24 Dezembro 2023
"Mesmo para quem não crê, a manjedoura repete o seu anúncio: que Deus nos deu um salvador. E diz isso numa linguagem que pode ser entendida universalmente", escreve José Tolentino Mendonça, em comentário publicado por Avvenire, 22-12-2023. A tradução é de Luisa Rabolini.
Talvez sedentos, talvez camuflando um embaraço que nos arrasa, nos sentindo incrivelmente sozinhos mesmo que acompanhados de pessoas, símbolos e comidas, aproximamo-nos da manjedoura e perguntamo-nos:
“Por que estamos aqui?”, “Como o mistério aqui contado intercepta a nossa vida?”, “O que podemos secretamente esperar de tudo isso?”. A única razão válida para ficar aqui talvez seja uma razão que temos dificuldade para reconhecer: precisamos de um salvador. Cada um de nós precisa ser salvo de uma solidão fundamental, ontológica e inamovível. A vida precisa ser libertada. Caso contrário, a nossa viagem seria apenas incompleta, uma espécie de ferida sempre aberta, uma pergunta sem resposta. Seria como ficar insistindo diante de uma porta teimosamente fechada ou numa noite que não chega a conhecer a metamorfose da aurora.
Mesmo para quem não crê, a manjedoura repete o seu anúncio: que Deus nos deu um salvador. E diz isso numa linguagem que pode ser entendida universalmente.
Esse salvador de fato assume a nossa carne, faz seus os nossos trajetos, partilha as nossas esperanças e os nossos desatentos, os seus passos pisam neste mundo, e com ele vibra, ama e sofre e, como qualquer ser humano, encontra-se muitas vezes ferido. E a nossa vida não só começa a valer mais: também se transforma em algo mais. Adquire sentido, ganha força, recebe um entusiasmo que só Deus é capaz de despertar.
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O entusiasmo de Deus. Comentário de José Tolentino Mendonça - Instituto Humanitas Unisinos - IHU