. “Erico Verissimo dá voz a pensamentos e questões sociais que faziam parte do seu contexto, mas também de contextos passados e que se estendem ao contexto presente, visto que a desigualdade social e problemas relacionados à política continuam sendo aspectos da realidade atual”, analisa.
Rita Luckner | Foto: Arquivo Pessoal
Rita de Cassia Scocca Luckner possui graduação em Letras - Português e Inglês pela Universidade do Grande ABC. Também é especialista em Língua Inglesa e mestra em Ciências da Religião pela Universidade Metodista de São Paulo - Umesp. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em projetos educacionais.
Confira a entrevista.
IHU On-Line – Como a ambivalência da natureza humana acerca do bem e do mal é expressa na obra Incidente em Antares [1], de Erico Verissimo [2]?
Rita de Cassia Scocca Luckner – Erico Verissimo, assim como os demais escritores modernistas da década de 1930, voltou sua atenção para os problemas de sua realidade imediata, devido principalmente ao momento de efervescência política pelo qual o país passou em sua época, o que ocasionou o surgimento de uma literatura regional, caracterizada pela crítica e denúncia social. Porém, Erico Verissimo foi além dos problemas relacionados à política, compondo obras diversificadas, carregadas de humanidade e valores éticos. A obra Incidente em Antares, último romance de Verissimo, escrita em 1971, mistura fatos da vida real, vivenciados pela sociedade da época do autor, com fatos ficcionais, próprios da farsa fantástica. Trabalha com a linguagem de paradoxos: fato X ficção, novo X velho, opressores X oprimidos, vida X morte, Bem X Mal etc., assim como a linguagem própria da realidade humana.
Incidente em Antares retrata, entre outros acontecimentos, o surgimento de uma cidade que sempre esteve permeada pela violência e pelo autoritarismo. Após vários anos sofrendo injustiças, a classe carente e desfavorecida da cidade, composta principalmente pelos operários e funcionários das empresas localizadas na cidade fictícia de Antares, resolve fazer uma greve geral para reivindicar seus direitos. Devido ao ocorrido, sete defuntos deixam de ser sepultados pela paralisação de todos os setores, inclusive o dos coveiros.
Deixados ao relento, os defuntos levantaram-se um a um de seus esquifes e marcharam em direção ao centro da cidade para uma conversa, em particular, com as autoridades de Antares. Naquele dia 13, sérias revelações foram proferidas, como uma espécie de julgamento e de confissão, feitas pelos defuntos, por causa da liberdade que a morte lhes dava. Livres de convenções, os defuntos deixam as suas “máscaras caírem” e desmascaram os demais cidadãos, provocando arrependimentos ou resistência diante das revelações feitas. Assim, vão conferindo a ambivalência humana, que parte das ações dos personagens da trama para relacionar-se à vida real, visto que o ser humano é um ser que carrega em si o bem, pois, por ser criação de Deus, é, em essência, pleno de virtude, porém possui o livre-arbítrio e isso lhe confere as escolhas para a vida, que quando são feitas de forma incorreta podem servir de porta de entrada para o mal.
IHU On-Line – Como a morte é personificada na obra? Em que medida ela é posta como depuração de todo o mal?
Rita de Cassia Scocca Luckner – A morte representa o final da vida, a inevitável transitoriedade à qual o ser humano está submetido, mas que se torna cômica na obra com o surgimento de sete defuntos com seus corpos em deterioração, que agem como se estivessem vivos: andam, falam, visitam familiares e amigos. Sendo assim, torna-se uma inversão do sentido da morte a partir do momento em que os cidadãos encaram o incidente como sendo algo aceitável e inclusive concordam em comparecer ao encontro marcado pelos defuntos. Tal encontro em praça pública e a revelação feita pelos mortos sobre as faltas cometidas por eles e pelos poderosos de Antares, que remete a um julgamento, acabam por ser motivo de riso para alguns moradores da cidade, tornando-se uma carnavalização do inferno: a declaração dos pecados dos mortos e de seus cúmplices, o sofrimento das vítimas perante a crueldade de seus malfeitores, as injustiças e crimes, entre outras faltas cometidas, que foram proferidas com tom de deboche, o que tornou o encontro na praça central de Antares uma arena de comicidade.
O conceito de carnavalização foi elaborado a partir das observâncias feitas por Mikhail Bakhtin [3] sobre a obra de Rabelais, escrita na Idade Média, em que o conjunto de elementos carnavalescos, dentro da visão oficial do inferno, passa a ser chamado de Carnavalização do inferno: o inferno visto como símbolo da cultura oficial, como encarnação do acerto de contas, como imagem do fim da vida e do julgamento definitivo sobre ela, que é transformado em um alegre espetáculo, ideal para ser montado em praça pública e no qual o medo é vencido pelo riso graças à ambivalência dessas imagens.
