22 Julho 2021
“No último dia 8, uma quinta-feira, o presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), recebeu um duro recado do ministro da Defesa, Walter Braga Netto, por meio de um importante interlocutor político. O general pediu para comunicar, a quem interessasse, que não haveria eleições em 2022, se não houvesse voto impresso e auditável. Ao dar o aviso, o ministro estava acompanhado de chefes militares do Exército, da Marinha e da Aeronáutica. O presidente Jair Bolsonaro repetiu publicamente a ameaça de Braga Netto no mesmo 8 de julho. “Ou fazemos eleições limpas no Brasil ou não temos eleições”, afirmou Bolsonaro a apoiadores, naquela data, na entrada do Palácio da Alvorada” - Andreza Matais e Vera Rosa, jornalistas, na reportagem ‘Ministro da Defesa faz ameaça e condiciona eleições de 2022 ao voto impresso’ - O Estado de S. Paulo, 22-07-2021.
“Ao colocar o presidente do PP, Ciro Nogueira (PI), na Casa Civil, Jair Bolsonaro incrusta no coração de seu governo o partido que esteve no epicentro do “mensalão” (via José Janene) e do “petrolão” (via Paulo Roberto Costa). O gesto, incompatível com quem ainda tenta manter discurso anticorrupção, foi lido, para além da proteção natural contra o impeachment, como carta de intenção do presidente da República em relação à sigla, afinal, ele ainda permanece sem partido. Mas, ora vejam só, dirigentes do PP não veem a filiação como “automática” – Coluna do Estadão – O Estado de S. Paulo, 22-07-2021.
“Jair Bolsonaro fez uma jogada completa para garantir sua sobrevivência até o ano que vem e organizar uma estrutura para a reeleição. A instalação de um expoente do centrão no coração do governo reduz o risco de impeachment, estreita os laços do presidente com um partido que pode abrigá-lo para a disputa e instala um comitê de campanha dentro do Palácio do Planalto. A decisão de Bolsonaro de desalojar o amigo Luiz Eduardo Ramos e entregar a Casa Civil ao senador Ciro Nogueira, chefe do PP, é um sinal claro de fragilidade do governo. Mas enquanto a oposição esperava que o centrão se divorciasse de um presidente fraco, os termos da união acabaram se tornando mais vantajosos” – Bruno Boghossian, jornalista – Folha de S. Paulo, 22-07-2021.
“O governo viu a reeleição em risco e decidiu apostar num profissional para tentar virar o jogo. O centrão está afinado com Bolsonaro e tem interesse nessa empreitada, mas não é capaz de fazer milagres. O presidente ainda é o mesmo” – Bruno Boghossian, jornalista – Folha de S. Paulo, 22-07-2021.
“Eu estava, aliás, ainda estou muito feliz na Casa Civil e dei o melhor de mim. Tanto que estou recebendo telefonemas de parlamentares de vários partidos, em solidariedade. Se eu estivesse sendo trocado por alguém formado em Oxford, ou Harvard, tudo bem, poderiam dizer que falhei. Mas é por um político aliado do presidente, é assim que funciona” - general Luiz Eduardo Ramos, confirmando que foi comunicado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de que deixará o cargo – O Estado de S. Paulo, 22-07-2021.
"As ações de hoje vão no sentido de tentar apaziguar o centrão no Senado e na Câmara, blindar o presidente de impeachment e pavimentar o caminho para a reeleição dele. (...) Bolsonaro está em baixa, fragilizado, enfraquecido. E ele entrega o seu principal ministério ao centrão, dando ao bloco poder central de articulação e gestão. (...) Vamos ver se elas causam o efeito esperado para o presidente até o ano que vem” – Leonardo Sakamoto, jornalista – Portal Uol, 21-07-2021.
A escolha de Ciro Nogueira (PP-PI) para a Casa Civil foi recebida com silêncio pelos parlamentares bolsonaristas, que fugiram do assunto nesta quarta-feira (21). A ascensão de Nogueira ao comando da articulação do governo foi vista por políticos como simbólica do momento em que o centrão finca sua bandeira na gestão Jair Bolsonaro. Em 2018, durante a campanha eleitoral, o general Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) cantou “se gritar pega centrão, não fica um, meu irmão”. “Eu queria tirar foto de cada um dos senhores aqui, para saber se em 2019, quando o couro comer pra valer, vocês vão se deixar seduzir pelo discurso do centrão ou se vão se manter firmes e fortes com Bolsonaro”, disse Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) em convenção partidária em 2018” – Painel – Folha de S. Paulo, 22-07-2021.
“Na história da redemocratização brasileira, reformas ministeriais são sinais inequívocos ora de acomodações pontuais, ora de prolongamento de agonias. O segundo caso se aplica ao governo Jair Bolsonaro, que namora mais uma mudança no gabinete. É a fatura, ou "invoice" para ficar no espírito do tempo de CPI da Covid, de seu casamento com o centrão” – Igor Gielow, jornalista - Folha de S. Paulo,22-07-2021.
