11 Agosto 2021
“Se as Forças Armadas se prestaram ao papelão da terça-feira, não foi por obediência devida, mas por golpismo ou pusilanimidade de seus oficiais-generais” – Helio Schwartsman, jornalista – Folha de S. Paulo, 11-08-2021.
“O problema não é o tanque de guerra. "O problema é o guarda da esquina". Quero lembrar a fala do vice-presidente Pedro Aleixo, em 1968, a única voz discordante das atrocidades do AI-5. Enquanto Jair Bolsonaro brinca de "marcha soldado" e desmoraliza as Forças Armadas, a democracia no Brasil vai sendo corroída pelas beiradas. No dia da votação sobre a estupidez do voto impresso, o exercício militar, patrocinado pelo presidente, pegou um atalho até a praça dos Três Poderes e virou piada nas redes sociais. A Quaest Pesquisa analisou cerca de 2,3 milhões de postagens: 93% são chacota com a parada ou críticas a Bolsonaro. Apenas 5% são de apoio aos militares” – Mariliz Pereira Jorge, jornalista – Folha de S. Paulo, 11-08-2021.
“Jair arma seus seguidores não apenas com o acesso facilitado a armas mas com munição mais poderosa ao rejeitar sistematicamente as regras do jogo político, ao negar a legitimidade de adversários políticos, ao tentar reduzir as liberdades civis de seus críticos, ao encorajar a violência e asfixiar a imprensa. Este roteiro, descrito no livro "Como as Democracias Morrem", foi seguido por líderes autoritários no século 21. Tanque nas ruas é só cortina de fumaça. Literalmente” – Mariliz Pereira Jorge, jornalista – Folha de S. Paulo, 11-08-2021.
“Diante da imprevisibilidade de Bolsonaro, a pergunta que tem sido feita é sobre a reação de Lira caso o presidente descumpra a promessa de interromper os ataques golpistas: o presidente da Câmara tomará uma atitude incisiva ou continuará a transformar as crises geradas por Bolsonaro em prejuízo para si e seu grupo político?” – Painel – Folha de S. Paulo, 11-08-2021.
“O general da reserva Carlos Alberto dos Santos Cruz, ex-ministro da Secretaria de Governo de Jair Bolsonaro, disse ao Painel que achou desnecessário, inoportuno e inconveniente o desfile de blindados pela Esplanada dos Ministérios para entregar um convite da Marinha ao presidente da República” – Painel – Folha de S. Paulo, 11-08-2021.
“No próximo dia 25 completam-se 60 anos do início da crise provocada pela renúncia do presidente Jânio Quadros. Em 1996, lendo o livro-reportagem do jornalista Carlos Castello Branco, que havia sido assessor de imprensa do tatarana, Fernando Henrique Cardoso comentou: “O Brasil esteve perto de uma guerra civil sem que houvesse crise econômica, crise social ou até mesmo uma crise política séria. Era tudo futrica”. Isso e mais um presidente pensando em dar um golpe” – Elio Gaspari, jornalista – Folha de S. Paulo, 11-08-2021.
“Passaram-se 60 anos, uma pandemia matou mais de 560 mil pessoas, há 14,8 milhões de desempregados, e o país está novamente numa encrenca institucional. Blindados desfilam por Brasília e o presidente ameaça sair dos limites da Constituição. A crise sanitária existe e a econômica agravou-se. Mesmo assim, espremendo-se a encrenca institucional, voltou-se ao ponto de partida: tudo futrica e enunciados golpistas” – Elio Gaspari, jornalista – Folha de S. Paulo, 11-08-2021.
“Os blindados que se moveram em Brasília ecoam a cena em que o presidente americano Donald Trump pretendia comemorar a data nacional de 4 de julho de 2020 (quatro meses antes da eleição) com uma parada militar de aviões sobrevoando grandes cidades e tanques no gramado da Casa Branca. O plano encolheu quando o chefe do Estado-Maior Conjunto, general Mark Milley, entrou na discussão: “Vocês não aprendem? Não é assim que fazemos. Isso é o que faz a Coreia do Norte, o que fazia Stalin. Nós não fazemos paradas desse tipo. Isso não é a América”. No caso brasileiro, Bolsonaro conseguiu seu desfile” – Elio Gaspari, jornalista – Folha de S. Paulo, 11-08-2021.
