18 Fevereiro 2021
Inicia amanhã, com as sete semanas da Quaresma, a preparação para o Dia Mundial da Água, celebrado em 22 de março. Embora a água tenha um forte significado espiritual na tradição cristã como um presente de Deus, o uso indevido em todo o mundo e a poluição humana ameaçam esse recurso essencial à vida, e milhões de pessoas não têm acesso à água limpa.
A reportagem é de Edelberto Behs, jornalista.
Este ano, as sete semanas de reflexão na Quaresma levam à jornada da justiça pela água na América do Norte, evento organizado pela Rede Ecumênica da Água do Conselho Mundial de Igrejas (CMI). Estarão no foco dessa peregrinação lugares como Flint, no Michigan, representante de muitas cidades americanas com água contaminada por chumbo; e Standing Rock, onde os Dakota Sioux lutaram com sucesso contra a destruição das águas sagradas pelo Oleoduto Keystone.
A luta pela água não para por aqui. No sudoeste dos Estados Unidos, a Nação Navajo ressente a falta de água até para lavar as mãos, o que aumentou o número de vítimas da pandemia do covid.
A América do Norte enfrenta diversos problemas relacionados à água. A Rede Ecumênica destacará, na Semana da Água, a proteção das fontes subterrâneas de água potável da contaminação da agricultura e do óleo e gás natural; a prevenção do esgotamento das águas subterrâneas para extrações excessivas da agricultura que ameaçam a disponibilidade de água subterrânea para futuras gerações; a remoção de represas que destroem rios desnecessariamente; mercantilização da água e especulação de negociadores que jogam o futuro da água em Wall Street.
No Brasil, de acordo com levantamento de 2019 do IBGE, 88,5% dos domicílios brasileiros recebiam água diariamente. Mas em 5% dos lares o abastecimento de água acontecia de quarto a seis vezes por semana, enquanto em outros 4,9% a água era fornecida apenas até três dias semanais. Assim, em torno de 18,4 milhões de brasileiras e brasileiros, de modo especial no Nordeste, não contavam com água diariamente.
O IBGE também constatou que 97,8% dos domicílios brasileiros tinham banheiro de uso exclusivo dos moradores. Mas 1,6 milhão de casas não contavam com essa modalidade.
O levantamento do IBGE indicou que 97% dos domicílios da Região Sul recebiam água diariamente, o maior percentual entre as regiões brasileiras. No entanto, pesquisa deste ano do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese-RS) arrolou que das 2.410 escolas da rede estadual de educação do Rio Grande do Sul, 86,3% dispõem de abastecimento de água, mas não necessariamente própria para beber. Ou seja, apenas 26,2% fornecem água potável e 328 sequer têm banheiro em suas dependências. Dez escolas (0,41%) estaduais informaram que não contam com nenhum tipo de abastecimento de água.
Não só isso: Mais da metade (54,7%) das escolas estaduais gaúchas não têm esgoto sanitário e 13,6% - 328 escolas - indicaram que não contam sequer com banheiros em suas dependências. A maioria das escolas (69,8%) não têm banheiro adequado a alunos/as com deficiência física ou mobilidade reduzida.
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Rede Ecumênica chama à reflexão sobre importância da água - Instituto Humanitas Unisinos - IHU