09 Fevereiro 2021
Emocionante! Essa imagem impressionante junta toda a fragilidade do mundo e apreensão mas também toda a esperança do mundo na vacina chegando para os idosos a partir dos 90 anos de idade que serão vacinados durante todos os sábados de fevereiro na Ilha do Fundão e na Praia Vermelha na UFRJ em postos drive-thru.
A UFRJ integra os esforços de vacinação da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) cedendo espaço, voluntários e material para a instalação de postos drive-thru, onde as pessoas são vacinadas em seus carros.
A equipe que atende na vacinação é de cerca de 50 pessoas, a maioria da Faculdade de Medicina e da Escola de Enfermagem Anna Nery (EEAN), voluntários da nossa prefeitura, nossa Reitoria, médicos, estudantes, pesquisadores, professores, técnicos todos mobilizados nesse momento incrível! #ufrj #vacinacão
É muito grave isto aqui. Para que possa circular melhor, ofereço o link apenas nos comentários, com os créditos aqui mesmo.
O texto que segue abaixo é reportagem de Flávia Milhorance que saiu em inglês no Guardian. A tradução não é minha, é livre/ anônima/ coletiva circulada pelo camarada Caetano Scannavino, à qual só fiz um ajuste. A foto que ilustra o post é de Nelson Almeida (AFP/Getty Images) e mostra Yanomamis em Surucucu, Roraima.
(Foto: AFP/Getty Images)
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"Mortes de crianças yanomami alimentam temores por grupos indígenas"
Dez crianças Yanomami morreram de Covid-19 em janeiro, alimentando temores sobre o impacto desproporcional que o coronavírus está tendo sobre comunidades indígenas vulneráveis na Amazônia brasileira.
“É muito preocupante que tantas crianças morram em menos de um mês”, disse Júnior Hekurari Yanomami, chefe do Condisi-YY, um conselho de saúde indígena.
As vítimas foram diagnosticadas por um agente de saúde local e cremadas seguindo a tradição Yanomami. Eles viviam nas comunidades remotas de Waphuta e Kataroa, perto da fronteira com a Venezuela, que só são acessíveis por avião.
Especialistas em saúde pública alertaram que o coronavírus pode causar estragos em grupos indígenas em uma região onde doenças infecciosas como sarampo, varíola e vírus da gripe dizimaram essas comunidades.
'Coronavírus poderia nos exterminar': indígenas sul-americanos bloqueiam vilas
A reserva indígena Yanomami é do tamanho de Portugal e um estudo recente mostrou que ela é particularmente vulnerável à propagação do vírus, devido à limitação de saúde e à dificuldade de logística. “A saúde dos Yanomami já caiu, não temos apoio do estado”, acrescentou Hekurari.
Os jovens parecem ser particularmente vulneráveis: das 32 Yanomami que já haviam sido confirmadas ou suspeitadas de mortes de Covid-19, sete vítimas tinham menos de dois anos.
Quatro outras pessoas tinham entre 12 e 20 anos, incluindo um menino de 15 anos que se tornou a primeira vítima indígena fatal em abril.
“As crianças Yanomami são claramente mais vulneráveis ao vírus, porque muitas sofrem de desnutrição e doenças como malária, e algumas áreas não têm profissionais de saúde”, disse Maurício Ye'kwana, diretor da Associação Yanomami Hutukara, falando pelo Whatsapp da comunidade de Auaris.
O vírus já atingiu todos os territórios indígenas do Brasil e causou mais de 47.000 casos e 900 mortes.
Na reserva Yanomami, mais de 1.600 pessoas tiveram resultado positivo, embora a antropóloga Ana Maria Machado, integrante da rede Yanomami e Ye'kwana, disse que as taxas de testagem são muito baixas: “Estimamos mais de 10.000 infecções, considerando que vivem em grandes casas coletivas, compartilham utensílios e não têm acesso a solução de limpeza com álcool ou sabão.”
Outras populações do mundo viram relativamente poucas mortes por Covid-19 entre crianças em comparação com outras faixas etárias. Mas especialistas no Brasil acreditam que o vírus tem um impacto muito mais agressivo nas crianças indígenas.