“Em 1961, muito além das futricas, havia o projeto golpista de Jânio. Nas palavras tardias de um coronel que em 1961 estava disposto a ir para o pau: “Naquela manhã de 25 de agosto, o que faltou foi alguém que trancasse o Jânio no banheiro do palácio”” – Elio Gaspari, jornalista – Folha de S. Paulo, 11-08-2021.
“O presidente Jair Bolsonaro sofreu três derrotas relevantes nesta terça-feira, 10, e a principal delas foi a decisão do plenário da Câmara de "enterrar definitivamente", como disse o presidente da Casa, deputado Arthur Lira (PP-AL), a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que recriaria o voto impresso no Brasil. Esta era - ou é? - não apenas a principal bandeira, mas a atual obsessão de Bolsonaro. As duas outras derrotas: a Lei de Segurança Nacional (LSN) foi derrubada no Senado e a convocação de blindados militares para desfilar na Praça dos Três Poderes e na Esplanada dos Ministérios foi um fiasco, pelo espetáculo, pelas autoridades que participaram e pelo público que assistia. Em vez de ajudar, pode ter piorado as chances de aprovação do voto impresso na Câmara” – Eliane Cantanhêde, jornalista – O Estado de S. Paulo, 11-08-2021.
“O presidente não vai parar sua escalada contra a urna eletrônica, nem deixará de inventar novos fantasmas para ocultar as terríveis estatísticas que o acompanham: 563 mil mortos pela pandemia, inflação, miséria, desemprego e corrupção. Para os sintomas diários de insanidade do governo de nada servem os recursos da psiquiatria convencional, como se cogitou nas ondas agudas da crise. Psiquiatra de rei é impeachment” – Rosângela Bittar, jornalista – O Estado de S. Paulo, 11-08-2021.
“O desfile de blindados promovido pelo ministro da Defesa e pelo presidente da República, mais que fuligem, deixou no ar o sentimento de tristeza e impotência. Num clima de águas malparadas, o País mora no impasse. Quando isso ocorre, o vencedor é sempre o constrangimento. E o dia foi de muitos constrangimentos: da sociedade, da economia, dos Poderes e até mesmo dos militares – as Forças Armadas do Brasil mereciam outro destino. O vexame democrático e institucional é inegável e não tem como voltar atrás. Agosto é mesmo mês de desgosto e são quase três anos de “agostos”. A repercussão internacional dos tanques envelhecidos, enchendo a Praça dos Três Poderes de fumaça, foi péssima. Essa desinteligência retrai investimentos, afeta a economia, reduz qualquer esperança. Empresários e operadores de mercado já se dão conta de que, desse modo, o Brasil não irá longe” – Carlos Melo, cientista político e professor do Insper – O Estado de S. Paulo, 11-08-2021.
“Rodrigo Pacheco (DEM-MG) é, por ora, quem mais soube lucrar politicamente com a crise do voto impresso. Em busca de encarnar a terceira via, o presidente do Senado se posicionou firmemente desde o primeiro momento em favor das instituições e da democracia. O contraste com Arthur Lira (PP-AL) também favorece Pacheco. O presidente da Câmara, vacilante em relação a esses temas, sai desgastado com parte dos colegas do Centrão e da centro-direita por tê-los exposto em relação ao Planalto quando resolveu levar a votação ao plenário” – Alberto Bombig e Matheus Lara, jornalistas – O Estado de S. Paulo, 11-08-2021.
“Pacheco conversa com o PSD de Gilberto Kassab sobre eventual candidatura a presidente em 2022” – Alberto Bombig e Matheus Lara, jornalistas – O Estado de S. Paulo, 11-08-2021.
