Povo Guarani Mbya retoma área em Canela no Rio Grande do Sul

Povo Guarani Mbya na chegada a área de Canela | Foto: Povo Guarani Mbya

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02 Dezembro 2021

 

Indígenas voltaram para área na segunda-feira (29-11). Na década de 1940, o local foi transformado em espaço de preservação ambiental; a área possui mais de 700 hectares e está preservada.

 

A reportagem é da assessoria de comunicação do Conselho Indigenista Missionário - Cimi, publicada em 30-11-2021.

 

A força dos Guarani Mbya tomou conta do município de Canela, no Rio Grande do Sul, na manhã da última segunda-feira (29-11): oito famílias do povo retomaram uma área transformada em espaço de preservação ambiental pelo estado gaúcho. O local, que possui mais de 700 hectares, está preservado, rico em florestas e com água “em abundância”.

Foi na década de 1940 que a área passou por esse processo de transformação. Em nota, o coordenador do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) – Regional Sul, Roberto Liebgott, explica que isso ocorreu “em função da implementação de pequenas barragens naquela região”. “A área estava sob o controle da Companhia de Energia Elétrica do Estado do Rio Grande do Sul (CEEE), recentemente privatizada”, disse Roberto.

 

Jovens do Povo Guarani Mbya realiza durante retomada de área em Canela, no na manhã do dia 29 de novembro de 2021 (Foto: Povo Guarani Mbya)

 

O local escolhido pelo Povo Guarani Mbya, para a fixação da comunidade, fica próximo à Barragem dos Bugres, em Canela, que tem como função principal realizar a transposição de águas das bacias do Rio Caí para o Rio Paranhana.

“O nome dessa barragem é revelador acerca de quem foi expulso da região para que a instalação fosse feita. É importante recordar que os indígenas, de forma preconceituosa e pejorativa, eram denominados, pelos colonizadores, de bugres“, conta Roberto.

  

Grupo durante a entrada na área de terras em Canela (Foto: Povo Guarani Mbya)

 

Para os indígenas desse povo, o processo de retomadas está inserido em um contexto de “espiritualidade”, com vínculos com as ancestralidades, ou seja, “por onde os Mbya já passaram”.

Ao Cimi, Agostinho Morinico, liderança religiosa do povo Karaí, afirmou que as oito famílias foram conduzidas por Nhanderu, Deus que guia e acompanha seu povo em todas as jornadas da vida terrena.

Agora, as lideranças aguardam um posicionamento do Conselho Estadual dos Povos Indígenas - CEPI, da Fundação Nacional do Índio - Funai, do Ministério Público Federal - MPF e da Secretaria Especial de Saúde Indígena - Sesai para que dialoguem sobre a retomada e assegurem a manutenção dos indígenas na área.

“As lideranças esperam que os órgãos acompanhem e assistam essas famílias, já que no grupo há crianças e pessoas idosas. Esperam também que se procedam os estudos para identificação e delimitação da terra para o usufruto exclusivo da comunidade”, afirmou o coordenador do Cimi Regional Sul.

 

Indígenas Guarani Mbya durante protestos por demarcação terra, entre elas essa de Canela, em Brasília (Foto: Tiago Miotto/Cimi)

 

Além disso, os Guarani Mbya desejam contar com o apoio de outras comunidades indígenas, com entidades e grupos que também lutam pelos direitos originários, como o direito à vida e à terra.

 

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