29 Novembro 2022
"Um evento tão importante, tão desejado, tão trabalhado, um marco para iniciar uma nova etapa". Assim Mauricio López vê o encontro em que foi lançada a Rede Eclesial do Gran Chaco e do Aquífero Guarani (REGCHAG), "a apresentação do que é uma realidade em construção", e que ele define como "grande notícia para a Igreja, para o Reino e para este território".
A reportagem é de Luis Miguel Modino.
Citando as palavras de Antônio Machado, "não há caminho, o caminho se faz caminhando", o diretor do Centro de Programas e Redes de Ação Pastoral (CEPRAP), do Conselho Episcopal da América Latina e Caribe (CELAM), quis "honrar a história, trazer à memória o caminho percorrido", lembrando a aproximação realizada há dois anos e meio entre o CEPRAP e os bispos Macín e Edmundo Valenzuela, algo nascido do Sínodo para a Amazônia.
Daí se referiu ao desejo do Papa Francisco de criar essas outras redes nos importantes biomas do planeta, "onde a vida grita, mas onde a vida também canta, eles poderiam ter acompanhado e essa experiência de um modelo eclesial nascente, dessas redes territoriais que certamente começaram com a Rede Eclesial Pan-Amazônica", da qual ele lembrou seu processo de fundação.
Um caminho que levou ao Sínodo Amazônico com os quatro sonhos do Papa, segundo Maurício, que encorajou os membros desta rede a serem "os sonhos que dirigem todo o processo desta nossa rede nascente". Neste sentido, ele lembrou o que havia vivido junto com muitos dos membros desta rede no processo que conduziu ao Sínodo para a Amazônia, uma época em que "este processo já estava vivo e em movimento".
Do chamado do CEPRAP, "que tem a vocação de acompanhar, promover, encorajar processos, com um claro enfoque nestas redes territoriais", ele vê esta realidade como "a emergência de um novo sujeito eclesial na Igreja, a partir das territorialidades, dos biomas, numa opção clara da Laudato Sì', que é a reforma socioambiental, a conversão ecológica, mas também da Evangelii Gaudium para uma reforma ou conversão pastoral que eles vêm encorajando".
Um caminho percorrido em conjunto com vários atores, que começou com uma pergunta muito simples: "Sentimo-nos chamados neste momento da Igreja a caminhar como uma rede, a retomar um caminho que tinha sido feito de forma incipiente há alguns anos e que tinha permanecido como algumas preocupações, mas que talvez tivesse sido reduzido a um único tema?”. Uma preocupação que foi respondida com um retumbante sim, e o diretor do CEPRAP lembrou que foi se procurando a concepção territorial a partir da qual a rede queria seguir em frente.
"De um profundo discernimento ficou estabelecido que seria uma visão de um macrobioma do Gran Chaco e do Aquífero Guarani, ambos, não separados", lembrou Mauricio. Deixando de lado a tese de ter duas redes separadas, "a noção de integralidade que ambos os biomas representam na vida e na conexão com a vida, e nas ameaças, levou a uma decisão comunitária, discernida para ter uma visão integral", afirmou ele. Com o impulso do Celam, e com a ajuda da CLAR e da Cáritas América Latina, foi criada "uma rede de articulação com aqueles que estão no território".
A experiência das igrejas de fronteira ajudou nisso, destacando como muito importante "o exercício comunitário de ter uma comissão de animação, de coordenação", bem como o fato de "confiar a Mons. Macín esse papel de acompanhamento desse processo, e do Celam, onde também organizamos um acompanhamento permanente e operativo, mesmo com um secretariado interino, esperando que mais tarde também seja definido um secretariado permanente a partir do território", afirmou Mauricio.
O diretor do CEPRAP enfatizou que "quando o caminho da rede começou a tomar forma, foi estabelecida a necessidade de fazer uma leitura profunda do território, de fazer um diagnóstico da realidade e também de trocar perspectivas a fim de estabelecer os eixos de trabalho", o que levou ao desejo de estabelecer formalmente a rede. Em suas palavras, ele lembrou que, embora o Brasil tenha acompanhado o processo, precisa de outro ritmo e outro tempo para sua realidade, "algo que nos mostra que são redes construídas a partir da realidade, das necessidades, mas há também uma necessidade explícita de continuar avançando, para responder às urgências dos gritos da realidade", embora seja sempre possível que o Brasil se reconecte posteriormente.
"Estamos diante da irrupção de um novo sujeito eclesiológico na Igreja, germinado com as outras redes do mundo", salientou Mauricio, que "está modelando uma profunda riqueza da abertura da Igreja para responder aos sinais dos tempos, para viver sua missão de anúncio, mas também de denúncia em termos de territórios".
O diretor do CEPRAP deixou claro que eles compartilham a profunda esperança, do Celam e do Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral, e que podem contar com este apoio, pedindo "um profundo discernimento para estabelecer onde Deus os chama, para responder nos próximos cinco anos e necessariamente para definir os aspectos essenciais da identidade, os modos organizacionais que lhes permitirão servir muito mais, cada vez ao projeto do Reino, mas permanecendo sempre abertos, sinodais e em permanente discernimento".
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“Rede Eclesial do Gran Chaco e do Aquífero Guarani – REGCHAG, grande notícia para a Igreja, para o Reino e para este território”, afirma Mauricio López - Instituto Humanitas Unisinos - IHU