“A taxa de mortalidade de Covid é muito maior em indígenas menores de cinco anos do que na mesma faixa etária da população em geral”, disse o epidemiologista Andrey Cardoso, cuja equipe do instituto de pesquisa governamental Fiocruz publicará em breve um estudo sobre o assunto.
Em pesquisa anterior, Cardoso constatou que as crianças indígenas enfrentam piores condições sanitárias e de saúde, com alta prevalência de anemia, desnutrição, diarreia e baixa estatura.
A região amazônica está passando por um novo aumento alarmante de casos ligados a uma variante aparentemente mais contagiosa, que levou os serviços de emergência ao seu limite.
“Esta segunda onda é mais assustadora porque sabemos que uma mutação já está circulando no estado de Roraima”, disse Ye'kwana.
O Ministério da Saúde do Brasil disse na quinta-feira que enviou uma missão para investigar os casos no território Yanomami.
Mas os líderes indígenas e ativistas acusam o governo de negligenciar os 28.000 Yanomami e Ye'kwana, que dependem de menos de 200 profissionais de saúde ativos. Eles também alertaram sobre o aumento de garimpeiros pioneiros levando o vírus para comunidades isoladas durante a pandemia.
O afluxo de garimpeiros ilegais é um trauma de longa data para os Yanomami. A corrida do ouro que atingiu o pico no final da década de 1980 trouxe 40 mil garimpeiros , o que causou violência, desmatamento e surtos de doenças infecciosas.
As incursões voltaram a se intensificar em meio ao desmonte sistemático das políticas ambientais desde a posse de Jair Bolsonaro, em 2019. Nesta semana, o presidente do Brasil enviou ao Congresso uma lista de “projetos prioritários”, incluindo um que visa a abertura de territórios indígenas à mineração.
De acordo com dados coletados pela Amazônia Minada, projeto da InfoAmazonia, 142 pedidos de pesquisa e mineração dentro da reserva Yanomami estão ativos na agência de mineração do Brasil.
“Hoje, definitivamente, foi dos dias mais emocionantes da minha carreira.
A pedido do Padre Julio Renato Lancellotti e da Ju Hashi, eu advogo para o Henrique. Um morador de rua vítima da operação Cidade Linda, do Dória.
GCM's abordaram a barraca do Henrique e de um vizinho de barraca, para que saíssem de onde estavam. "Enfeiavam" área nobre da cidade, ao lado da rua Avanhadava.
Vendo o amigo apanhar dos GCMs, Henrique resolveu dar um chute na viatura para atrair a atenção dos GCMs para si mesmo. A estratégia deu certo - ele protegeu o amigo - mas foi preso em flagrante. Ficou preso por mais de duas semanas, porque não tinha dinheiro (evidentemente) para pagar a fiança estipulada em um salário mínimo e meio.
Acabou condenado por dano qualificado, a 7 meses de prisão em regime semiaberto.
Apelei da condenação, e hoje sustentei oralmente a absolvição de Henrique. Declamei da tribuna "os ninguéns", de Galeano, abordei a situação do povo em situação de rua, de como seu barraco é sua casa e seu domicílio, do absurdo do processo em si. E dei motivos jurídicos para sua absolvição (ausência de laudo, princípio da insignificância e legítima defesa de terceiros).
Depois sustentou oralmente o Procurador de Justiça Maurício Ribeiro Lopes. Magistral.
Se disse envergonhado, enquanto membro do Ministério Público, pela "estupidez" que fizeram com dois moradores de rua. Ficou indignado por haver processo contra os dois moradores de rua, mas nenhum processo pela omissão do município, do estado e da União pela falta de políticas mínimas que assegurem a dignidade dessas pessoas.
Disse que os fundamentos jurídicos, todos, eu já tinha dado. Mas que era preciso mais. Era preciso que o Tribunal desse um voto paradigmático, dizendo inaceitável a criminalização da miséria. Segundo o Procurador, um certo capitão Jair tem dito que não há fome. Que não há desemprego. Que não há recessão. Como se as palavras pudessem apagar o que o povo vive e sofre.
Terminou citando outra passagem de Galeano, sobre os abraços, ao nascermos e morrermos, que estão nas pontas de nossas vidas. E pediu não uma absolvição qualquer. Mas uma absolvição calcada nos ideais de justiça que um dia trouxeram ele, e os desembargadores, a atuarem no direito e na justiça .