O riso literário, na Idade Média, não era permitido dentro dos domínios sacros, mas a nobreza e o clero não tinham como controlar a oralidade cômica criada e propagada pelo povo, inclusive como forma de libertação do dogmatismo religioso imposto na época e da realidade que enfrentavam aqueles que pertenciam às camadas inferiores da sociedade em contraste ao poder da riqueza aristocrática. A sátira menipeia [4] é um gênero que possui a estrutura carnavalesca e sua característica particular é a capacidade de abranger elementos relacionados ao céu, terra e inferno, que podem indicar morte simbólica ou alegre, ou paródia do corpo humano. A morte simbólica é significativa, pois representa a morte do antigo regime e o nascimento de outro, e incorpora elementos da utopia social, pois abala o poder do sistema e estimula a mudança ou denúncia de um estado de acomodação.
A obra Incidente em Antares se aproxima dessas características, pois indica um desejo de transformação, tempo de novos pensamentos complementarem as tradições, ou mesmo substituírem o antigo visando melhorias coletivas. Para que a disparidade econômica que somente existe em função de interesses políticos, sociais e econômicos pudesse dar lugar à igualdade de direitos e oportunidades independente de classe social, a greve ocorrida na fictícia Antares afirmou-se como convocação democrática, pelo qual os trabalhadores exercem pressão sobre a força empresarial para negociação, buscando conquistar melhores condições de trabalho. Encontra-se na morte em Antares a representação da crítica político-social, como reflexo da sociedade, como também crítica ao comportamento humano, e, para tanto, o autor coloca a morte para confrontar os vivos, como um meio de reforçar a ideia de que as boas mudanças partem das reflexões das ações humanas.
IHU On-Line – Que relações você estabelece entre essa obra de Erico Verissimo e os pecados capitais e virtudes morais listados por Tomás de Aquino [5]?
Rita de Cassia Scocca Luckner – Uma obra literária como a de Erico Verissimo está sempre aberta para novas (re)leituras, o que a torna sempre atual. Ela é também profética e escatológica, pois é uma ligação da realidade para algo ainda maior; dessa forma, a vida não é vista como apenas realidade dogmática, mas como possibilidade de questionamentos e de novas possibilidades. É possível observar a linguagem alegórica em Incidente em Antares, onde os personagens mortos trazem um significado mais amplo que apenas a indicação da transitoriedade do ser humano. Nos conflitos entre os poderosos e a população pobre de Antares, que são narrados desde a primeira parte do livro, já é uma prova de ira, soberba, inveja e até mesmo de gula, não por comida, mas por poder, fama, terras ou outros bens materiais.
Assim, o incidente com os sete mortos servirá para representar os pecados capitais que desde o início do povoamento de Antares foram demonstrados, e que, por meio da linguagem simbólica, própria da literatura e da teologia, possibilita observar elementos dentro da obra que indiquem a ambivalência da natureza humana, em que o Bem (virtudes) e o Mal (pecados) inevitavelmente coexistem. A articulação das pontuações de Tomás de Aquino acerca dos sete pecados capitais, para a releitura da obra Incidente em Antares, permite uma reflexão sobre o comportamento humano por meio de uma analogia com os personagens da trama. A busca pela felicidade traz ao homem desejos que podem ser guiados pelo bem ou pelo mal. Desejar algo excessivamente provoca um desequilíbrio e faz o ser humano pensar e agir de forma prejudicial a si mesmo e às outras pessoas. O pecado é especificamente um bem que foi pervertido por ele.
Tomás de Aquino analisou e elaborou uma lista contendo os sete pecados capitais, finalizando-a da seguinte forma: Vaidade, avareza, inveja, ira, luxúria, gula e acídia. A palavra capital vem de caput, latim, relativo à cabeça, e pode significar: principal, líder, chefe, aquele que comanda. É nesse sentido que Tomás de Aquino, que uniu pensamentos filosóficos aos pensamentos cristãos, refere-se aos pecados capitais, pois seriam os chefes que comandam outros pecados, isto é, dão origem a outros vícios que são condicionamentos para o humano agir mal.
Outra pressuposição tomista é que o ser humano é um ser ambivalente que carrega em si o bem, porém, que pode agir pelo mal que corrompe parcialmente suas virtudes. A partir do axioma da simbologia do número sete como número ambivalente, em que se revelam o divino e o infernal, e considerando que Erico Verissimo cria sete personagens defuntos, verifica-se que não somente os pecados podem ser listados dentro da obra Incidente em Antares, mas também as virtudes. As virtudes são consideradas, seguindo os estudos tomistas, habitus operativos bons no sentido de serem aspectos naturais do ser humano. Hábitos (habitus) humanos são predisposições que se interpõem entre as faculdades humanas e os atos humanos.