“Segundo aliados, sua preocupação é binária: não sofrer impeachment e ser um candidato viável em 2022. Se a primeira angústia ainda parece ao alcance de solução pelo centrão, a segunda é uma incógnita. Pior: ela depende da primeira. Por ora, o presidente prolonga a agonia de seu mandato para tentar chegar ao ano que vem contando com alguma melhora geral do cenário sanitário e econômico” – Igor Gielow, jornalista - Folha de S. Paulo,22-07-2021.
“Bolsonaro elevou o desconforto de uma parte expressiva do empresariado com sua nova mudança ministerial, que cede poder ao centrão e desmembra a pasta de Paulo Guedes. O avanço da turbulência sobre o Ministério da Economia deixou uma sensação de que o presidente pode ter disposição de balançar uma ponte importante de seu governo com a Faria Lima em troca de amenizar as dificuldades políticas. O porte da reação de Bolsonaro para lidar com sua fragilidade é o que os alerta” – Painel S.A. – Folha de S. Paulo, 22-07-2021.
“A reforma ministerial é vista como um sinal de que Bolsonaro está sendo engolido pelo centrão e Guedes vai perdendo força, conforme avaliou um grande representante empresarial em conversas reservadas nesta quarta-feira (21). Entre os mais alinhados ao governo ainda existe a interpretação de que o fortalecimento do centrão deve ajudar Guedes a passar as reformas” – Painel S.A. – Folha de S. Paulo, 22-07-2021.
“(A recriação do Ministério do Trabalho) É uma medida com fins eleitorais, voltada às eleições de 2022, com a qual Bolsonaro, desesperado ante as pesquisas e a CPI, busca alocar mais apoiadores no governo” - Sérgio Nobre, presidente da CUT – Folha de S. Paulo, 22-07-2021.
“É um espaço que ele quer abrir para fortalecer o centrão. Não vai ter mudança nenhuma para os trabalhadores. (...) Bolsonaro não está recriando o Ministério do Trabalho, é a volta do Ministério do Desemprego do [Fernando] Collor" - Antonio Neto, presidente da CSB – Folha de S. Paulo, 22-07-2021.
“Enquanto Bolsonaro entretém a plateia com ameaças de golpe, parlamentares silenciosamente manipulam partes cada vez maiores do Orçamento conforme seus objetivos eleitorais. Como o presidente não governa, dedicando-se apenas a alvoroçar vivandeiras e a bulir com granadeiros, os oportunistas estão cada vez mais à vontade” – editorial ‘O poder das saúvas’ – O Estado de S. Paulo, 22-07-2021.
“Um livro recém-lançado tem uma proposta: a instauração do Rio como segundo Distrito Federal. O quê? Duas capitais? Sim, vários países as têm —China, Índia, Coreia do Sul, Indonésia, Taiwan, Arábia Saudita, África do Sul, Rússia, Chile—, e elas se completam. Não se trata de despir Brasília para vestir o Rio, mas de corrigir a combinação de casaca e cueca com que o Brasil se traja. Brasília seria a sede administrativa. A outra seria a capital ao alcance do povo, a verdadeira cidade nacional. O livro se chama "Rio, 2º Distrito Federal", do cientista político Christian Lynch e parceiros (302 págs., R$ 69, 90, somente físico). O que se lê acima é uma adaptação do texto de quarta capa que tive a honra de escrever” – Ruy Castro, jornalista e escritor – Folha de S. Paulo, 22-07-2021.
“No sábado (17), o dr. Anthony Fauci, o renomado virologista com mais de meio século de combate a doenças infecciosas, sugeriu, frustrado, que os EUA estariam ainda combatendo a pólio, a varíola e outros males erradicados há décadas se a mídia tivesse então o mesmo poder de combater imunização em massa. Ele lamentou que a motivação de cínicos como Carlson (o mais visível dos âncoras do horário nobre e a voz da ultradireita pós-Trump, convoca o culto trumpista a resistir a se imunizar, vomitando um picadinho de conspirações ideológicas), que não citou por nome, seja puro branding ideológico, nicho de mercado” – Lúcia Guimarães, jornalista – Folha de S. Paulo, 22-07-2021.
“Os Estados Unidos têm dezenas de milhões de doses de vacinas contra o coronavírus que vão expirar até o final de agosto. Enquanto todo o continente africano só conseguiu imunizar 1% da população, há vacinas sobrando aqui, entre o estoque existente e as já encomendadas, para imunizar toda a população do país, mesmo quando forem liberadas as doses para menores de 12 anos, o atual limite de idade aprovado pelo governo federal. Pelo menos 52 milhões de doses deixaram de ser distribuídas por vários estados, e não se trata de excesso num estado e escassez em outro, algo que poderia ser resolvido com melhor coordenação” – Lúcia Guimarães, jornalista – Folha de S. Paulo, 22-07-2021.
“Que liberdade de expressão é esta que permite a dois oligopólios da mídia convocar seu público a se suicidar?” – Lúcia Guimarães, jornalista – Folha de S. Paulo, 22-07-2021.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Comitê de campanha instalado dentro do Palácio do Planalto - Frases do dia - Instituto Humanitas Unisinos - IHU