Com os olhos cheios de lágrimas e a voz embargada, o Procurador clamou para que os Desembargadores lembrassem sobre o que os levou ao Direito, o que os levou à Justiça, e que a sentença absolutória estivesse calcada ali.
Agradeceu, e terminou dizendo: "Obrigado. E não me desculpem por isso" (por ter chorado enquanto sustentava).
O Desembargador relator retirou o caso de pauta. Vai reavaliar. Suspenso o julgamento, o Procurador (que não é meu amigo, apenas o conheço dos tribunais) levantou-se e veio até mim com os braços abertos.
Abraçamo-nos fortemente, na frente de todos. Coração com coração. Os olhos dos dois marejados e muito emocionados.
Ficamos, juntos, esperançosos numa estrondosa absolvição.
Dias como hoje me devolvem um pouquinho a esperança e a fé que busco ter no sistema. Mesmo que ultimamente esteja bem difícil manter a fé nas instituições.
Um autor italiano já escreveu que 'para encontrar a justiça, é necessário ser-lhe fiel. Ela, como todas as divindades, só se manifesta a quem nela crê'
Hoje, creio um pouco mais do que ontem.”
Marcelo Feller
País arruinado. Mas não tem problema, a direita mais autoritária, mais ignorante, burra mesmo, mais fundamentalista, mais corrupta e mais antissocial do mundo está no poder. É o que importa.
Afundamos em um genocídio macroeconômico como política de governo inconsequente e sádico.
Companheiros e amigos,, acabo de lançar o artigo que considero o mais importante de quantos já escrevi na vida, pois estamos numa hora da verdade para a esquerda brasileira: ou redescobre sua alma e sua combatividade, assumindo firmemente a luta pelo afastamento imediato do genocida, ou se converte em mais um amontoado de partidinhos fisiológicos priorizando acima de tudo as inócuas eleições da democracia burguesa, cujos resultados o poder econômico respeita quando quer (e detona quando bem entende, virando a mesa como em 1964 e 2016).
Lula tudo faz para tanger-nos à acomodação com o palhaço assassino, deixando-o dar sequência ao extermínio de brasileiros (agora pela pandemia, logo depois pela miséria agravada por uma depressão econômica que se prenuncia como a pior que o Brasil já terá enfrentado) até 1º de janeiro de 2023, se ainda sobrar quem e o que exterminar.
Agora, Lula anunciou que incumbiu Fernando Haddad de percorrer o Brasil trombeteando a candidatura petista à eleição presidencial de 2022, já designado como estepe do dono do partido, se este for novamente impedido de disputar o pleito pela Justiça Eleitoral.
Ou seja, quer que a esquerda jogue no lixo o ano em que o serial killer está mais vulnerabilizado e a chance de derrubá-lo é imensa. Contribui, assim, para desnortear os explorados, que jamais obtiveram melhora consistente e permanente a partir de êxitos obtidos no jogo de cartas marcadas da democracia burguesa, quanto muito recebendo algumas migalhas a mais da mesa dos poderosos, que em seguida são tomadas de volta, como estamos constatando desde 2016.
Chega de anestesiar-nos com ilusões eleitorais! As únicas conquistas que podem tirar-nos do inferno atual são as que arrancarmos nas ruas! Delas nunca deveríamos ter saído e a elas temos de voltar com toda a força que nos resta, depois de tantas desilusões!
Isto é o que eu expressei no artigo Será Lula o pétain brasileiro? (cujo link está aqui). Peço a todos os que me ajudem a divulgá-lo, pois é muito desigual esta guerra em duas frentes contra o capitalismo e contra os que deveriam estar combatendo-o, mas acabam lhe servindo de forças auxiliares, causando divisionismo e confusão no nosso campo.
A LUTA CONTINUA! (Celso Lungaretti, jornalista, escritor e ex-preso político com lesão permanente sofrida nos porões da ditadura militar).
Ele tá apagando as fotos dele nas redes sociais com a cloroquina, então parem de postar as fotos com cloroquina, ele tá ficando nervoso!!
o print é eterno!