Tomás de Aquino divide as virtudes em três: intelectuais, morais e teologais, mas, segundo o aquinate, toda virtude pode ser definida por sua relação com o bem, assim, outras virtudes também podem fazer parte da natureza humana, como a contemplação, delicadeza, equidade, ética, indignação, sobriedade, solidariedade, tolerância, as quais estão relacionadas diretamente às três classificações das virtudes feitas por ele. O personagem padre Pedro-Paulo, figura virtuosa na trama, tem em sua natureza, entre as virtudes que lhe podem ser direcionadas, a contemplação, delicadeza e equidade. O jovem padre busca refletir sobre os questionamentos quanto às injustiças as quais ele observa e, por meio do amor ao ser humano, ele busca defender aqueles que são negligenciados pelas autoridades, porém, é no amor divino que ele se fortalece para lutar pelos necessitados.
A literatura também oferece abertura para o exercício da indignação, pois é o espaço de dramatização dos saberes, pensamentos e sentimentos humanos, que são lidos e atualizados pelos leitores. Tal aspecto pode ser também observado na obra de Erico Verissimo, sendo que a crítica social, em que há indignação perante as injustiças, está fortemente marcada por seus personagens marginalizados.
A sobriedade é uma qualidade relacionada às outras virtudes. Pois, indivíduos que vivem em uma sociedade virtuosa, em que há bondade e justiças, colaboram com o aperfeiçoamento do todo, tornando-o sóbrio. A solidariedade é vista como uma das maiores manifestações de amor, em que há a disponibilidade para o outro, pelos direitos comuns e o empenho pelo bem-estar e compreensão do próximo. Na obra de Verissimo, observa-se o relato de que a notícia sobre o incidente correu para fora dos limites de Antares, e chamou a atenção de repórteres e fotógrafos de jornais de Porto Alegre que chegaram à cidade para conferirem os tais fatos insólitos. Tentaram entrevistar, em vão, diversos cidadãos, inclusive foram até a Vila Operária para falarem com o padre Pedro-Paulo, que lhes disse: “– Querem um conselho? Deixem os mortos em paz. Tratem dos vivos ou, antes, dos subvivos... Os marginais que se encontram numa condição mais animal do que humana. Os nossos favelados”. (VERISSIMO, 2005, p. 403).
Essa preocupação de Pedro-Paulo com a comunidade carente e negligenciada é mais um indicativo de suas qualidades voltadas para o bem e que representam as virtudes: indignação – pois ele não aceitou passivamente que se cometessem injustiças; sobriedade – porque o bem comum era uma de suas metas; solidariedade – ao se dispor a ajudar o próximo; e tolerância – pois sua luta também inclui a defesa dos que sofrem intolerância.
A obra Incidente em Antares apresenta a luta de indivíduos que são tratados com desigualdade e desrespeito, mas que não se encontram sozinhos. Personagens como o padre Pedro-Paulo, padre Gerôncio, Zózimo, João da Paz, professor Martim, entre outros, se apresentam tanto pelo sofrimento como em solidariedade aos que sofrem, mesmo que manifestações de virtudes apareçam em níveis diferentes.
IHU On-Line – Como, desde uma perspectiva teológica, é possível pensar o ser humano a partir dos personagens de Erico Verissimo? Como compreender a representação de cada um dos personagens defuntos?
Rita de Cassia Scocca Luckner – Refletir sobre o ser humano e seu modo de agir na sociedade, que abrangem seus valores e limites, e recriar a realidade por meio da linguagem simbólica, são aspectos que indicam a relação dialógica entre literatura e teologia. As relações entre tais saberes têm sido temas de várias pesquisas, sobretudo em cursos de pós-graduação em Ciências da Religião e Teologia, cujos trabalhos acadêmicos produzidos, como teses e dissertações, são de grande valia, visto que teologia e literatura dialogam entre si sem perderem suas essências. Aproximam-se uma da outra tanto pela linguagem simbólica e metafórica de suas estruturas, como também pelo caráter antropológico em que temas religiosos e criativos permeiam ambos os textos – teológico e literário – e permitem reflexões sobre o ser humano e sua relação com o próximo e com o meio, que abrange seus valores e limites.
Com a releitura da obra, constatou-se que os personagens criados por Erico Verissimo escolheram caminhos diferentes para o seu mundo de ficção. Dessa forma, pode-se pensar teologicamente no ser humano do mundo real, visto que o conhecimento sobre a natureza humana pode surpreender, mas em sentido duplo, negativo e positivo, o que lhe dá a escolha para construir e afirmar a sua fé.
Devido à greve geral ocorrida em Antares, os coveiros se recusaram a realizar o sepultamento dos sete falecidos naquele dia, ficando assim, enfileirados os esquifes de onde saíram os corpos já em estado de putrefação, como que despertados do sono. Dona Quitéria, Cícero Branco, Menandro Olinda, José Ruiz, Pudim de Cachaça, Erotildes e João da Paz olharam-se tentando entender a situação. Entre eles, em vida, havia um distanciamento em relação à classe social, uns viveram uma vida de poder aquisitivo, outros de miséria e descaso. No entanto, com a condição de mortos, nada mais os diferenciava. A morte simboliza o aspecto perecível e destrutível da existência, mas também é indicadora de revelação e introdução. Segundo Chevalier [6] & Gheerbrant [7] (2008), a morte indica que o ser humano precisa chegar ainda mais longe e que ela é a própria condição para o progresso e para a vida. Ela dá a estrutura familiar e da sociedade, pois é fim e recomeço; para que uns nasçam, outros precisam morrer, é o ciclo natural da vida, sendo algo também positivo.
