04 Outubro 2021
"Que reação deveríamos ter diante da admoestação do Santo Padre? Acredito que deveríamos examinar atentamente a nós mesmos. A mídia católica não deveria colocar as almas em perigo. Não quero pôr em perigo minha alma ou a de outra pessoa", escreve Gloria Purvis[1], apresentadora do The Gloria Purvis Podcast da America Media, em artigo publicado por America e reproduzido por Settimana News, 03-10-2021. A tradução é de Luisa Rabolini.
Enquanto estava na Eslováquia, o Papa Francisco foi questionado: "Como se comporta com pessoas que olham para o senhor com desconfiança?".
A resposta do Santo Padre repercutiu na mídia católica.
“Existe, por exemplo, um grande canal de televisão católico que não hesita em falar mal do papa continuamente. Eu pessoalmente mereço os ataques e os insultos porque sou um pecador, mas a Igreja não os merece. São obra do diabo. Eu também disse isso para alguns deles”.
Alguns críticos do papa veem a resposta de Francisco como um motivo para comemorar. Vendo-se como guardiães da ortodoxia, receberam suas críticas não como uma acusação, mas como uma medalha de honra. Esses críticos acreditam que o canal de televisão - que muitos supõem ser EWTN - deve continuar no caminho que o Santo Padre denunciou.
Enquanto isso, alguns dos apoiadores do papa sentem uma sensação de schadenfreude ao ver os críticos do papa serem citados tão diretamente. Eles percebem elementos do canal de televisão como um paladino de ideologias racistas, sexistas e politicamente partidárias. Para eles, o Santo Padre rasgou o manto da ortodoxia do que é uma fraude piedosa.
Eu, por outro lado, senti temor ao ler as palavras do Santo Padre. Embora eu tenha sido afiliada à EWTN no passado, não considerei sua advertência limitada a uma única emissora ou a um único comentarista católico. Senti como se ele estivesse falando diretamente para mim. Era tanto uma correção como um convite.
É terrível cooperar com o diabo. Cada pessoa com alguma influência deve parar e considerar seriamente como fala do Vigário de Jesus Cristo. As nossas palavras fomentam o ódio e a desconfiança do pastor à frente da Igreja Católica? Podemos jogar lama no Vigário de Cristo e esperar que a Noiva de Cristo não leve nenhum respingo?
Falar mal do ofício papal prejudica a Igreja. O Santo Padre não é um sujeito qualquer de uma qualquer cidade estadunidense. O Papa Francisco, sucessor do príncipe dos apóstolos, é o principal guardião da fé católica.
Para enfatizar quem é o papa e por que deveríamos prestar atenção, relembramos as palavras de Jesus em Mateus 16,18-19: "Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela; E eu te darei as chaves do reino dos céus; e tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus”.
A autoridade dada a Pedro por Jesus flui para os sucessores de São Pedro, incluindo São João Paulo II, Papa Bento XVI e Papa Francisco.
Que reação deveríamos ter diante da admoestação do Santo Padre? Acredito que deveríamos examinar atentamente a nós mesmos. A mídia católica não deveria colocar as almas em perigo. Não quero pôr em perigo minha alma ou a de outra pessoa.
A advertência do Santo Padre é também um convite a rejeitar as obras do diabo. Suas palavras refletem seu ministério de cuidado das almas. Suas palavras são um lembrete para a renovação de nossas promessas batismais.
Você rejeita Satanás? E todas as suas obras? E todas as suas promessas vazias? Eu sim. Eu o faço. Eu sim.
Esta semana, no The Gloria Purvis Podcast, falo com o Padre Aquinas Guilbeau OP para aprofundar as palavras do Santo Padre. Como podemos criticar o papa sem servir aos interesses do diabo? Que tipo de obediência os leigos devem ao Santo Padre? Podemos ser católicos e rejeitar a autoridade deste papa? Ele está revendo a doutrina e está nos levando à heresia? Quais são as condições para oferecer uma correção fraterna?
Alguns comentários sobre essa história levaram a novas divisões dentro da Igreja. O que estou escrevendo tem como objetivo nos afastar de fazer a obra do diabo.
[1] Gloria é uma personalidade do rádio e da mídia, que apareceu em vários meios de comunicação, incluindo The New York Times, The Washington Post, PBS Newshour, Catholic Answers Live e EWTN News Nightly, e apresentou Morning Glory, um programa de rádio internacional.
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A mídia e as críticas ao papa - Instituto Humanitas Unisinos - IHU