Na espera do comportamento de Carmem Lúcia e similares do STF hoje, 09/02/2021:
Venena non dantur nisi melle circumlita et vitia non decipiunt nisi sub specie virtutum (Jerônimo, Epistulae 4, 105). A frase foi retomada por Gabriel Naudé (Apologie pour les grands hommes soupçonnez de magie). Ela vale para a dissimulação política, religiosa, ideológica. O veneno nunca deve ser dado a não ser com uma camada de mel, o vício só engana quando tem aparência de virtude.
Entre o pensamento cru e o ponderado.
garotas da periferia amplificado no BBB.
Eu ia dizer que não assisto. Já disse. Sou claustrofóbica. E também assisti a reunião de departamento durante 34 anos. Já tive meu bbb.
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Por que amamos odiar?
Da Ivana Bentes
Impressionante o que está acontecendo no #bbb21. O Lucas Penteado, o ator, rapper, negro, abandona o BBB colocando a única questão que vale a pena colocar diante de um programa cuja estrutura é a do “zoológico humano”, que cria um ambiente de confinamento artificial e pressão psicológica onde as pessoas expõem o pior de si!
Por que esse programa existe e é celebrado e desejado? Qual a sociedade e os espectadores que querem participar na zona de conforto das suas casas como os juízes do mundo?
Por que amamos odiar? Paredão, eliminar, imunizar, matar simbolicamente, e escolher sobreviventes vencedores que passaram por todas as humilhações é a estrutura que nos adestra e naturaliza o darwinismo social. Vença o mais hábil!
Em um momento em que nós estamos confinados por uma pandemia, e milhares de pessoas estão em suas casas também sofrendo pressão, assédio, bullying, o #BBB21 virou um espelho amplificado de tudo o que a sociedade tem de pior: a ideia do jogo de sobrevivência e de rivalidade dos mais fortes, dos mais articulados, dos mais capazes de “jogar” com domínio das narrativas.
São muitas situações e vale analisar com mais cuidado para além dessa histeria canceladora das pessoas.
O problema não é a Karol Conká e nem o Lucas: é o que o programa exige! Narrativas de superioridade moral, autoestima avassaladora, produção de rivalidade, exigência de ultra performance sob pressão absurdas para vencer no jogo da casa e no jogo social.
O Lucas e a Karol Conká são artistas incríveis e pessoas com personalidades complexas, com defeitos, loucuras, todas tratáveis e não caricaturas.
No BBB viram caricaturas e são reduzidas a tipos! O BBB é pedagógico!
Mas acredito que no futuro um reality show que permite humilhação, coloca as pessoas em risco de saúde mental, observa sem intervir em situações de bullying e opressão em nome do “show tem que continuar“, audiência e publicidade poderão ser banidas e execradas. Não as pessoas! Mas o dispositivo!
Existe hoje uma indústria do ódio (o negócio da polarização política, das fake news , do cancelamento midiativo, etc). Onde estão os jogos de empatia? Os jogos de formação política, os jogos de solidariedade, etc?
Os jogos romanos com gladiadores e animais também foram um espetáculo e entretenimento popular, desejado e festejado na Roma antiga.
Podiam ser usados como uma forma de execução pública para criminosos condenados, que eram levados para a arena para serem crucificados, queimados vivos, mortos a espada, ou mortos por animais selvagens.
Cada penalidade era diferenciada de acordo com a posição e a classe social do criminoso.
O garoto Lucas ao desistir de ganhar um milhão, ao desistir do BBB depois de assumir que é bissexual e ser zoado, depois de ter sido identificado como o “garoto problema”, o que não segura a onda com álcool, o que não sabe se portar e perde a linha etc etc etc.
O garoto da perifa que não domina os códigos, fez o que milhares de garotos performam na vida: são levados a desistir, pode ser desistir da família, desistir da escola, desistir de um emprego ou do maior programa de entretenimento do Brasil e de um milhão.
Mas sua saída e desistência não são um problema “seu”, colocam em xeque o sistema todo! Uma empresa ética talvez acabasse com o BBB nessa saída ou na sua atual forma!
Viva os que tem coragem de sair dos sistemas! Nós espectadores ainda não estamos nesse patamar a que Lucas chegou de desconstrução!
Lucas deu um foda-se para o BBB, para seus anunciantes, para a sociedade dos juízes do mundo e para todos nós!