Pode-se apontar que na obra Incidente em Antares os sete mortos indicam não apenas a podridão de suas falhas, mas o tempo de renovação, como uma chance que lhes foi dada para uma necessária reflexão. A partir de informações recolhidas no texto de Verissimo, nota-se que o autor construiu um caráter para cada um dos personagens defuntos, o que possibilita que sejam relacionados a um pecado capital: Dona Quitéria, a matriarca da família Campolargo, pode ser relacionada à soberba. Por ser descendente de uma das famílias mais poderosas de Antares, ela fazia parte da burguesia local e julgava-se superior principalmente por seus conhecimentos em relação à política, acreditava estar sempre certa em suas opiniões e gostava de dar ordens e lição de moral. Seus atos de caridade eram apenas para demonstrar que era boa cristã, mas eram poucos, comparados ao que poderia fazer com todo o prestígio e poder financeiro que possuía, porém a presença de pessoas humildes nunca lhe foi agradável, a menos que fosse para prestar-lhe serviços.
O advogado, Dr. Cícero Branco, pode ser associado à avareza. Era desonesto em seus atos, para conseguir dinheiro forjava documentos aos clientes que transgrediam as leis. Para ele não bastava trabalhar como um advogado e ganhar o que lhe era cabível honestamente, mas sim trapacear no que fosse preciso para adquirir mais. O maestro Menandro Olinda pode ser relacionado à acídia, pois, sem coragem de enfrentar os problemas da vida, solidão e fracasso profissional, e demais frustrações, comete suicídio.
O senhor José Ruiz, o sapateiro conhecido como Barcelona, pode ser associado à inveja. Sempre estava julgando e comentando sobre a vida alheia, se alegrava com a desgraça do outro, diminuía as qualidades do próximo, falando mal dele pela murmuração, fofoca, ou abertamente, detração. O bêbado, Pudim de Cachaça, com a gula. Ele que não tinha moderação pela bebida, estava sempre embriagado e por esse motivo tinha a perda da razão, o que provoca falatórios supérfluos, a alegria néscia, a imundície e a expansividade debochada nos gestos por falta de compostura. A prostituta Erotildes, nome que pode sugerir “erotismo”, relacionada à luxúria.
O jovem João da Paz pode ser associado à ira. Irar-se nem sempre pode ser considerado um ato pecaminoso, pois segundo Tomás de Aquino, assim como os sentidos, a ira pertence à natureza humana, é a força dada pelo Criador que permite atacar um mal adverso. Porém, tornou-se um pecado capital em João da Paz, pois sendo uma pessoa de baixa condição e dependente de outras, isto é, do governo e leis, sente-se injustiçado pela falta de assistência com igualdade entre as classes sociais, revoltou-se e não mediu as consequências ao pôr em prática seus planos de vingança. Nesse momento, a ira deixa de ser da natureza vinda da benevolência de Deus e passa a ser denominada um pecado capital.
Tais analogias não se dão de forma explícita, mas implicitamente por meio dos símbolos e analogias apontadas no texto literário, que são os caminhos para perceber as diversas interpretações que ele pode suscitar e que se renova a cada releitura. Entende-se, por tais considerações, que o encontro entre vivos e mortos não apenas é um julgamento, mas uma conscientização acerca da natureza humana e uma valorização da própria existência.
IHU On-Line – O que representam os vícios materializados nos personagens de Antares?
Rita de Cassia Scocca Luckner – A correlação de Incidentes em Antares com os pecados capitais requer maior reflexão sobre a noção de pecado, que, embora repleta de significados que variam com os contextos históricos e culturais, associada a faltas e vícios pode remeter ao cristianismo e temas bíblicos sobre culpa e redenção. Porém, na maioria dos sistemas religiosos ou tradições espirituais encontram-se debates e reflexões sobre as atitudes humanas que se apresentam tanto como referências daquilo que se considera como representação do mal. Portanto, são condenáveis porque significam distanciamento daquilo que é ou se relaciona com o bem. Podem levar o ser humano ao sofrimento tanto de si mesmo como do próximo.