“Como presidente da COP-26, tenho testemunhado de perto esses efeitos. O Brasil não é exceção: partes do ecossistema único da floresta amazônica estão sob risco de se transformarem em um tipo de savana, e eventos de seca tendem a se intensificar, com consequências para a produção de energia e de alimentos. Para nos mantermos a 1,5ºC, devemos cortar pela metade as emissões de carbono até 2030. Esta década é decisiva —e, por isso, a COP-26 é crucial” – Alok Sharma, presidente da COP-26, reunião internacional sobre a crise do clima que acontece de 31 de outubro a 12 de novembro em Glasgow, na Escócia – Folha de S. Paulo, 11-08-2021.
“Como potência ambiental e agrícola, o Brasil tem um importante papel no combate às mudanças do clima e uma enorme oportunidade de se beneficiar do aumento de fluxos financeiros que deverão ser gerados” – Alok Sharma, presidente da COP-26, reunião internacional sobre a crise do clima que acontece de 31 de outubro a 12 de novembro em Glasgow, na Escócia – Folha de S. Paulo, 11-08-2021.
“Tem muito engenheiro, advogado, dirigindo Uber porque não consegue a colocação devida, mas, se fosse técnico em informática, estaria empregado porque há demanda muito grande. Então, o futuro são os institutos federais, como é na Alemanha hoje. Na Alemanha, são poucos os que fazem universidade. A universidade, na verdade, deveria ser para poucos, nesse sentido de ser útil à sociedade” – Milton Ribeiro, ministro da Educação – O Estado de S. Paulo, 11-08-2021.
“Nos EUA, são as pessoas que escolheram não se vacinar que continuam vivendo nesse inferno de hospitais lotados e sem respiradores. Escolha que parece refletir um misto de alinhamento político com a falta de acesso à saúde e educação em geral. Já no Brasil, apesar do alinhamento político, a absoluta maioria da população quer se vacinar. Temos o potencial de superar os EUA em índices de vacinação e chegar em um controle melhor da pandemia. Aqui, é a falta de vacinas que continua matando. Como a Fiocruz alertou sobre o Rio de Janeiro, hospitalizações e mortes aumentaram entre os idosos, que são mais vulneráveis à Covid, mesmo vacinados. E continuam altas entre os mais jovens, que ainda não tiveram acesso à vacina, o que inclui crianças de 0 a 9 anos, que estão nos piores índices de hospitalização por Síndrome Respiratória Aguda Grave desde o começo da pandemia. Esses são os que têm pagado o preço de o país ter priorizado vacinas de cambistas ao invés de vacinas seguras e eficazes testadas aqui” – Atila Iamarino, doutor em ciências pela USP – Folha de S. Paulo, 11-08-2021.
“Eu diria que a Covid-19 é o começo do futuro. Está mais claro do que estava um ano atrás que a atual pandemia é um evento único sem precedentes no passado, mas que terá muitos imitadores a partir de agora. Ou seja, a Covid-19 é a primeira pandemia realmente global graças à sua capacidade de se espalhar por aviões a jato, embora a pandemia de gripe espanhola de 1918 tenha chegado perto” – Jared Diamond, biogeógrafo americano – Folha de S. Paulo, 11-08-2021.
“Há outros vírus só esperando para emergir. Temos algo como 30 milhões de espécies de animais por aí, e cada um desses animais têm suas próprias doenças. Pegamos febre amarela de macacos, malária de primatas do Velho Mundo, pegamos a Sars [doença causada por outro coronavírus no começo dos anos 2000] de animais do Sudeste Asiático. Portanto, você pode apostar que elas vão continuar aparecendo enquanto os seres humanos tiverem contato com animais” – Jared Diamond, biogeógrafo americano – Folha de S. Paulo, 11-08-2021.
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Tanques nas ruas. Tristeza, impotência e constrangimentos – Frases do dia - Instituto Humanitas Unisinos - IHU