Só quem já perdeu tudo na vida e não tem mais nada a perder tem essa coragem e liberdade! #bbb21
P.S. E a gente confinado em outro BBB com um personagem genocida destruindo a casa, uma mulher suspeita de matar o marido na Câmara dos Deputados, escroques mil tomando conta do Estado. Vamos direcionar nosso ódio e fúria, essa energia julgadora é impressionante, para quem está destruindo o Brasil.
Um belo carisma abafado por cinzas
Faustino Teixeira
PPCIR/ Paz é Bem / IHU
Há coisas lindas e belas na historia da igreja, que animam nossa esperança. Mas igualmente facetas que surgem de dimensões torvas que habitam todo ser humano e suas instituições marcadas por ambiguidades.
O teólogo dominicano, Christian Duquoc, fala num de seus preciosos livros, “Credo la Chiesa”, que ao longo da história da igreja, a defesa da verdade doutrinária, veio acompanhada de muita violência.
Nós leigos temos um papel importante em manter aceso o evangelho sob as cinzas da dureza institucional, que é surda e tem seus lobbies de apoio.
O que ocorreu em Juiz de Fora em 1984 com o Carmelo do Sagrado
Coração de Jesus foi a expressão do que se irradia clandestinamente no mundo dos "lobos" que querem abafar o carisma evangélico e profético. A atuação de dom Juvenal Roriz em Juiz de Fora foi sórdida e cruel, sem diálogo algum...Tudo articulado com o código de direito canônico, para defender a ideia de que o mosteiro pertencia à diocese. O bispo não queria apenas o patrimônio, mas barrar todo o processo transformador em em curso e buscou, em Roma, as articulações sombrias com o cardeal Pirônio, prefeito da congregação para os religiosos.
Os leigos da cidade reagiram como devem fazer os que se deixam hospedar pelo evangelho da vida e da alegria. Mas não deixa de me espantar o silêncio da cidade diante de tamanha crueldade...
Ainda somos subservientes às autoridades eclesiásticas, movidas muitas vezes por equivocadas ideias de serviço, sufocado pela vontade de poder e pela lógica de uma identidade que exclui.
Fico orgulhoso de ver entre os leigos que resistiram à expulsão do Carmelo meu pai, Mozart Teixeira, e outros profetas do evangelho como Leda e Marília Schimdt, Teresinha Barbosa, Berenice Assis, Itamar Bonfatti.
Os leigos, diante do visitador apostólico, convocado para sancionar o ato final de apagão da comunidade, fizeram de tudo para defender o espírito da causa. Meu pai, com sua iracúndia sagrada, acionou o evangelho para dizer que a luta pela causa do reino é o que há de fundamental.
Pedro Casaldaliga e Tomás Balduino entraram na luta em favor do Carmelo, sem sucesso, e também dom Vital, bispo de Itaguaí. A ideia de um Carmelo leve e transparente ficou obstruída. Em consequência, veio a morte da superiora, Madre Teresa, a fundadora do Carmelo, que não deu conta de enfrentar essa luta desigual. Morreu de angústia. Suas últimas palavras foram: A igreja, minha mãe e minha cruz”. Na época, disseram dom Tomás e dom Pedro: “Pelo martírio branco, madre Teresa é mártir da libertação". Na mesma ocasião, frei Alano, que sempre foi muito sereno e calmo, assim se expressou:
"Diante de uma injustiça tamanha de um ‘pastor’ que não conhece suas ovelhas, olhando a pureza dessas irmãs de profunda espiritualidade, sinto uma indignação que me impõe o dever de defendê-las”.
O sonho de um Carmelo leve, delicado, profético e acolhedor segue hoje com dificuldade mas muita disposição em terras da Paraíba. Como diz Guimarães Rosa no Grande Sertão: Veredas, a gente cai, mas a gente levanta, com coragem, fé e esperança. Temos que saber montar em cavalo que nos leva para o rumo da alegria. Como diz papa Francisco em sua última,a encíclica, Fratelli Tutti, ninguém se salva sozinho, mas só comunitariamente. Essa é a esperança que nos move e aquece o nosso coração em favor de um novo rosto de igreja, em conformidade com o sonho fraterno de Jesus.