Portanto, a reflexão dessas noções pela literatura é válida, uma vez que em diversos excertos notam-se nuances de religiosidade ou que demonstram certo sentido espiritual, que é o sentimento que impulsiona o ser humano a reconhecer a divindade independentemente de culto ou doutrinas determinadas. Ou seja, em que não é referida essa ou aquela religião, mas a força que confere esperança ao ser humano. Moser [8] (2012) afirma [9] que a ideia de pecado, além de remeter para o mistério da condição humana, também interroga todo o seu modo de ser e de agir. Dessa forma, quando se fala em pecado, fala-se também em responsabilidade. O ser humano se distancia dos planos divinos para trilhar seus próprios caminhos por seus próprios planos. A partir dessa desvinculação com a criação, em vez de caminhar solidariamente para combater o mal em todas as suas formas, o ser humano aciona o mal, tornando-se responsável por ele: a guerra, a morte, a fome, a miséria, a marginalização, a poluição, a ignorância, a doença, o desespero.
Em Incidente em Antares, enquanto os defuntos esperavam pela hora do encontro na praça central, eles resolveram ir “rever seus afetos e assombrar os seus desafetos”. Nessa visita aos antigos lares, os personagens defuntos se deparam com a realidade: os pecados que cometeram em vida, naquele momento lhes eram nítidos e vieram em suas mentes como que uma punição para suas almas. Eles puderam observar o modo como viviam, pois a condição de mortos lhes eliminava os deveres ou obrigações para com a sociedade, e perceberam não só as suas próprias, mas também as falhas ou vícios das pessoas próximas a eles. Na ocasião do encontro na praça, após terem sido acusados de trazerem males à cidade de Antares pela podridão e terem sido comunicados que os sepultamentos não seriam feitos devido à greve, os defuntos decidem explorar também a podridão dos vivos.
Dr. Cícero Branco, representante dos mortos, exclamou: “– Hipócritas! – Impostores! Simuladores! Eis o que sois... Vista deste coreto, do meu ângulo de defunto, a vida mais me parece um baile de máscaras... Ninguém usa a sua face natural...”. Dessa forma, os personagens defuntos “retiraram” as máscaras da população antarense, revelando sua própria condição. A podridão de seus corpos representava a podridão da sociedade corrompida pela ganância, falsidade, desamor, enfim, pelos vícios.
IHU On-Line – De que forma a virtude, e a busca por ela, aparecem na obra? Quem são os virtuosos e o que é preciso fazer para se tornar um?
Rita de Cassia Scocca Luckner – O texto literário deve ser observado como texto implícito. Os diálogos de um texto literário se estendem ao passado e ao futuro em que se apresentam sem limites, inacabados, pois, eles se encontram e se renovam. No movimento dialógico do texto existem sentidos que por um tempo permanecem esquecidos, mas que, em determinados momentos, tais sentidos são relembrados e renovados para reviverem em novo contexto. Dessa forma, tanto a leitura acerca dos pecados capitais, como também das virtudes, dentro da obra pode surgir de diferentes maneiras e intensidades.
Para Bakhtin, o romance é um gênero literário plurilinguístico, que carrega em si os demais gêneros e é uma ruptura da representação do mundo fechado, definido, do passado que já terminou. O romance possibilita, pelo seu plurilinguismo, o espaço em que se misturam diferentes discursos com gradações diversas, uma tensão entre vozes sociais. Assim, várias leituras sobre a virtude podem ser feitas dentro da obra e uma delas é que está representada nas passagens que envolvem o personagem Pedro-Paulo. Ele, juntamente com o personagem padre Gerôncio, têm posições importantes, pois representam a Igreja e a religião Católica em fases diferentes da sua história, apresentando uma contraposição do passado e do presente, e as eclesiologias do pré e pós-Concílio Vaticano II.
A trama narrada no livro, o “incidente” coincide com a realização do Concílio Ecumênico Vaticano II da Igreja Católica Romana, que foi aberto sob o pontificado de João XXIII, no dia 11 de outubro de 1962, e finalizado no dia 8 de dezembro de 1965, no papado de Paulo VI. Segundo o romance, “O incidente” ocorreu na sexta-feira 13 de dezembro do ano de 1963. A obra demonstra, por meio do padre Pedro-Paulo, a mudança da religião Católica para uma Igreja aberta e próxima dos acontecimentos do mundo e problemas da sociedade, que era algo essencial para que a sociedade cristã estivesse mais ligada à religião na sua busca de respostas para as questões existenciais. O jovem padre se apresenta na obra com pensamento contemporâneo e como o mais engajado, voltado para os problemas de ordem prática e que se relacionam diretamente à comunidade pobre, o que permite uma analogia com preceitos da Teologia da Libertação.
Considerando os estudos acerca do livre-arbítrio utilizados na análise da obra, percebe-se o impacto do poder das escolhas na vida humana. O ser humano foi apontado por Tomás de Aquino como um ser essencialmente ético, a partir da análise de sua capacidade de agir, dando a si mesmo uma orientação intelectual, livre e responsável, elementos que estão relacionados às virtudes. Mas, apesar de seu caráter negativo, considerado como ausência do bem, o pecado se inscreve em todo ser humano, atingindo todas as suas capacidades, podendo modificá-lo. Sendo o livre-arbítrio uma potência de escolha (vis electiva), ele é o expoente da razão e da vontade, sendo que a vontade, por seu poder de escolha enquanto atingida pela razão, pode e deve tender para meios que ensejam o alcance do bem como um fim. As boas escolhas seriam um indicativo para se alcançar a virtuosidade, porém não se pode deixar de reconhecer que o ser humano é ambivalente, portanto está sujeito a cometer falhas.
