29 Março 2022
Um dos criadores do socioambientalismo, indigenista paulista conversa com jovem ativista de Rondônia sobre conquistas e desafios do movimento verde.
A reportagem é publicada por Observatório do Clima, 24-03-2022.
“A maior mancada da minha geração foi ter deixado esse abacaxi para vocês assim, sem descascar.” Assim Márcio Santilli, 66, resumiu a frustração de sua geração na tentativa de solucionar a crise do clima à ativista rondoniense Txai Suruí, 25.
Santilli, um dos criadores do movimento socioambiental, foi um dos principais responsáveis pela inclusão da questão florestal nas negociações de clima. No começo do século, juntamente com outros ambientalistas e cientistas brasileiros, ele formulou o conceito de redução compensada de desmatamento – o que viria a dar no Redd+, o mecanismo de compensação pelo desmate reduzido sacramentado na Convenção do Clima da ONU.
Txai Suruí foi a primeira indígena brasileira a discursar num segmento oficial de uma conferência do clima. No ano passado, na COP26, em Glasgow, ela foi a única voz do Brasil a falar na Cúpula de Líderes, diante de chefes de governo como Joe Biden e Angela Merkel.
Os dois se encontraram em Brasília em 10 de março, manhã seguinte ao Ato Pela Terra, para conversar sobre as vitórias, as derrotas e os desafios de duas gerações em lutar contra o aquecimento da Terra. O Diálogo pelo Futuro, em comemoração aos 20 anos do Observatório do Clima, tratou de COPs, de povos indígenas, da construção de um futuro melhor e da passagem catastrófica da extrema-direita pelo poder no país.
“Eu não tenho a ilusão de que daqui a 25 anos estará tudo resolvido”, disse Txai. Ou seja, apesar de [o tema ter] uma maior visibilidade, a gente sabe que ainda tem um caminho muito grande a percorrer quando a gente fala de meio ambiente. Hoje a visão está mudando, e graças a pessoas como você, que começou o socioambientalismo.”
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“Deixamos um abacaxi pra vocês”, diz Márcio Santilli a Txai Suruí - Instituto Humanitas Unisinos - IHU