14 Setembro 2023
Os números revelam a dura realidade de que os direitos das crianças em toda a região estão sendo corroídos em um ritmo alarmante pelo impacto da crise climática, afirma a Save the Children.
A reportagem é de La Croix International, 13-09-2023. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Uma importante organização humanitária para crianças informou que perto de dois milhões de crianças na África subsaariana foram deslocadas em seus próprios países no ano passado devido a catástrofes relacionadas com as mudanças climáticas, quase duplicando o número do ano anterior.
“Quando as crianças perdem suas casas, perdem quase tudo: o acesso aos cuidados de saúde, à educação, à alimentação e à segurança. Perdem também os alicerces da estabilidade e do bem-estar mental e emocional, como o sentido da rotina, os amigos e o direito de brincar. Esses dados são suficientes para paralisar qualquer pessoa, e esperamos que estimulem os líderes da Semana Africana do Clima a acordarem para as experiências das crianças em toda a região, a reconhecerem que a crise climática está tendo um impacto desastroso em suas vidas e a agirem urgentemente para levar em conta as necessidades e os direitos das crianças na tão necessária resposta”, disse Kijala Shako, chefe de Advocacia, Comunicações, Campanhas e Mídias do Escritório Regional da África Oriental e Austral da Save the Children, em um comunicado de imprensa.
De acordo com a Save the Children, pelo menos 1,85 milhão de crianças na África subsaariana foram deslocadas dentro de seus próprios países devido a catástrofes induzidas pelo clima no fim de 2022, em comparação com um milhão de crianças deslocadas devido a crises semelhantes em 2021.
Todas essas crianças ainda viviam longe de casa no fim do ano, quer tivessem sido desenraizadas de suas casas inúmeras vezes ou apenas uma vez, em acampamentos com familiares ou em outras estruturas temporárias.
Esse é o maior número anual de novos deslocamentos devido a desastres climáticos já relatado na região, informa a Save the Children, uma organização de caridade que trabalha junto com as crianças há mais de um século, apoiando a elas e a suas comunidades na prevenção, preparação e recuperação a partir dos desastres climáticos e no apoio aos líderes globais para proteger as crianças em situações de emergência.
O número de todas as pessoas deslocadas internamente devido a desastres na África subsaariana foi de dois milhões em 2021 e de 3,7 milhões em 2022. Os dados mostram que ocorreram 7,4 milhões de deslocamentos internos adicionais na África subsaariana em 2022 como resultado dos desastres relacionados com o clima, o que representa um aumento de três vezes em relação aos 2,6 milhões de deslocamentos internos ocorridos em 2021.
Mesmo que conseguissem voltar para casa até o fim do ano, esse número contabiliza todas as vezes que as pessoas foram deslocadas, geralmente muitas vezes para uma única pessoa.
A Nigéria registrou o maior número de novos deslocamentos internos causados por desastres climáticos na África subsaariana em 2022, com 2,4 milhões de deslocamentos, como resultado das inundações no Estado de Borno e em outras regiões do país. No fim do ano, esses abalos ainda tinham deixado pelo menos 854 mil pessoas sem abrigo, incluindo cerca de 427 mil crianças.
Enquanto isso, cinco estações chuvosas fracassadas na Somália resultaram em 1,1 milhões de deslocamentos internos e levaram 6,6 milhões de pessoas, ou 39% da população, a atingir níveis graves de fome.
Os dados foram coletados pelo Centro de Monitoramento dos Deslocados Internos e divulgados à margem da Semana Africana do Clima promovida pelas Nações Unidas em Nairobi, onde decisores políticos, profissionais, empresas e a sociedade civil se reúnem para discutir soluções climáticas antes da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP28). A Organização Mundial da Saúde já afirmou que as mudanças climáticas representam a maior ameaça à saúde da humanidade.
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Mudanças climáticas deslocam 2 milhões de crianças na África subsaariana - Instituto Humanitas Unisinos - IHU