#Questionamento. Artigo de Gianfranco Ravasi

Foto: rawpixel.com | Freepik

Mais Lidos

  • Niceia 1.700 anos: um desafio. Artigo de Eduardo Hoornaert

    LER MAIS
  • A rocha que sangra: Francisco, a recusa à OTAN e a geopolítica da fragilidade (2013–2025). Artigo de Thiago Gama

    LER MAIS
  • Congresso arma pior retrocesso ambiental da história logo após COP30

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

19 Outubro 2022

 

Não falo as coisas que falo já as sabendo, mas as questiono junto com você.

 

O comentário é do cardeal italiano Gianfranco Ravasi, prefeito do Pontifício Conselho para a Cultura, publicado por Il Sole 24 Ore, 16-10-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.

 

É o grande Platão que fala assim ao seu interlocutor Cálicles no diálogo do Górgias. Aliás, sempre é citado um trecho de outro de seus textos, a Apologia de Sócrates, em que seu mestre adverte que uma vida não questionada não merece ser vivida. Este é um dos ensinamentos capitais a serem dedicados sobretudo à nossa época em que trunfam, através das redes sociais, a arrogância, a aproximação, o lugar-comum e até a pura e simples falsidade como conhecimento. O verdadeiro sábio sabe que não sabe e, portanto, se direciona com humildade e paciência no caminho do questionamento.

 

A pergunta é fundamental no progresso da ciência, assim como na própria religiosidade genuína que é caminho "de luz em luz" segundo a Bíblia, e não entrincheiramento em uma fortaleza dogmática. Não é por acaso que em muitas religiões a verdade é identificada com Deus e, portanto, é infinita. O desejo de conhecimento é a mola que faz progredir, como já sugeria Leonardo da Vinci: "Assim como comer sem vontade é prejudicial à saúde, estudar sem desejo estraga a memória e não guarda nada que a estimule".

 

Mas, no final, deixamos novamente a palavra a Platão em outro de seus escritos, Cármides, no qual ele questiona Crítias da seguinte forma: “Você se dirige a mim como se eu declarasse conhecer as coisas sobre as quais eu me questiono. Não é assim: com a sua ajuda estou à procura da solução, porque a ignoro”.

 

Leia mais