IHU On-Line –Em Incidente em Antares, como a capacidade de escolha entre o bem e o mal se dá? E, nesse sentido da capacidade humana de escolha, que reflexões a obra suscita?
Rita de Cassia Scocca Luckner – A obra Incidente em Antares, por seu aspecto plurilinguístico, se apresenta como espaço dialógico, onde diversas vozes sociais se mesclam ou se afrontam. Os diálogos de um texto literário se estendem ao passado e ao futuro, pois não possuem limites e nessa dinâmica eles se encontram e se renovam. Os sete defuntos – sendo o número sete um número simbolicamente ambivalente – podem representar os sete pecados capitais e a finitude. A natureza humana é ambígua porque é resultado do livre-arbítrio, das escolhas boas ou más do ser humano. Por meio da ficção de Erico Verissimo, em que são os mortos que julgam os vivos, observa-se que o ser humano é o responsável por suas ações. Elas acarretam resultados que podem lhe trazer uma vida de harmonia e realizações, voltada para o bem; ou uma vida de angústias que só é falsamente recompensada com o poder e bens materiais os quais são prazeres momentâneos.
O confronto entre mortos e vivos, pela simbologia das mensagens apontadas pelo verbo literário, demonstra na obra essa condição do ser humano de fazer escolhas, e pelo grotesco, isto é, pelos corpos em decomposição, indica que as boas escolhas devem ser feitas neste mundo, e para tanto, é necessário retirar as “máscaras” e encarar a “feiura” das próprias ações e maneiras como se busca viver.
IHU On-Line – Qual é a leitura simbólica que você faz do encontro entre vivos e mortos na obra Incidente em Antares? Por que esse encontro sinaliza uma ideia de “esperança”?
Rita de Cassia Scocca Luckner – Para Queiruga [10] (2011), a finitude pode ser a causa do mal, assim como a liberdade finita pode ser causa da aparição do mal quando são adotadas decisões incorretas, e, por essa ótica, é possível pensar que as boas escolhas são um caminho para uma vida sem arrependimentos. Se o elemento que gera o mal é a finitude, Verissimo coloca a morte, representada pelos sete defuntos, para interagir com os vivos, provando que não se pode almejar que as respostas para as questões existenciais venham direta e unicamente de Deus. Mas, o ser que é vivente do mundo de humanos, inspirados no Amor que é do Criador, e sendo essencialmente virtuoso, ele encontra diversas das respostas que procura nas próprias relações humanas.
O encontro dos defuntos com os vivos no centro da cidade, que é narrado com ironia e comicidade, torna-se uma reversão do sentido da morte, e dessa forma, são os mortos que argumentam numa espécie de julgamento deles próprios e dos vivos. A morte remete à finitude, porém a simbologia da morte indica renovação. Já o Centro, a praça central onde ocorre o confronto entre vida e morte, simboliza recomeço. Pode-se, então, interpretar o incidente que culmina no encontro dos mortos com os vivos como um espaço não apenas de revelação – as denúncias feitas pelos mortos – mas também de renovação.
Outra simbologia que se desvela na obra é a correspondente ao sepultamento, que aponta uma espera, pois no pensamento cristão a morte indica uma nova vida, inspirado nos relatos dos Evangelhos sobre Cristo, que morreu e ressuscitou; assim, essa espera está relacionada à esperança. Pela ideia de que o mal está presente no mundo e o mundo é algo da realidade humana, entende-se que ele faz parte da sua natureza, e dessa forma, para o ser humano dar conta do paradoxo: o bem e o mal sendo elementos constituidores de seu ser, uma possível indicação é a esperança, que aparece na obra de Erico Verissimo pelas ações e palavras do padre Pedro-Paulo, pelo arrependimento de alguns personagens que representam também a vontade de mudança, pelas palavras pichadas nos muros de Antares por jovens que não queriam que suas opiniões fossem esquecidas depois do incidente, e pelo filho do personagem João da Paz, como representação de uma nova vida. Como nas palavras do próprio personagem, Ritinha poderia fazer do filho deles “um homem para que um dia possa ajudar as criaturas de boa vontade a criar um mundo melhor e mais justo do que o de hoje”. E ainda: “Não perca a fé no futuro. Quem foi que escreveu que o pior pecado é o pecado contra a esperança?”. O filho que estava ainda para nascer é a representação do que é amado e esperado, que pela fé busca-se alcançar.
IHU On-Line – Que outras reflexões teológicas Incidente em Antares suscita?
Rita de Cassia Scocca Luckner – Por intermédio de uma análise teológico-literária da obra, encontramos analogias e simbologias que indicam que o ser humano não está livre de fazer o mal, porém pode aprender com suas faltas a se tornar eticamente melhor. Ademais, pode incitar uma reflexão acerca do comportamento humano, de ontem e de hoje, e sua força e/ ou fraqueza diante das situações e vicissitudes da vida. Erico Verissimo dá voz a pensamentos e questões sociais que faziam parte do seu contexto, mas também de contextos passados e que se estende ao contexto presente, visto que a desigualdade social e problemas relacionados à política continuam sendo aspectos da realidade atual, o que confere a esse romance a propriedade de obra universal e atemporal, por tratar de problemas existenciais do ser humano que ultrapassam o espaço e o tempo.
IHU On-Line - A narrativa da obra se dá em dois momentos: a crítica social à sociedade local, e o incidente propriamente dito. Como a perspectiva do bem e do mal se articulam como crítica social, tanto na apresentação daquela sociedade como depois do incidente?
Rita de Cassia Scocca Luckner – Nesse romance o uso da ironia como forma de denúncia é uma forte característica, mas apesar da comicidade, sua linguagem se caracteriza também pelo interesse aos problemas sociais e, assim como em outras de suas obras, além dos problemas relacionados à política, Verissimo abordou a vida cotidiana, a condição humana, a luta das classes humildes, a importância da família, e questões ligadas à moral. A primeira parte da obra está relacionada a acontecimentos marcantes para o país, tanto políticos dos quais podemos citar o período de ditadura militar, como também religioso, como o Concílio Vaticano II, que é citado na obra.
A ficção e a história real se misturam e se complementam, sendo que o incidente narrado na segunda parte da obra remete a um apelo para a saída do estado de estagnação que se encontrava a cidade de Antares, apelo que é revelado pelo movimento dos mortos. Como um aviso de que a população, mesmo não estando morta, estaria apodrecendo com seus vícios, em que o descontrole de seus desejos permitiu que o mal corrompesse o bem que lhe era natural.
Após o incidente e o sepultamento dos mortos, foram analisadas as consequências daquela experiência vivida pelos cidadãos de Antares. Divórcios, cobranças, surtos, entre outras ocorrências que acabaram por desestruturar não apenas algumas famílias, como também as autoridades da cidade. Os governantes, donos de fábricas, comerciantes e os representantes das famílias mais poderosas de Antares, decidiram que o ocorrido deveria ser esquecido para o bem de todos (ou de uma parte) da cidade, e introduziram a “Operação borracha”, visando tirar dos anais, e mesmo da memória da sociedade antarense qualquer fator que lembrasse o ocorrido. Porém, nos muros eram sempre pintadas frases politicamente subversivas e que remetiam aos defuntos denunciantes da “podridão” da sociedade burguesa. As pichações mostram uma força opositiva a essa situação de estagnação e de silêncio da sociedade. Assim, o autor, de forma implícita, demonstra que haverá sempre uma voz clamando por liberdade, e essa voz (mesmo que muitas vezes truncada) demonstra a esperança ao ser humano para lidar com o bem e o mal que se manifestam nas ações humanas.
IHU On-Line - De que modo, tanto na obra de Verissimo como na de Tomás de Aquino, é possível compreender que o bem e o mal são aspectos intrínsecos à natureza humana e estabelecer uma compreensão literário-teológica acerca desse tema?
Rita de Cassia Scocca Luckner – A simbologia transcende os significados objetivos dentro do texto, assim como os elementos religiosos e espirituais transcendem o tempo e espaço, que são aspectos que podem ser analisados e percebidos na obra, e juntamente com a multiplicidade de vozes sociais que ecoam dentro do texto, permitem novas possibilidades de significação do verbo literário. As articulações dos estudos de Tomás de Aquino com a obra de Verissimo indicam um diálogo entre passado e presente, que proporciona ao ser humano perspectivas para o futuro, a partir da compreensão quanto à amplitude que podem alcançar as suas boas escolhas no presente. O olhar teológico que se debruça sobre a obra literária Incidente em Antares demonstra que mesmo o texto contendo uma linguagem que é diferente da religiosa, ao emergir aspectos importantes da vida humana e de suas relações, é também o espaço em que o divino se revela.
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Rita de Cassia Scocca Luckner – Devido ao tema significativo envolvendo o bem (virtudes) e o mal (pecados) nas ações humanas, a reflexão a ser despertada em nossas pesquisas pode não ser esgotada em sua totalidade, mas iniciada com entusiasmo e substancialidade, dando abertura para novas releituras da obra Incidente em Antares que possam evidenciar ainda mais a linguagem artística como também a social do autor. A interface teologia e literatura nos ajuda a pensar que a linguagem conceitual limita e fragmenta a percepção humana, mas a linguagem simbólica encontrada na arte e na religião nos toca espiritualmente, e amplia nosso posicionamento e nossa visão da realidade.