“Eu não estou de acordo com várias coisas do texto-base, mas a CF é importante e o Cristo é nossa paz. A nossa fé é social porque ela se expressa na caridade. Vamos baixar o tom da polêmica....” (resumo da fala de Dom Odilo).
Estávamos tentando responder ao vídeo do Centro Dom Bosco. Aparece agora este do bispo de Formosa, GO, ainda mais arrogante e problemático.
No zap dos Padres contra o Fascismo alguém disse que o problema é que este bispo não conhece bem o Direito Canônico e os ensinamentos sociais da Igreja. Respondi que ele conhece sim e seleciona o que lhe convém ao modelo de Igreja que pretende retomar uma neocristandade baseada no poder e no velho papel da religião na sociedade.
Alguém poderia retrucar: O que ele não conhece é o evangelho de Jesus. Mas, poderíamos responder a mesma coisa: ele conhece sim e o interpreta a partir do seu olhar, da sua sensibilidade e de seus interesses clericais.
Falando com catequistas italianos, o papa Francisco perdeu a paciência e argumentou que quem não aceita o Concílio não é católico. Um irmão ponderou que gostaria que, uma vez, o papa dissesse isso não só aos catequistas italianos, mas ao arcebispo do Rio e às vezes à própria CNBB.
Mas, se entrarmos neste caminho, temo que não será fácil escaparmos deste mesmo velho modelo autoritário que, justamente, queremos superar.
Hoje, retomamos a responsabilidade de uma fé que não se justifique mais a partir da autoridade e sim por razões e a partir de dentro (1 Pedro 3, 15).
Se voltamos ao argumento de autoridade, facilmente mantemos ainda a separação Igreja clero e Igreja povo de Deus que justamente tentamos superar. Será que o sensus fidei do povo de Deus poderá nos ajudar? Se sim, a nossa argumentação terá de ser outra.
Relendo agora no evangelho de Marcos para o curso que estou dando nas quartas à noite no Canal Paz e Bem, releio a luta de Jesus que foi em primeiro lugar contra escribas, fariseus e sacerdotes da sua religião. Será que, de certa forma, atualmente, não estamos nos defrontando com o mesmo desafio: testemunhar um rosto de Deus que quem vai primeiramente contestar é a própria religião do templo e os funcionários que vivem social e economicamente deste sistema?
Eles não poderão coerentemente aceitar essa proposta de metanoia no próprio coração da fé (descolonizar Deus, descolonizar a espiritualidade e descolonizar seu próprio ministério de uma função hierárquica e religiosa para uma função profética e sem mais poder).
Penso que o que nos cabe é seguir nossa missão, possibilitar que as pessoas do povo envolvidas neste tipo de propaganda religiosa opressiva escutem o evangelho da libertação e seguir em frente neste mundo pluralista, tendo mais claro de que lado nós mesmos estamos e que tipo de fala aceitamos eticamente propor e viver.
Deus abençoe vocês e obrigado por estarmos juntos neste caminho.
"A instalação de pedras não impede o descarte de lixo. Se a intenção fosse essa, que fizessem um Ecoponto então, e não deixar com esse aspecto de campo de concentração de Auschwitz", apontou ele. "Olha essa operação de guerra com 30 funcionários, dois tratores, cinco caminhões, técnicos e supervisores para desfazer o erro que fizeram em uma cidade cheia de problemas", disse o padre Lancelotti.
Acordei hoje com provocações teológicas. Lembro-me que na década de 1970, tínhamos celebrações leigas nas casas de amigos no Rio. Era a época em que tinha saído o livro de Edward Schilebeeckx sobre os ministérios. Perguntei então na ocasião ao pe. Jaime Snoek se fazíamos a ceia do Senhor. Ele com tranquilidade cristalina disse sim. Estando esses dias com a mamãe acamada, com 103 que assistia uma missa na TV, falei para ela que deveria comungar com um pedacinho de pão na hora da comunhão. E dizia com tranquilidade, que aquele pãozinho estaria também consagrado. É o que penso com a minha teologia hoje. Não há sentido em pensar que só a hóstia do celebrante é a consagrada, mas todas as outras também são. Com a idade temos o direito de ampliar nosso olhar.
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