11 Novembro 2022
O povo Kaingang também tem sua narrativa de criação do mundo e vem contada pelo cacique Maurício Vem Tánh Salvador. Se por séculos e séculos ela passou, oralmente, de geração a geração, agora ela está registrada em livro – A araucária e a gralha azul: uma história dos antigos Kaingang, lançado pela Libreto na Feira do Livro de Porto Alegre, reunida na Praça da Alfândega de 28 de outubro a 15 de novembro.
A reportagem é de Edelberto Behs, jornalista.
“O mito trata da importância da vida em comunidade, do valor da palavra, em especial quando decorre de escolhas que nós próprios fazemos, de como as aparências podem enganar, bem como da existência de vínculos eternos, tais quais o da araucária e da gralha azul”, resume o autor conforme o registro do repórter Gilson Camargo, do jornal Extraclasse.
(Foto: Divulgação | Editora Libreto)
No livro, a narrativa oral do cacique foi anotada por Ana Fonseca, com ilustrações de Mauren Veras, e vem publicada no idioma kaingang e em português. A história reporta acontecimentos transcorridos num tempo muito distante, no Gufã, logo depois da origem do mundo, quando os primeiros Kaingang, os Kamé e Kairu, emergiram da Terra.
O cacique Salvador, do grupo Retomada Kaingang, de Canela-RS, é estudante de Biologia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Ele conta que os Kamé e Kairu pintaram seus corpos e todas as coisas que existiam com o carvão das fogueiras ancestrais. Kamé tratou de difundir todas as formas compridas, enquanto Kairu se ocupou com as redondas. Desde então, o mundo se recria de forma permanente, no complemento entre linha e ponto.
Segundo Maurício Salvador, a narrativa se presta para ser estudada e ensinada às crianças e para quem quer conhecer a cultura Kaingang, uma vez que ela apresenta “as marcas tribais e seus significados e a ancestralidade”.
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Livro conta a criação do mundo na visão dos Kaingang - Instituto Humanitas Unisinos - IHU