Notas:
[1] Porto Alegre: Globo, 1975. (Nota da IHU On-Line)
[2] Erico Verissimo (1905-1975): um dos mais importantes escritores brasileiros. Em 1932, o autor publica uma coletânea de contos "Fantoche", sua estreia na literatura. Recebeu o Prêmio Machado de Assis, com Música ao Longe, e o Prêmio Graça Aranha, com Caminhos Cruzados. Integra o Segundo Tempo Modernista (1930-1940), período em que a literatura brasileira refletiu os problemas sociais do país. A obra de Érico costuma ser dividida em três fases: Romance urbano; Romance histórico e Romance político. Na segunda, encontra-se o épico O tempo e o vento, trilogia (O Continente, O Retrato e O Arquipélago) que cobre 200 anos da história do Rio Grande do Sul, de 1745 a 1945. (Nota da IHU On-Line)
[3] Mikhail Mikhailovich Bakhtin (1895-1975): linguista russo. Seu trabalho é considerado influente na área de teoria literária, crítica literária, análise do discurso e semiótica. Bakhtin também é considerado como filósofo da linguagem, e sua linguística é uma "translinguística" porque ela ultrapassa a visão de língua como sistema. Isso porque, para Bakhtin, não se pode entender a língua isoladamente, mas qualquer análise linguística deve incluir fatores extralinguisticos como contexto de fala, intenção do falante, a relação do falante com o ouvinte, momento histórico. Bakhtin professa uma abordagem marxista da língua e da linguística, pois para ele “a palavra é o signo ideológico por excelência” e também "uma ponte entre mim e o outro". Alguns conceitos fundamentais de Bakhtin são o dialogismo, a polifonia, a heteroglossia e o carnavalesco. Entre suas obras, destacamos Problemas da poética de Dostoievski (2ª ed. Rio de Janeiro: Forense-Universitária, 1997). (Nota da IHU On-Line)
[4] Sátira menipeia: é uma forma de sátira escrita geralmente em prosa, com extensão e estrutura similar a um romance, caracterizada pela crítica às atitudes mentais ao invés de a indivíduos específicos. Teria sido criada por Menipo, escritor grego antigo cujas obras não restaram, mas foi principalmente mantida por Luciano de Samósata e Marco Terêncio Varrão. Outras características são as diferentes formas de paródia e crítica aos mitos da cultura tradicional. (Nota da IHU On-Line)
[5] São Tomás de Aquino (1225-1274): padre dominicano, teólogo, distinto expoente da escolástica, proclamado santo e cognominado Doctor Communis ou Doctor Angelicus pela Igreja Católica. Seu maior mérito foi a síntese do cristianismo com a visão aristotélica do mundo, introduzindo o aristotelismo, sendo redescoberto na Idade Média, na escolástica anterior. Em suas duas "Summae", sistematizou o conhecimento teológico e filosófico de sua época: são elas a Summa Theologiae e a Summa Contra Gentiles. (Nota da IHU On-Line)
[6] Jean Chevalier (1906-1993): um escritor , filósofo e teólogo francês. Ele é conhecido por suas colaborações no Dictionary of Symbols, publicado pela primeira vez em 1969, pela Éditions Robert Laffont. O Dicionário de Símbolos, coescrito pelo poeta francês Alain Gheerbrant, é uma obra enciclopédica de antropologia cultural dedicado ao simbolismo de mitos, sonhos, costumes, gestos, formas, figuras, cores e números encontrados na mitologia e folclore. (Nota da IHU On-Line)
[7] Alain Gheerbrant (1920-2013): um poeta , escritor , pensador e editor francês . (Nota da IHU On-Line)
[8] Antônio Moser: Falecido em 2016, foi diretor-presidente da Editora e do Editorial Vozes, professor de Teologia Moral e Bioética no Instituto Teológico Franciscano - ITF) em Petrópolis, Rio de Janeiro, pároco da Igreja de Santa Clara, Diretor do Centro Educacional Terra Santa. (Nota da IHU On-Line)
[9] MOSER, Antônio. O Pecado: do descrédito ao aprofundamento. 5.ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2012. (Nota da entrevistada)
[10] Andrés Torres Queiruga (1940): teólogo e escritor espanhol. Estudou no seminário de Santiago de Compostela e na Universidade de Comillas, passou dois anos em Roma realizando a sua tese. Foi professor de Teologia no Instituto Teolóxico Compostelán e de Filosofia da Religião na Universidade de Santiago de Compostela. É membro da Real Academia Galega e do Consello da Cultura Galega; foi um dos fundadores e diretor da revista Encrucillada. (Nota da IHU On-Line)
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Incidente em Antares de Erico Verissimo. Uma leitura teológico-literária. Entrevista especial com Rita de Cassia Luckner - Instituto Humanitas Unisinos - IHU