01 Setembro 2021
O Papa Francisco intervém pessoalmente para silenciar os rumores sobre sua renúncia que circularam nos últimos dias. E revela bastidores sobre sua saúde. "Um enfermeiro salvou minha vida", explica ele em entrevista à rádio espanhola Cope. Como está?, pergunta-lhe a jornalista Eva Fernandez. "Estou vivo", ele responde. E ainda: “Um enfermeiro salvou-me a vida, um homem com muita experiência. Esta é a segunda vez na minha vida que um enfermeiro salva minha vida. A primeira foi no ano de 1957”.
A reportagem é de Paolo Rodari, publicada por La Repubblica, 31-08-2021. A tradução é de Luisa Rabolini.
Segundo apurou o Repubblica, o enfermeiro se chama Massimiliano Strappetti. Ele é de Roma e trabalha no Vaticano. Francisco confia muito nele. Foi ele em fevereiro passado, após um primeiro episódio de diverticulite esclerosante, que convenceu o Papa a fazer alguns exames e o aconselhou, junto com a equipe médica que costuma atendê-lo, a se operar para evitar o risco que a doença degenerasse de modo irreparável. Graças ao seu conselho, o Papa Francisco entrou na Policlínica Gemelli no início de julho e, após a cirurgia, resolveu assim seus problemas. Strappetti está perto dele todos os dias para qualquer eventualidade médica e também parece ter sido ele quem insistiu em tomar logo a vacina para o Covid-19 (em janeiro de 2021).
O primeiro episódio de que fala o Papa ocorreu em 1957. A protagonista foi uma freira italiana que, em oposição aos médicos, mudou o medicamento que deveria ser administrado a Bergoglio, na época um jovem seminarista argentino, para curá-lo da pneumonia de que sofria. Graças ao novo tratamento, o futuro Pontífice se recuperou. Francisco com a rádio Cope também aborda a questão das especulações sobre a possibilidade de sua renúncia iminente do pontificado, na esteira do que o Papa Bento XVI já fez em 2013. Bergoglio nunca negou que no futuro essa renúncia possa ocorrer.
Mas hoje sugere que não está na ordem do dia. “Quando um Papa está doente, levanta-se um vento ou um furacão de Conclave”, diz ele, brincando e aludindo ao fato de que toda vez que se apresentam motivos de saúde para um Papa, há alguém que sugere o fim do pontificado. Mas tem mais. Ainda de acordo com o que o La Repubblica apurou, Francisco não só não pensa em renunciar, como nem mesmo está trabalhando na redação de novas regras a serem seguidas quando um Papa no futuro fizer como Joseph Ratzinger e renunciar ao pontificado. Enquanto Bento XVI estiver vivo, o tema não será tratado. Nem o enfrentou o Conselho dos Cardeais, que está trabalhando na reforma da Cúria Romana e sua nova organização.
O Papa hoje está com 84 anos. Em alguns dias (a partir de 12 de setembro), está programando uma viagem a Budapeste e à Eslováquia. Enquanto se fala sobre possíveis outras viagens no outono e no ano novo. Parece também que para setembro de 2022 ele tenha manifestado o desejo de visitar Matera. O período pós-operatório da última operação correu bem e ainda que, durante a audiência da última sexta-feira com parlamentares católicos, Francisco tenha iniciado seu discurso se desculpando por não poder falar de pé (“Ainda estou no período pós-operatório e eu tenho que ficar sentado”, disse ele), nada sugere que ele queira se afastar.
A íntegra da entrevista, em espanhol, pode ser ouvida aqui.
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O Papa: um enfermeiro salvou minha vida. E brinca sobre sua aposentadoria - Instituto Humanitas Unisinos - IHU