18 Junho 2024
A inteligência artificial pode matar. É o alarme que Francisco, o primeiro papa convidado do G7, lançou no sábado aos grandes da Terra reunidos em Borgo Egnazia, na Puglia. O Pontífice falou “contra a aplicação da IA nas armas”. O bispo de Roma reiterou – também nos “seis ou sete encontros bilaterais”, incluindo aquele com o presidente dos EUA, Joe Biden – que “a guerra é sempre uma derrota”, e exortou os líderes mundiais a “lutarem com força pela paz”. Bergoglio convidou a não esquecer “a martirizada Ucrânia”, mas também a Palestina, Israel, Mianmar e os tantos países dilacerados por conflitos.
A reportagem é de Ilario Lombardo e Marco Bresolin, publicada por La Stampa, 13-06-2024. A tradução é de Luisa Rabolini.
Francisco falou na sessão dedicada à IA: “Mas eu gostaria de perguntar: como vai a inteligência natural?“, é a sua brincadeira amarga, com a qual aponta o dedo para algumas escolhas político-econômicas como os “investimentos em armas”.
L'Osservatore Romano publicou na primeira página uma análise de Roberto Cetera: “Ao Pontífice não escapa ao perigo de algumas aplicações da Inteligência Artificial, que muitas vezes permanecem em segundo plano. Há o problema dos seus campos de aplicação, que - como em muitas outras inovações científicas e tecnológicas que a precederam – parecem dar prioridade para a área militar".
O jornal do Vaticano menciona o uso de IA na guerra e, em particular, são descritas manobras e blitz sangrentas das inteligências israelense, ucraniana e russa. Sobre o tema IA, a forte ligação entre o governo italiano e os Palácios Sagrados é representada pelo teólogo franciscano padre Paolo Benanti, conselheiro do Papa em questões de ética da tecnologia, nomeado em janeiro, presidente da Comissão IA para informações pelo subsecretário da Editoria Alberto Barachini.
Para Benanti “todo o pontificado de Francisco gira em torno de questões de fronteira. O Papa mostra que tem antenas que detectam para onde a humanidade está se movendo”; o filósofo pensa que o pontífice “estimulará os grandes da Terra” no uso ético e na atenção da IA. Afirma isso em uma entrevista exibida por ocasião da conferência “Rumo ao G7: IA, riscos e oportunidades”, organizada pela associação “Jornalistas Italianas” em Roma. Desde que “começamos a criar máquinas que podem adquirir de nós os fins e depois escolher os meios para alcançar tais fins – reflete o teólogo franciscano – essas máquinas nos colocaram diante do fato de que o fim nem sempre justifica os meios porque, se amanhã eu fosse dizer a um carro autônomo "leve-me o mais rápido possível ao aeroporto", eis que atropelar um pedestre não justificaria o fim da minha urgência."
Assim, permanecendo na metáfora do carro, “temos necessidade de guarda-corpos, para nos equipar de instrumentos que, de alguma forma, possam evitar que o carro vá para onde não queremos que vá, para que possam evitar acidentes." E esses “guarda-corpos nada mais são do que diretrizes éticas que nós, como humanos, queremos que a máquina respeite, são o conteúdo desta palavra nova no G7, conforme noticiado por alguns meios de comunicação numa fase em que as dinâmicas negociais ainda estão em curso".
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A paz e os riscos da inteligência artificial. O Papa aos líderes: chega de investir em armas - Instituto Humanitas Unisinos - IHU