16 Novembro 2022
"Nós não podemos medir esses movimentos em termos da política tradicional. A eficácia imediata da decisão não é fundamental para eles. Eles são muito fortes para propor um problema e até mesmo para levar um ditador a renunciar, mas eles têm um poder limitado para ocupar o espaço. O que faz com que o seu interesse também constitua um limite." Foi com estas palavras que o sociólogo Geoffrey Pleyers, professor da Universidade Católica de Louvain, na Bélgica, comentou os desdobramentos de novas manifestações que ocorriam na Espanha, o berço do movimento dos "indignados", em 2015, quatro anos depois dos primeiros protestos que reuniam multidões na Porta do Sol.
Ao longo da última década, aquele movimento que desafiou a compreensão de pesquisadores e políticos, inspirado na Primavera Árabe, ganhou força e foi reproduzido em diversas partes do mundo, como na Ucrânia e no Chile mais recentemente, em torno da luta por direitos, envolvendo temas como sustentabilidade, moradia, economias alternativas, raça, gênero, espiritualidade etc. Entretanto, "aqueles que veem nesta contestação um fogo de palha procuram os movimentos lá onde eles não estão mais", observou Pleyers.
Compreender esses novos ativismos e protagonistas, suas articulações e pautas na reinvenção da solidariedade social é o tema do "VIII Simpósio Internacional Desigualdades, Direitos e Políticas Públicas: Novos ativismos e protagonistas na reinvenção da solidariedade social", promovido pelo Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais (PPGCS) da Unisinos. O evento tem como objetivo "propiciar o exame crítico da conjuntura global e local e a análise das condições restritivas, regressivas ou potencializadoras de ações coletivas emancipatórias; promover o debate teórico e metodológico em torno dos novos ativismos e protagonistas voltados à transformação social e à garantia de direitos na sociedade contemporânea, com ênfase no Sul global; e oportunizar a reflexão sobre a efetividade e os desafios das políticas públicas como instrumentos de equidade, justiça social e interculturalidade, em perspectiva de longo alcance".
O evento começa quarta-feira, 16-11-2022, e vai até sexta-feira, 18-11-2022, no formato híbrido. A conferência de abertura, intitulada "Cenários globais, diálogos locais e os novos ativismos", será ministrada por Geoffrey Pleyers e Adriane Vieira Ferrarini logo após a apresentação do espetáculo Flamenco Negro, no Teatro Unisinos, no campus Porto Alegre.
Serviço
O ingresso para participar da primeira noite do evento custa R$30,00 e pode ser adquirido aqui. Mais informações sobre a programação estão disponíveis na página do evento.
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Novos ativismos e protagonistas na reinvenção da solidariedade social é tema de simpósio internacional do PPG em Ciências Sociais da Unisinos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU